sexta-feira, 11 de abril de 2014



Após apoiar a “revolução” made in CIA e a derrubada de Kadaffi pelos “rebeldes” da OTAN, PCO “lamenta” que a Líbia está sendo destruída pelos agentes “golpistas” do imperialismo!

Nada como um rigoroso balanço político e social da trágica barbárie imposta na Líbia após mais de 03 anos da derrubada de Kadaffi para desmascarar a vergonhosa posição do revisionismo trotskista de apoio à “revolução” made in CIA no país. O PCO, um das correntes mais entusiastas no apoio aos “rebeldes” mercenários da OTAN, na ocasião, acaba de publicar um artigo tragicômico sobre a atual situação da nação norte-africana. Após lamentar que o “país ficou em pedaços depois que o imperialismo precipitou a queda de Kadafi” (sítio PCO, 11/04) em uma tentativa de se limpar um pouco da posição Morenista que adotou de unidade de ação com os “rebeldes” pró-OTAN, Causa Operária volta à carga e afirma “O nacionalismo árabe estava esgotado, e Khadafi tinha adotado um modelo neoliberal na Líbia. Por isso as massas estavam mobilizadas para derrubar seu governo. A intervenção militar do imperialismo tinha o objetivo de colocar um governo diferente que contivesse as massas... Em fevereiro de 2011 a OTAN, liderada por França, EUA e Reino Unido, bombardeou o País para precipitar a derrubada do governo, que enfrentava protestos de massa” (Idem). Causa Operária convenientemente encobre o fato das “massas” a que se refere nada mais eram que bandos tribais reacionários em unidade com mercenários e yuppies de Bengazhi financiados diretamente pela Casa Branca, que estavam mobilizados em “protestos” ao mesmo estilo do que vimos recentemente em Kiev na Ucrânia, quando neonazistas e nacionalistas de direita patrocinados pela CIA derrubaram via manifestações de massas o “esgotado” governo pró-russo. Estes “rebeldes” nada mais eram, de fato, que a força terrestre da OTAN em solo líbio, verdadeiros soldados armados pelas potências imperialistas, as petro-monarquias árabes e Israel, homens que foram saudados textualmente pelo PCO como “revolucionários”. Para não pairar dúvidas, lembremos o que Causa Operária falava em fevereiro de 2011: “A crise na Líbia, governada pelo ditador Muamar Khadafi, se agrava mais a cada dia que passa. As manifestações estão crescendo e a repressão está sendo extremamente violenta contra os manifestantes. Somente nas manifestações que estão ocorrendo nesta sexta-feira (18/02) foram mortos 27 pessoas, sendo 20 em Benghazi e 7 em Derna. As manifestações, assim como ocorreu no Egito, pode (sic) derrubar o Khadafi e sua política de apoio ao imperialismo” (sítio PCO, 18/02/2011). Em resumo, o PCO assim como toda a canalha revisionista do trotskismo comandada pela LIT, corrente morenista hoje tão criticada por Causa Operária, estavam unidas e de mãos dadas com os “rebeldes” contra o “ditador” Kadaffi que diziam ser aliado do imperialismo, usando inclusive a mesma linguagem para definir o decadente regime nacionalista burguês líbio. O mais hilário é que o PCO ainda hoje afirma com relação à Líbia que “Khadafi tinha adotado um modelo neoliberal na Líbia” (Ibdem) para justificar seu apoio a “revolução”. Mas não é este a mesma “tese” da LIT na Venezuela, na Ucrânia e no... Brasil para apoiar os golpistas que Causa Operária tanto proclama combater nos dias atuais, mesmo denunciando o PT por ter adotado um “modelo neoliberal” em nosso país, para nós da LBI sem dúvida muito mais integrado ao imperialismo do que o regime comandado por Kadaffi? Parece que reina uma profunda “confusão” no PCO próprio de seu recorrente catastrofismo e sua esquizofrenia política. Por exemplo, Causa Operária vê golpistas por todos os lados, mas na vizinha Argentina, onde acabou de haver um “paro nacional” de cunho reacionário, apoiado pela patronal e as oligarquias agrárias contra o governo “nacionalista burguês” de Cristina Kirchner, tendo a cobertura de “esquerda” dos revisionistas da FIT... o PCO saúda entusiasticamente esta manifestação policlassista apoiada pela direita apresentado-a como uma verdadeira “greve geral” que “vai no sentido do programa de transição elaborado por Trótski” (Sitio PCO, 10/04)! Afinal de contas, Causa Operária segue com a linha pró-imperialista que adotou na Líbia (como vimos agora na Argentina) ou mudou de posição mais uma vez (na Ucrânia e Venezuela) apenas ao “sabor dos ventos”, ou melhor, como produto de sua nítida fragilidade política e teórica?

