A CPI do esquema Cachoeira ouviu nesta terça (12/06),
na condição de convidado, o governador tucano de Goiás Marconi Perillo. Foram
mais de oito horas de depoimento concentrados nas explicações do governador
sobre a venda de sua residência pessoal em Goiânia para “laranjas” do bicheiro
biliardário. Marconi confessou seu “erro” em não ter maiores critérios para
aferir os “pagantes” que supostamente adquiriram seu imóvel. “Eu recebi três
cheques pré-datados. E já me arrependi de não ter visto de quem era o cheque”, afirmou
o “ingênuo” governador, que somente por gentileza telefonou para Cachoeira no
dia de seu aniversário. Mas, quando tudo indicava para um “linchamento”
político do tucano na CPI, por parte da bancada de apoio ao governo Dilma,
acontece a blindagem e a amnésia coletiva sobre os negócios da megaempreitera
Delta. O salvo conduto dado pela base aliada a Perillo tem a contrapartida no
depoimento que o governador Petista do DF, Agnelo Queiroz, fará na quarta (13/06)
a esta mesma CPI de “mentirinha”. Este instrumento institucional cujo único
objetivo é desviar o justo ódio das massas com a decomposição moral do Estado
burguês para o pântano parlamentar, ainda é legitimado por todos os naipes de
oportunistas de esquerda, “focados” nas eleições de outubro próximo.
Se realmente a ala de Lula, Genuíno e Dirceu esperavam
obter alguma revanche ou mesmo moeda de barganha nesta CPI, estão completamente
“ferrados”. Ao contrário, a CPI do Cachoeira apenas serviu para acelerar o
julgamento dos mensaleiros no STF, e com direito a uma condenação prévia, após
o trucidamento público de Lula feito pelo bandido Gilmar Mendes. Pelo que os
fatos políticos dos bastidores revelaram, o meliante ex-presidente da corte
suprema obteve o sinal verde do planalto para enxovalhar a liderança de um
debilitado Lula. A manobra do governo Dilma não passou despercebida e agora é o
próprio FHC que aconselha a presidenta a ter cuidado com o “troco” do atual “sapo
sem barba”.
Os desdobramentos das “investigações” da natimorta CPI
sobre o que realmente é o centro dos negócios de Cachoeira, não as migalhas dos
caças-níqueis, são absolutamente nulos. Obviamente, as transações estatais do
esquema Cachoeira eram centralizadas pela empreiteira carioca, formalmente sob
controle da família Cavendish. Assim como a CPI deve finalizar seus “trabalhos”
incólumemente, também a Delta foi “decretada encerrada” pelo governo Dilma,
após a tentativa de vende-la a um grande grupo econômico “amigo”. Como acontece
na máfia tudo aquilo que a incomoda deve acabar repousando no fundo de um rio,
nos círculos do PT a lógica é a mesma.
O movimento operário deve caminhar por sendas opostas à
colaboração de classes semeada pela frente popular. A crença nas instituições
apodrecidas desta república dos novos barões capitalistas, como advoga o campo
revisionista, só pode conduzir a novas derrotas do proletariado. A farsa desta,
e de todas as CPIs, é conscientemente alimentada pela chamada “oposição de
esquerda”, em parceria com os reformistas “chapa branca”, para objetivos
políticos exclusivamente eleitoreiros. Para este amplo setor da esquerda,
aparentemente dividido em blocos adversários, a luta pela revolução socialista
é apenas uma questão para as “calendas gregas”, ou quem sabe para quando Wall
Street “decidir” idilicamente sepultar o modo de produção capitalista.