“Sinais da crise”: violento ataque aos mineiros em greve na Espanha é a marca do governo fascistizante de Rajoy
Milhares de mineiros espanhóis, em greve contra a
redução nos recursos para o setor do carvão, que foram cortados em 64% pelo
governo Rajoy, bloquearam estradas e queimaram pneus nos últimos dias, sendo
brutalmente reprimidos pela polícia da gestão fascistizante do PP, que recorreu a bombas de gás lacrimogêneo e blindados (assista o vídeo). As manifestações
começaram na semana passada e desembocaram numa greve de quatro dias. Este mês,
os recursos para a mineração foram cortados de 300 milhões de euros para 110
milhões, sob a argumentação de que é preciso reduzir o déficit. Trata-se da luta
direta contra os efeitos da crise capitalista no velho mundo. Como já tínhamos
apontado anteriormente, Zapatero pavimentou, com a adoção de uma série de
medidas antioperárias, a vitória do PP, que está terminando o trabalho “sujo”
deixado pelo PSOE. O retorno do franquismo à chefia do governo espanhol não é
uma simples questão do jogo “do perde ganha eleitoral” da “democracia”
parlamentar, como poderia ser interpretado com a recente ascensão do PS na
França e a derrota do direitista Sarkozy. É emblemático para a classe operária
europeia, e também mundial, o significado do triunfo da direita fascista na
Espanha, usando métodos de guerra civil contra os mineiros em greve, justamente
em um período de profunda crise capitalista como a que atravessamos neste momento
histórico de brutal ofensiva imperialista. Começam a soprar os ventos da
reação, sobre o proletariado espanhol carente de uma perspectiva revolucionária
e refém de alternativas pequeno-burguesas, como o 15-M.
Os partidos da direita europeia, como o PP, que
abrigam alas neofascistas em seu interior, têm pavimentado um forte crescimento
político diante da crise econômica capitalista e a falência do chamado “estado
de bem estar social”, modelo clássico da social-democracia. O crescimento desta
direita, que extrapola um mero alargamento em seu peso parlamentar, tem suas
raízes mais profundas nas derrotas consecutivas do movimento operário e na
ausência de uma perspectiva revolucionária em seu conjunto. Como a própria
ascensão de Hitler foi precedida de uma série de derrotas do proletariado
europeu, a atual onda social de xenofobia é calcada no retrocesso na
consciência dos trabalhadores e na ausência de um partido genuinamente
comunista para enfrentar o fascismo com os próprios métodos da classe operária,
bem mais além de uma disputa eleitoral. Os atentados monstruosos de Oslo se
inserem nesta dinâmica política, ao contrário do que afirma a delirante
esquerda revisionista que insiste em “abstrair” sinais revolucionários destes
acontecimentos.
Longe de preparar a classe operária para embates
“cruentos” com o fascismo, estes oportunistas, como a LIT e o PO argentino,
semeiam a ilusão de uma “crise revolucionária” dobrando a esquina, apostando
suas fichas na corrida eleitoral mais próxima. A tarefa vigente que se impõe
neste período contrarrevolucionário, após a destruição dos Estados operários do
Leste europeu e ofensiva imperialista em toda linha, é a da construção da
Frente Única Operária, como nos ensinou Trotsky em situações similares.
Compreendendo politicamente esta frente única com partidos e organizações
verdadeiramente proletárias, que hoje nada tem a ver com os partidos
“socialistas” europeus (no governo ou na oposição) que se converteram a súditos
do capital financeiro ou as “alternativas” surgidas de suas entranhas, como o “governo
de esquerda” que os pseudotrotskistas clamam para ser concretizado na Grécia
encabeçado pela SYRIZA.
Insistimos uma vez mais que durante o ápice do crash
capitalista mundial de setembro de 2008, quando o conjunto da esquerda
revisionista alardeava que o “fim do capitalismo” estava próximo, alertamos
justamente o contrário, ou seja, que devido à ausência de direção
revolucionária com peso de massas e o quadro de ofensiva ideológica imposto
pelo grande capital desde a queda da URSS, a tendência era não só que a
burguesia utilizasse a crise econômica para incrementar sua investida contra as
conquistas operárias em todo o planeta, mas que esta situação abriria uma etapa
política de ascensão de governos de direita ou extrema-direita nos países mais
castigados pela débâcle financeira, como o crescimento de grupos fascistas e
neonazistas. Hoje, a situação na Espanha confirma dramaticamente nossos
prognósticos.