A segunda farsa da risível da posição do PCO é a versão de que “A intervenção militar do imperialismo tinha o objetivo de colocar um governo diferente que contivesse as massas” (CO on line,11/04). Trata-se da tese utilizada por toda família revisionista (particularmente a LIT) de que a revolução líbia foi “seqüestrada” pelo imperialismo para conter o avanço das massas em sua luta contra o “ditador” Kadaffi. Na época, Causa Operária declarava “Ao mesmo tempo em que a revolução avança para esmagar todas as alavancas de poder do antigo regime, o imperialismo tem se aproveitado de todas as oportunidades para estabelecer uma aliança com a ala mais conservadora dos revolucionários” (CO on line 26/08/2011). Pelas asneiras que escrevia o PCO, haveria uma ala genuinamente revolucionária dos “rebeldes” que estaria em luta ao mesmo tempo contra Kadaffi e o imperialismo! O malabarismo retórico do PCO nada mais era do que uma cópia bastarda da estapafúrdia “teoria” das “duas guerras” fabricada na época pela LIT para enganar bobos, vendendo a cantilena que os “rebeldes” algum dia tenham lutado contra as tropas da OTAN ou adotado uma plataforma “antiimperialista”. Como denunciou a LBI desde o início das manifestações pró-imperialistas em Benghazi ainda no mês de fevereiro, os mercenários “rebeldes” estavam a serviço da CIA justamente pelas suas estreitas ligações políticas e econômicas com as transnacionais do petróleo instaladas na cidade portuária. Não por acaso, o CNT criou um banco central em plena guerra e continuou a exportar religiosamente óleo cru barato para as potências estrangeiras que lhes patrocinavam! O PCO ainda nos avisava naqueles dias de guerra, inclusive em um Editorial intitulado “Líbia: o que está em jogo?” (28/08/2011) que “O ‘confisco’ da revolução líbia pelo imperialismo foi a forma encontrada para, ao mesmo tempo, modificar as relações econômicas com o país e garantir que a transição de poderes – considerada à altura em que as manifestações começaram como algo inevitável – se desse dentro dos limites impostos pela política imperialista, isto é, sob o controle dos elementos mais alinhados com os interesses dos EUA, da França e da Itália na Líbia dentro do próprio regime kadafista”. Quer dizer que houve uma revolução na Líbia e, num passe de mágica, o imperialismo conseguiu “confiscá-la” pondo-a sob seu controle? Alguém em sã consciência pode acreditar em tamanha imbecilidade já que os “rebeldes” (ou “revolucionários” para o PCO!) nunca lançaram um único tiro contra as tropas da OTAN, receberam armas e ajuda de seus especialistas militares e caçaram Kadaffi em Sirte depois dos seguidos bombardeios contra a cidade natal do dirigente líbio? Que “revolução” era esta que se valeu de uma agressão imperialista para vencer um regime nacionalista burguês que tem atritos com a Casa Branca e seus “rebeldes” empunham a bandeira da monarquia arqui-reacionária do rei Idris? Simples: não era uma revolução em curso, mas uma contra-revolução, estúpido!

Como se observa, o PCO estava no campo político e militar dos “rebeldes” na Líbia, posição que equivale a postar hoje junto dos neonazistas na Ucrânia ou da direita golpista financiada pela CIA na Venezuela! Alguns podem dizer: Mas atualmente o PCO se apresenta como crítico das correntes que saúdam a “revolução” made in CIA na Ucrânia ou denuncia os apoiadores os golpistas na Venezuela, como a LIT! Pelo que parece, esta repentina mudança de posição é totalmente empírica, já que continuam defendendo a tese que “o imperialismo precipitou a queda de Kadaffi para conter as massas” ou em outras palavras que a “revolução” foi desviada, confiscada ou sequestrada, como muitas correntes revisionistas dizem que também ocorreu no Egito. Perguntamos ao PCO diante de suas posições atuais: seria realmente possível estar no terreno da luta antiimperialista apoiando os “rebelde” pró-OTAN na Líbia? É possível lutar hoje ao lado dos nazistas de Kiev ou dos direitistas do MUD em Caracas e declarar que esta é uma posição revolucionária, como fazem os morenistas? Desde já, para o bem do justo debate político, é preciso registrar que grande parte da família revisionista alardeava que a intervenção militar da OTAN era uma invenção para fazer “eco às afirmações do próprio Kadafi”, ou seja, em seu favor e “para conter as massas”. Longe de rechaçarem a então possível ação militar, os morenistas, por exemplo, escreveram um artigo atacando Fidel Castro e todos aqueles que denunciavam que a intervenção estava em marcha, afirmando literalmente que “Em outras palavras, com a justificativa de um suposto perigo de uma iminente invasão da OTAN, Castro apóia o ditador Kadafi que está massacrando seu próprio povo” (Sítio PSTU, 24/02/11). O PCO foi ainda mais longe. Além de declarar que a OTAN não iria intervir, ainda afirmou que “O imperialismo dá carta branca para Kadafi golpear a revolução” (11/03/11). Vendendo que o imperialismo era aliado de Kadaffi em meio ao conflito, imersa em completo delírio, Causa Operária completou: “Embora permaneça em discussão a possibilidade de uma intervenção militar dirigida pelos EUA e os demais membros da OTAN, a guinada dada por Kadafi na situação interna do país fez com que os governos imperialistas recuassem de seus planos” (Idem). Dizendo textualmente que Kadaffi age “sob proteção do imperialismo mundial” declara o PCO “Na medida em que as forças de Kadafi avançam sobre a oposição fica mais e mais evidente que o impulso para sua ação contrarrevolucionária vem justamente de seus aliados mais recentes, os governos imperialistas europeus. A recusa em intervir militarmente contra o regime líbio representa o consentimento dado para que Kadafi esmague a revolução por sua própria conta e restabeleça as ligações econômicas, militares e estratégicas com o imperialismo que foram abaladas pelo levante no país” (Ibdem). Não perderemos nosso tempo em demolir tais asneiras porque as posições do PCO, desmentidas uma a uma pela própria realidade, falam por si mesmas, mas servem para desmascarar Causa Operária nos dias atuais para alguns militantes mais “esquecidos” ou “enganados” por sua repentina política “contra o golpismo” na Ucrânia, Venezuela ou mesmo no Brasil.
