sexta-feira, 1 de junho de 2012


“Sinais da crise”: violento ataque aos mineiros em greve na Espanha é a marca do governo fascistizante de Rajoy

Milhares de mineiros espanhóis, em greve contra a redução nos recursos para o setor do carvão, que foram cortados em 64% pelo governo Rajoy, bloquearam estradas e queimaram pneus nos últimos dias, sendo brutalmente reprimidos pela polícia da gestão fascistizante do PP, que recorreu a bombas de gás lacrimogêneo e blindados (assista o vídeo). As manifestações começaram na semana passada e desembocaram numa greve de quatro dias. Este mês, os recursos para a mineração foram cortados de 300 milhões de euros para 110 milhões, sob a argumentação de que é preciso reduzir o déficit. Trata-se da luta direta contra os efeitos da crise capitalista no velho mundo. Como já tínhamos apontado anteriormente, Zapatero pavimentou, com a adoção de uma série de medidas antioperárias, a vitória do PP, que está terminando o trabalho “sujo” deixado pelo PSOE. O retorno do franquismo à chefia do governo espanhol não é uma simples questão do jogo “do perde ganha eleitoral” da “democracia” parlamentar, como poderia ser interpretado com a recente ascensão do PS na França e a derrota do direitista Sarkozy. É emblemático para a classe operária europeia, e também mundial, o significado do triunfo da direita fascista na Espanha, usando métodos de guerra civil contra os mineiros em greve, justamente em um período de profunda crise capitalista como a que atravessamos neste momento histórico de brutal ofensiva imperialista. Começam a soprar os ventos da reação, sobre o proletariado espanhol carente de uma perspectiva revolucionária e refém de alternativas pequeno-burguesas, como o 15-M.

Os partidos da direita europeia, como o PP, que abrigam alas neofascistas em seu interior, têm pavimentado um forte crescimento político diante da crise econômica capitalista e a falência do chamado “estado de bem estar social”, modelo clássico da social-democracia. O crescimento desta direita, que extrapola um mero alargamento em seu peso parlamentar, tem suas raízes mais profundas nas derrotas consecutivas do movimento operário e na ausência de uma perspectiva revolucionária em seu conjunto. Como a própria ascensão de Hitler foi precedida de uma série de derrotas do proletariado europeu, a atual onda social de xenofobia é calcada no retrocesso na consciência dos trabalhadores e na ausência de um partido genuinamente comunista para enfrentar o fascismo com os próprios métodos da classe operária, bem mais além de uma disputa eleitoral. Os atentados monstruosos de Oslo se inserem nesta dinâmica política, ao contrário do que afirma a delirante esquerda revisionista que insiste em “abstrair” sinais revolucionários destes acontecimentos.

Longe de preparar a classe operária para embates “cruentos” com o fascismo, estes oportunistas, como a LIT e o PO argentino, semeiam a ilusão de uma “crise revolucionária” dobrando a esquina, apostando suas fichas na corrida eleitoral mais próxima. A tarefa vigente que se impõe neste período contrarrevolucionário, após a destruição dos Estados operários do Leste europeu e ofensiva imperialista em toda linha, é a da construção da Frente Única Operária, como nos ensinou Trotsky em situações similares. Compreendendo politicamente esta frente única com partidos e organizações verdadeiramente proletárias, que hoje nada tem a ver com os partidos “socialistas” europeus (no governo ou na oposição) que se converteram a súditos do capital financeiro ou as “alternativas” surgidas de suas entranhas, como o “governo de esquerda” que os pseudotrotskistas clamam para ser concretizado na Grécia encabeçado pela SYRIZA.

Insistimos uma vez mais que durante o ápice do crash capitalista mundial de setembro de 2008, quando o conjunto da esquerda revisionista alardeava que o “fim do capitalismo” estava próximo, alertamos justamente o contrário, ou seja, que devido à ausência de direção revolucionária com peso de massas e o quadro de ofensiva ideológica imposto pelo grande capital desde a queda da URSS, a tendência era não só que a burguesia utilizasse a crise econômica para incrementar sua investida contra as conquistas operárias em todo o planeta, mas que esta situação abriria uma etapa política de ascensão de governos de direita ou extrema-direita nos países mais castigados pela débâcle financeira, como o crescimento de grupos fascistas e neonazistas. Hoje, a situação na Espanha confirma dramaticamente nossos prognósticos.