segunda-feira, 7 de abril de 2014


Nova pesquisa DATAFOLHA: Começa a barganha das corporações para a reeleição de Dilma

A nova pesquisa eleitoral DATAFOLHA, divulgada neste último sábado, 5/04, apontou uma abrupta queda de seis pontos percentuais na vantagem da presidente Dilma contra seus dois principais oponentes, que permaneceram praticamente estáticos em seus índices. A pesquisa mostrou que tanto Aécio como Campos não se beneficiaram da queda da presidente, que segundo o DATAFOLHA continuaria “liquidando a fatura” já no primeiro turno. A divulgação da pesquisa ocorre em meio à artilharia das oposições contra a gestão da Petrobras, contando com farta cobertura da mídia “murdochiana” com interesse direto no desgaste da estatal, assim como na defesa de uma nova política de preços para os combustíveis no país. Outra “leitura” para a pesquisa feita pelos “agentes” do mercado é que o recuo de Dilma está diretamente relacionado a “rápida deterioração da economia” em 2014. Como não somos tão ingênuos para acreditar na veracidade das pesquisas realizadas “sob encomenda” das grandes corporações capitalistas, sabemos muito bem que tem por objetivo conduzir as eleições e os principais candidatos para a vereda política que mais agrada os rentistas e “investidores” internacionais. Neste caso ficaram tão “descaradas” as intenções do DATAFOLHA que sequer tiveram a preocupação de inflar a cambaleante oposição, bastava dar o primeiro aviso ao governo: “Sinal amarelo!” Para a burguesia este é o momento de barganhar novos “compromissos” de Dilma para seu novo mandato, uma questão já fechada no “pacto das elites”, e parece que o primeiro trata da questão de acelerar o processo de privatização das empresas estatais, tendo como foco, é claro, a Petrobras...

A dupla da oposição burguesa não conseguiu avançar nem um milímetro exatamente porque seu papel nestas eleições não será de “competir para ganhar” e sim de “disputar para barganhar”. A própria fragilidade de seus palanques estaduais, que praticamente foram definidos também no sábado passado, demonstra a inconsistência de suas aspirações em chegar ao Planalto. O PSB sonhava com alguma plataforma eleitoral de peso pelo menos no Rio, já que em Minas e São Paulo o partido definiu marchar colado aos tucanos. Eduardo Campos tentou em vão atrair o “herói midiático”, JB, para disputar uma vaga no Senado ou governo pelo PSB fluminense, mas ao contrário de sua colega magistrada Eliana Calmon que topou disputar uma cadeira no Senado pela Bahia, o presidente do STF “amarelou” diante da possibilidade de descer do “Olimpo” enfrentando um debate com relativa “igualdade de condições” com os adversários da base aliada ao governo petista. O PSDB de Aécio está em condições um pouco melhores, contando com um candidato “forte” em São Paulo, também acéfalo o “tucanato” no Rio e tendo pela frente uma disputa muito acirrada com o PT de Minas. No atual quadro político, que poderá se alterar no decorrer do início da campanha de fato, tudo aponta para que caso ocorra um segundo turno este seja reproduzindo o já tradicional binômio eleitoral PT/PSDB.

Outro dado interessante da “isenta” pesquisa DATAFOLHA é que as classes dominantes não estão muito dispostas a “agradecer” politicamente os serviços prestados pelo senador Randolfe Rodrigues do PSOL. Este tem se dedicado a acompanhar “socialistas” e “tucanos” na campanha de denúncias contra a direção da Petrobras, “esquecendo-se” que foi no governo FHC onde foi suprimido o monopólio estatal na exploração de gás natural e petróleo. O “amnésico” Randolfe sequer se lembra da tentativa tucana de mudar o nome da estatal para Petrobrax, deixando o caminho “azeitado” para sua posterior privatização. O candidato do PSOL, apesar de todos os esforços em parecer “palatável” para a burguesia, aparece na pesquisa do DATAFOLHA atrás de Zé Maria do PSTU, justamente este que implora pela vaga de vice na chapa de uma possível reedição em outubro da Frente de Esquerda.

Para nós da LBI que vimos denunciando há muito tempo a “picaretagem” dos pseudo “institutos” de pesquisa, verdadeiros laboratórios da fraude eleitoral que é uma regra em nosso país, não existiu “surpresa” alguma nesta queda da “popularidade” de Dilma, aferida pelo DATAFOLHA. Sabemos muito bem que o cenário macroeconômico se deteriora a cada relatório de dados divulgado pelo IBGE, mas não foi este o “fator” que determinou o resultado desta última pesquisa. Para a população trabalhadora o que mais importa mesmo é o nível do emprego, em segundo lugar a renda salarial e por último o índice inflacionário, falando com absoluta franqueza não houve grandes alterações neste “tripé” pelo menos nos últimos doze meses. O “fantasma” da inflação, acenado à exaustão pela Globo em todas as noites do “JN”, ainda que seja uma perspectiva real a médio prazo, não consegue convencer ninguém de sua existência, o Dólar refluiu em certa medida sua escalada de alta e os insumos básicos seguem uma valorização constante mas sob controle.

Portanto, o que o DATAFOLHA nos “revelou”, e que os outros “institutos” devem seguir a mesma tendência, versa sobre a política e não sobre economia, ou seja, emitir um “sinal amarelo” ao PT avisando que apesar de sua enorme “gordura” eleitoral, esta pode ser “derretida” pela manipulação midiática, independente do que opina e sente realmente a população. Como vimos no caso do julgamento do “Mensalão”, a gerência do PT está longe de dominar as instituições do Estado burguês, sendo a urna eletrônica e sua totalização pelo TSE (sem a menor possibilidade de aferição física) uma ameaça permanente à soberania popular. No fim, estas eleições ao Planalto são definidas no “conselho político” das grandes corporações capitalistas, onde o “vencedor” terá que oferecer a maior estabilidade ao regime e a melhor realização de lucros para o capital.