PETROBRAS reconhece na prática a falácia do embuste do “pré-sal”
Anunciado em 2009 como a “salvação da lavoura” para o país, o pré-sal, petróleo descoberto em solos marítimos profundos, já se revela o maior embuste produzido pelo governo da frente popular. É a própria PETROBRAS que agora se vê forçada a reconhecer o tamanho do engodo que, desgraçadamente, foi acompanhado pela esquerda revisionista, diante do fiasco dos primeiros resultados obtidos. Foi a atual presidente da estatal, Maria das Graças Foster, quem anunciou nesta última segunda-feira (25/06) o plano de negócios da PETROBRAS para o período 2012-2016, que projeta uma redução de um milhão de barris diários de petróleo a menos na nova escala de produção da companhia. A notícia dada pela PETROBRAS não pode ser considerada propriamente uma novidade, a não ser para os incautos que acreditaram no “conto do pré sal”, no ano passado a OPEP divulgou seu relatório onde colocava o Brasil na quadragésima posição na extração Mundial de óleo cru, muito distante da falácia da “nova potência petrolífera” alardeada pelo governo Lula. Mas o fracassado “plano quinquenal de negócios” não se resumiu apenas a constatar a involução da PETROBRAS na área da exploração do óleo, no que tange a construção das novas refinarias a “tragédia” é bem maior. Das quatro novas refinarias planejadas, Rio, Pernambuco, Ceará e Maranhão, nenhuma deverá ficar pronta antes de 2018... na melhor das hipóteses. Registre-se que a maior refinaria em operação no país, Duque de Caxias, foi inaugurada em 1961 e sequer tem capacidade de processar o petróleo pesado de nossas plataformas marítimas. A “jóia da coroa” das novas refinarias projetadas, a Abreu Lima de Pernambuco, deveria ter sido entregue no final do ano passado, acontece que a empreitada em conjunto com a PDVSA ainda não saiu das obras de alicerce. A estatal venezuelana não aportou com sua parte, apesar das promessas de Hugo Chávez, e por sua parte a PETROBRAS afirma que não tem recursos para bancar sozinha o que seria a mais moderna refinaria da América do Sul. O complexo petroquímico do interior fluminense, COMPERJ, maior projeto solo da PETROBRAS, que inicialmente incluiria a construção de duas refinarias está quase parado e praticamente já cancelada a segunda refinaria. Quanto às duas refinarias “Premium” no Maranhão e Ceará, nem saíram do papel...
O reconhecimento explícito do fracasso do “pré-sal”, veio acompanhado de uma retração nos investimentos da PETROBRAS, da ordem de 15 bilhões de dólares, a estatal responsabiliza a suposta defasagem tarifária do preço da gasolina vendida em território nacional. Seria cômico se não fosse trágico afirmar que o “rombo” da PETROBRAS é produto do preço da gasolina brasileira, uma das mais caras do mundo! Para compensar seus “prejuízos” que, na verdade, são fruto de caros e equivocados investimentos na “canoa furada” do pré-sal, o governo Dilma autorizou um reajuste no preço do diesel e gasolina que ainda não será repassado ao consumidor, porque o governo decidiu abrir mão do imposto da SID. Como os sócios privados internacionais da PETROBRAS obviamente não estão dispostos a arcar com a farra populista do pré-sal, ficou a cargo do “caixa da viúva”, ou seja, o Tesouro Nacional assumir o custo total do embuste criado pela frente popular.
A autossuficiência brasileira do petróleo, declarada na década passada, não passa de uma abstração matemática com objetivo de “facilitar” a parceria da PETROBRAS com empresas transnacionais. Na verdade, o Brasil é absolutamente dependente dos todos os derivados do petróleo, incluindo a gasolina e diesel, já que não dispõe de capacidade de refino de seu próprio petróleo, de características pesadas e de baixo valor no mercado de commodities. Exportando petróleo “bruto e grosso” e importando gasolina, querosene de aviação e diesel o país cria um imenso déficit comercial, do qual o pré-sal é somente mais um elemento deste processo de dependência. O marco regulatório constitucional que quebrou o monopólio estatal da extração do petróleo, e que impõe a PETROBRAS investir em refinarias de países imperialistas, foi mantido intacto pelo governo Lula, sendo a fonte originária do esgotamento do projeto energético nacional, com ou sem pré-sal.
A produção de combustíveis mais “limpos”, como o biodiesel e o etanol da cana de açúcar, foi colocado de lado pelo governo da frente popular em nome dos pesados investimentos do pré-sal. A burguesia brasileira logo se entusiasmou com a possibilidade de celebrar os acordos de exploração do óleo com os grandes trustes ianques que dominam o setor. O preço do etanol nas bombas dos postos de abastecimento inviabilizou seu consumo, ficando a manutenção da produção apenas para servir os usineiros que se beneficiam dos subsídios estatais do “pró-álcool”. Por outro lado, os investimentos públicos no transporte de massas ficam “congelados”, para privilegiar as montadoras e bancos, iludindo a população com o financiamento do sonho do “carro novo”, isto sem falar na renúncia fiscal do estado.
Os trabalhadores devem ter claro que nenhum projeto megalomaníaco, baseado em “parceria” com as transnacionais imperialistas e picaretas tupiniquins do quilate de um Eike Batista, poderá conter algum conteúdo realmente nacionalista. O pré-sal não passa de mais uma manobra distracionista da frente popular, para encobrir sua subordinação ao consenso de Washington. Somente a nacionalização plena de nossas reservas naturais e energéticas poderá garantir nossa real independência dos grupos econômicos imperialistas que controlam militarmente os recursos energéticos do planeta. Mas nenhum governo da centro -esquerda burguesa é capaz de potenciar esta tarefa histórica, nem mesmo a “gerência radicalizada” de Chávez se mostrou resolvido em romper a “parceria” com a Texas Company. O combate do proletariado por um autêntico governo operário e camponês mantém toda sua vigência histórica, como única senda para romper definitivamente os laços de subordinação ao imperialismo.