PCdoB anuncia apoio a Haddad (PT), que agora tenta um vice fascista “sem ficha na Interpol”
A direção nacional do PCdoB anunciou hoje (25/06) a
retirada da candidatura do vereador pagodeiro Netinho a prefeitura de São
Paulo. Os ex-stalinistas, convertidos a democracia burguesa, resolveram apoiar “incondicionalmente”
o PT sem reivindicar a vaga de vice-prefeito. Netinho “rifado” pelo PCdoB deve
concorrer novamente à Câmara Municipal, enquanto Haddad continua a procura por
um novo vice, depois da desistência de Luiza Erundina “revoltada” com a foto de
Lula junto a Maluf. O apoio do PP malufista à candidatura de Haddad conseguiu
provocar o “desmonte” de sua já débil campanha, acusada de capitular à direita
corrupta simbolizada pela figura de Maluf. A esquerda democratizante, que
tentou capitalizar a falsa “indignação” de Erundina, parece que desconhece o
fato do PP malufista integrar o governo da frente popular há quase uma década.
Também os “arautos” da ética, agrupados na “oposição de esquerda” que se
solidarizaram com Erundina, esqueceram a aliança que a ex-prefeita petista (hoje
no PSB) celebrou com o arquicorrupto Orestes Quércia, inclusive com direito a
foto, nas eleições municipais de 2004. Como tínhamos alertado, a “indignação
fabricada” de Erundina, que a fez abrir fogo contra Lula, tinha as digitais do Planalto,
interessado diretamente no desgaste político da liderança de Lula.
Agora a investida dos caciques petistas da “Articulação”
para ocupar a vaga de vice na chapa de Haddad concentra-se no fascista Luiz
Flávio D’urso, presidente da OAB paulista e pré-candidato pelo PTB à prefeitura
de São Paulo. D’urso não tem ficha na Interpol como seu colega Maluf, mas
ideologicamente é bem mais afinado com a extrema-direita do que muitos “corruptos
liberais”, como Sarney, Collor e afins. O presidente do PTB paulista, o deputado
Campos Machado, confirmou o convite do PT, afirmando estar em negociações tanto
com os tucanos como com os petistas. O acordo com o PTB, que assim como o PSB
participa do governo tucano de Alckmin, ainda não saiu em função da eleição em
curso da OAB, onde o PT e D’urso se enfrentam em campos frontalmente opostos.
Saindo ou não o acordo com o PTB, o que deve ser destacado é o arco ideológico
de alianças da frente popular, que vai muito mais além de políticos corruptos “tradicionais”.
Mas para a esquerda democratizante o critério para as composições políticas
deve passar pelo crivo da “ficha limpa”, e não pelo conteúdo de classe e
ideológico dos partidos e lideranças, por isso não criticaram a possibilidade
da coligação com D’urso, um neofascista “ficha limpa”.
A conjuntura nacional aponta para as eleições
municipais em outubro como um centro catalisador da “amortizada” luta de
classes, onde a estabilidade do regime político é o elemento determinante. As
greves que ocorrem neste momento, como a dos trabalhadores do serviço público
federal, não conseguem extrapolar os limites de um tradeunismo institucional,
sendo facilmente cooptadas por um asceno de aumento “razoável” por parte do
governo Dilma. As direções sindicais, de todos os matizes políticos,
abandonaram há muito tempo qualquer perspectiva de politizar o movimento de
massas, resignando- se a um sindicalismo de “poucos resultados”. No campo, as
lutas dirigidas pelo MST concentram- se na pressão institucional, por mais
verbas para os projetos estatais. As ocupações do latifúndio já não fazem mais
parte da pauta de lutas do MST.
Neste quadro político, a economia brasileira ainda
demonstra sinais de expansão, apesar da crise dos mercados europeus. Com um
ritmo de crescimento mais lento, o governo Dilma consegue manter níveis de
investimento e subsídios que mantém relativamente estáveis o nível de
desemprego e renda do proletariado urbano. Sem um “crash” econômico a curto
prazo, o governo Dilma e os partidos de sua base de apoio devem “colher” nas
eleições municipais um êxito político suficiente para manter de pé o projeto da
reeleição da frente popular em 2014. A questão que vem gerando turbulência no
cenário nacional é exatamente este, ou seja, quem comandará a nau petista na
sucessão presidencial, o cambaleante Lula que vem acumulando fracassos no
último período (que ainda podem ser agravados no julgamento do mensalão), ou a “ascendente
ex-poste” Dilma. Deixemos que a classe operária ainda possa dar a “última
palavra”, rompendo este circo eleitoral da democracia dos ricos, mas para isso
é necessário forjar a construção de um genuíno partido revolucionário.