segunda-feira, 25 de junho de 2012


PCdoB anuncia apoio a Haddad (PT), que agora tenta um vice fascista “sem ficha na Interpol”

A direção nacional do PCdoB anunciou hoje (25/06) a retirada da candidatura do vereador pagodeiro Netinho a prefeitura de São Paulo. Os ex-stalinistas, convertidos a democracia burguesa, resolveram apoiar “incondicionalmente” o PT sem reivindicar a vaga de vice-prefeito. Netinho “rifado” pelo PCdoB deve concorrer novamente à Câmara Municipal, enquanto Haddad continua a procura por um novo vice, depois da desistência de Luiza Erundina “revoltada” com a foto de Lula junto a Maluf. O apoio do PP malufista à candidatura de Haddad conseguiu provocar o “desmonte” de sua já débil campanha, acusada de capitular à direita corrupta simbolizada pela figura de Maluf. A esquerda democratizante, que tentou capitalizar a falsa “indignação” de Erundina, parece que desconhece o fato do PP malufista integrar o governo da frente popular há quase uma década. Também os “arautos” da ética, agrupados na “oposição de esquerda” que se solidarizaram com Erundina, esqueceram a aliança que a ex-prefeita petista (hoje no PSB) celebrou com o arquicorrupto Orestes Quércia, inclusive com direito a foto, nas eleições municipais de 2004. Como tínhamos alertado, a “indignação fabricada” de Erundina, que a fez abrir fogo contra Lula, tinha as digitais do Planalto, interessado diretamente no desgaste político da liderança de Lula.

Agora a investida dos caciques petistas da “Articulação” para ocupar a vaga de vice na chapa de Haddad concentra-se no fascista Luiz Flávio D’urso, presidente da OAB paulista e pré-candidato pelo PTB à prefeitura de São Paulo. D’urso não tem ficha na Interpol como seu colega Maluf, mas ideologicamente é bem mais afinado com a extrema-direita do que muitos “corruptos liberais”, como Sarney, Collor e afins. O presidente do PTB paulista, o deputado Campos Machado, confirmou o convite do PT, afirmando estar em negociações tanto com os tucanos como com os petistas. O acordo com o PTB, que assim como o PSB participa do governo tucano de Alckmin, ainda não saiu em função da eleição em curso da OAB, onde o PT e D’urso se enfrentam em campos frontalmente opostos. Saindo ou não o acordo com o PTB, o que deve ser destacado é o arco ideológico de alianças da frente popular, que vai muito mais além de políticos corruptos “tradicionais”. Mas para a esquerda democratizante o critério para as composições políticas deve passar pelo crivo da “ficha limpa”, e não pelo conteúdo de classe e ideológico dos partidos e lideranças, por isso não criticaram a possibilidade da coligação com D’urso, um neofascista “ficha limpa”.

A conjuntura nacional aponta para as eleições municipais em outubro como um centro catalisador da “amortizada” luta de classes, onde a estabilidade do regime político é o elemento determinante. As greves que ocorrem neste momento, como a dos trabalhadores do serviço público federal, não conseguem extrapolar os limites de um tradeunismo institucional, sendo facilmente cooptadas por um asceno de aumento “razoável” por parte do governo Dilma. As direções sindicais, de todos os matizes políticos, abandonaram há muito tempo qualquer perspectiva de politizar o movimento de massas, resignando- se a um sindicalismo de “poucos resultados”. No campo, as lutas dirigidas pelo MST concentram- se na pressão institucional, por mais verbas para os projetos estatais. As ocupações do latifúndio já não fazem mais parte da pauta de lutas do MST.

Neste quadro político, a economia brasileira ainda demonstra sinais de expansão, apesar da crise dos mercados europeus. Com um ritmo de crescimento mais lento, o governo Dilma consegue manter níveis de investimento e subsídios que mantém relativamente estáveis o nível de desemprego e renda do proletariado urbano. Sem um “crash” econômico a curto prazo, o governo Dilma e os partidos de sua base de apoio devem “colher” nas eleições municipais um êxito político suficiente para manter de pé o projeto da reeleição da frente popular em 2014. A questão que vem gerando turbulência no cenário nacional é exatamente este, ou seja, quem comandará a nau petista na sucessão presidencial, o cambaleante Lula que vem acumulando fracassos no último período (que ainda podem ser agravados no julgamento do mensalão), ou a “ascendente ex-poste” Dilma. Deixemos que a classe operária ainda possa dar a “última palavra”, rompendo este circo eleitoral da democracia dos ricos, mas para isso é necessário forjar a construção de um genuíno partido revolucionário.