Os genuínos trotskistas não tiveram dúvidas de que lado ficar na guerra civil na Líbia e diante dos bombardeiros da OTAN. Alertamos naqueles dias que estávamos literalmente em meio a uma guerra onde a CIA e o Pentágono armaram os mercenários “rebeldes” e com a ajuda da ONU e da OTAN derrubaram o governo nacionalista decadente para converter o país novamente, como na época da monarquia, em seu quintal exportador de petróleo barato, como estamos vendo nos dias atuais! Os revolucionários da LBI se postaram pela defesa incondicional da nação oprimida e por sua vitória militar contra o imperialismo, como nos recomendou Trotsky! Já o PCO... comemorava junto com a canalha revisinionista comandada pela LIT o fato de que os “revolucionários líbios avançam contra Sirte, reduto das forças de Kadafi” (Causa Operária On Line, 24/08/11). Por fim, lembremos que um dos argumentos centrais do PCO e dos revisionistas para justificarem seu vergonhoso apoio aos “rebeldes” pró-OTAN na Líbia ou mesmo grupos “derrotistas” se negarem a estabelecer a unidade de ação com as forças do regime quando estas se enfrentavam com os mercenários do CNT em terra seria a suposta conversão do decadente regime nacionalista burguês comandado por Kadaffi em um governo pró-imperialista nos últimos 20 anos. As “provas” dessa evolução seriam sua colaboração com a CIA para a perseguição aos “opositores” e aos militantes da Al Qaeda além dos contratos com as transnacionais do petróleo. Não faltou a divulgação de fotos de Kadaffi com Obama, Sarkozy... para evidenciar tal conversão. Quando vivo Chávez seguiu o mesmo caminho... Os que apoiaram os supostos “rebeldes” líbios teriam hoje na Venezuela que se somar às orquestrações dos golpistas “esquálidos” que também se dizem “inimigos da ditadura”, já que tanto na Líbia como na Venezuela essas forças políticas e sociais representam a contrarrevolução, assumindo o objetivo de liquidar conquistas do proletariado. Ao mesmo tempo, sempre denunciamos que a evolução (involução) do nacionalismo burguês do século XXI, no marco da etapa de profunda crise do modo de produção capitalista, o coloca cada vez mais próximo da estreita colaboração econômica e política com as metrópoles imperialistas, este frágil equilíbrio só se rompe quando o império decide atacar o país semicolonial no sentido de se apoderar do conjunto do botim, este foi o caso da guerra da Líbia e poderá ser amanhã o capítulo venezuelano. Entretanto, ao contrário do PCO que se aliou ao imperialismo e seus “rebeldes” em nome do combate ao “modelo neoliberal” de Kadaffi, se limitando agora a “lamentar” os efeitos de sua própria política vergonhosa, a LBI, mesmo sem depositar qualquer confiança no regime nacionalista burguês decadente do coronel líbio, nem em seu embuste de “socialismo árabe” baseado em um acordo com a burguesia líbia para conter o movimento de massas(que foi um exemplo inspirador do próprio modelo de gestão estatal do chavismo na Venezuela) não se somou e saudou as “mobilizações” orquestradas por setores da burguesia líbia e o imperialismo que desejavam se livrar do papel intermediador do Estado burguês líbio gerenciado por Kadaffi, baseado em um regime nacionalista burguês que fez concessões às massas. Os facínoras atuais paladinos da democracia, com cobertura da “esquerda” revisionista do trotskismo acabaram por impor um outro regime, alinhado com a Casa Branca onde, na condição de novos donos do petróleo, negociem diretamente com as transnacionais sem a intermediação do Estado. Estes são os efeitos da “revolução” made in CIA  que o PCO saudou...E agora?