Nova pesquisa DATAFOLHA:
Começa a barganha das corporações para a reeleição de Dilma
A nova pesquisa
eleitoral DATAFOLHA, divulgada neste último sábado, 5/04, apontou uma abrupta
queda de seis pontos percentuais na vantagem da presidente Dilma contra seus
dois principais oponentes, que permaneceram praticamente estáticos em seus
índices. A pesquisa mostrou que tanto Aécio como Campos não se beneficiaram da
queda da presidente, que segundo o DATAFOLHA continuaria “liquidando a fatura”
já no primeiro turno. A divulgação da pesquisa ocorre em meio à artilharia das
oposições contra a gestão da Petrobras, contando com farta cobertura da mídia “murdochiana”
com interesse direto no desgaste da estatal, assim como na defesa de uma nova
política de preços para os combustíveis no país. Outra “leitura” para a
pesquisa feita pelos “agentes” do mercado é que o recuo de Dilma está
diretamente relacionado a “rápida deterioração da economia” em 2014. Como não
somos tão ingênuos para acreditar na veracidade das pesquisas realizadas “sob
encomenda” das grandes corporações capitalistas, sabemos muito bem que tem por
objetivo conduzir as eleições e os principais candidatos para a vereda política
que mais agrada os rentistas e “investidores” internacionais. Neste caso ficaram
tão “descaradas” as intenções do DATAFOLHA que sequer tiveram a preocupação de
inflar a cambaleante oposição, bastava dar o primeiro aviso ao governo: “Sinal
amarelo!” Para a burguesia este é o momento de barganhar novos “compromissos”
de Dilma para seu novo mandato, uma questão já fechada no “pacto das elites”, e
parece que o primeiro trata da questão de acelerar o processo de privatização
das empresas estatais, tendo como foco, é claro, a Petrobras...
A dupla da oposição
burguesa não conseguiu avançar nem um milímetro exatamente porque seu papel
nestas eleições não será de “competir para ganhar” e sim de “disputar para
barganhar”. A própria fragilidade de seus palanques estaduais, que praticamente
foram definidos também no sábado passado, demonstra a inconsistência de suas
aspirações em chegar ao Planalto. O PSB sonhava com alguma plataforma eleitoral
de peso pelo menos no Rio, já que em Minas e São Paulo o partido definiu
marchar colado aos tucanos. Eduardo Campos tentou em vão atrair o “herói
midiático”, JB, para disputar uma vaga no Senado ou governo pelo PSB
fluminense, mas ao contrário de sua colega magistrada Eliana Calmon que topou
disputar uma cadeira no Senado pela Bahia, o presidente do STF “amarelou”
diante da possibilidade de descer do “Olimpo” enfrentando um debate com
relativa “igualdade de condições” com os adversários da base aliada ao governo
petista. O PSDB de Aécio está em condições um pouco melhores, contando com um
candidato “forte” em São Paulo, também acéfalo o “tucanato” no Rio e tendo pela
frente uma disputa muito acirrada com o PT de Minas. No atual quadro político,
que poderá se alterar no decorrer do início da campanha de fato, tudo aponta
para que caso ocorra um segundo turno este seja reproduzindo o já tradicional
binômio eleitoral PT/PSDB.
Outro dado interessante
da “isenta” pesquisa DATAFOLHA é que as classes dominantes não estão muito
dispostas a “agradecer” politicamente os serviços prestados pelo senador
Randolfe Rodrigues do PSOL. Este tem se dedicado a acompanhar “socialistas” e “tucanos”
na campanha de denúncias contra a direção da Petrobras, “esquecendo-se” que foi
no governo FHC onde foi suprimido o monopólio estatal na exploração de gás
natural e petróleo. O “amnésico” Randolfe sequer se lembra da tentativa tucana
de mudar o nome da estatal para Petrobrax, deixando o caminho “azeitado” para
sua posterior privatização. O candidato do PSOL, apesar de todos os esforços em
parecer “palatável” para a burguesia, aparece na pesquisa do DATAFOLHA atrás de
Zé Maria do PSTU, justamente este que implora pela vaga de vice na chapa de uma
possível reedição em outubro da Frente de Esquerda.
Para nós da LBI que
vimos denunciando há muito tempo a “picaretagem” dos pseudo “institutos” de
pesquisa, verdadeiros laboratórios da fraude eleitoral que é uma regra em nosso
país, não existiu “surpresa” alguma nesta queda da “popularidade” de Dilma,
aferida pelo DATAFOLHA. Sabemos muito bem que o cenário macroeconômico se
deteriora a cada relatório de dados divulgado pelo IBGE, mas não foi este o “fator”
que determinou o resultado desta última pesquisa. Para a população trabalhadora
o que mais importa mesmo é o nível do emprego, em segundo lugar a renda
salarial e por último o índice inflacionário, falando com absoluta franqueza
não houve grandes alterações neste “tripé” pelo menos nos últimos doze meses. O
“fantasma” da inflação, acenado à exaustão pela Globo em todas as noites do “JN”,
ainda que seja uma perspectiva real a médio prazo, não consegue convencer
ninguém de sua existência, o Dólar refluiu em certa medida sua escalada de alta
e os insumos básicos seguem uma valorização constante mas sob controle.
Portanto, o que o
DATAFOLHA nos “revelou”, e que os outros “institutos” devem seguir a mesma
tendência, versa sobre a política e não sobre economia, ou seja, emitir um “sinal
amarelo” ao PT avisando que apesar de sua enorme “gordura” eleitoral, esta pode
ser “derretida” pela manipulação midiática, independente do que opina e sente
realmente a população. Como vimos no caso do julgamento do “Mensalão”, a
gerência do PT está longe de dominar as instituições do Estado burguês, sendo a
urna eletrônica e sua totalização pelo TSE (sem a menor possibilidade de
aferição física) uma ameaça permanente à soberania popular. No fim, estas
eleições ao Planalto são definidas no “conselho político” das grandes corporações
capitalistas, onde o “vencedor” terá que oferecer a maior estabilidade ao
regime e a melhor realização de lucros para o capital.