O recém-eleito presidente “socialista” (PS) da França,
François Hollande, afirmou na última terça-feira, (29), que “não há solução
possível na Síria sem a saída de seu presidente Bashar al Assad” (Folha de
S.Paulo, 1/6). Exige, ao mesmo tempo, que a ONU deve endurecer em relação ao regime
nacionalista sírio, impondo duras e draconianas sanções. E vai mais além nas
palavras e atos: “a intervenção armada não está excluída, desde que seja feita
por uma decisão do Conselho de Segurança” (Actualidad, 29/5). Evidentemente,
que não se trata de uma simples “saída”, mas sim que Assad seja deposto tal
como Kadaffi através de uma intervenção militar direta na Síria. O ministro das
relações exteriores, Laurent Fabius, reforça esta política quanto à situação do
governo sírio: “demonstra mais uma vez o isolamento do regime de Damasco, ao
que ninguém mais pode apoiar a barbárie” (Folha de S.Paulo, 1/6). A pronta
resposta do governo dos “socialistas” franceses vem confirmar nossos ácidos
prognósticos, que Hollande e seu staff foi escolhido pelo imperialismo europeu
para melhor aplicar os planos de ajustes do FMI contra o proletariado francês e
dar continuidade a ofensiva do governo Sarkozy.
A situação tem se agravado após o mega-atentado de
Husla, na verdade uma orquestração terrorista do imperialismo ianque e europeu
para culpabilizar o governo Assad pelo massacre de... sua própria população (!)
e isolá-lo perante as demais nações. A destituição de Assad equivale à
destruição do país em nome da cínica defesa dos “direitos humanos”, cujo
objetivo da OTAN seria criar um corredor na Síria e Líbano para um futuro
ataque ao Irã. E é este o papel que vem cumprindo o “novo” governo da França
que, aliás, foi vergonhosamente apoiado por todo arco do revisionismo
trotsquista. Ou seja, Hollande “não deve ter tido em mente apenas o governo da
Síria... Suas palavras servem também de apelo à comunidade de países ocidentais
e aos governos das nações que tem apoiado a Síria até agora” (Terra Notícias,
31/5), mais especificamente em relação à Rússia e China.
O imperialismo francês nada mais faz do que seguir as
ordens da Secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton nas entranhas da
chamada “revolução árabe”: “Devemos trabalhar em conjunto para isolar mais
ainda o regime, cortar-lhe o financiamento e a capacidade de mover uma guerra
contra o seu próprio povo” (France Press, 30/5), anunciando uma crônica já
vista antes, a de um banho de sangue do povo sírio pelas mãos criminosas da
OTAN e da UE. Hollande confirma plenamente esta orientação: “Não posso
permanecer sem reação perante o que está ocorrendo na Síria, e nós
coordenaremos nossas ações de acordo com nossos colegas europeus” (France 2,
28/5). A crise capitalista exige o retorno da velha social democracia nos
países chaves da Europa como França, Inglaterra e Alemanha substituindo os já
desgastados governos da “direita” conservadora.
A defesa da agressão militar da OTAN contra a Síria pelo
PS é a expressão do verdadeiro papel que cumpre os “socialistas” no velho
mundo. Não por acaso, Hollande foi apoiado no segundo turno das eleições
presidenciais por grande parte das correntes pseudotrotskistas que aplaudem a
fantasiosa “revolução árabe”. Contra a nefasta política do imperialismo francês,
o proletariado mundial deve-se levantar em luta para barrar mais essa investida
colonialista, postando-se pela defesa da nação síria contra os ataques das
grandes potências capitalistas a um país semicolonial.