quinta-feira, 3 de abril de 2014


Na ditadura de classe, “gerente” Dilma ordena que FFAA ocupem favelas e morros cariocas contra a população pobre para garantir a “lei e a ordem” da democracia dos ricos!

A ocupação militar do Complexo de Favelas da Maré no Rio de Janeiro pelas Forças Armadas (FFAA) está prevista para ocorrer neste sábado, 5 de abril. 2.500 homens do Exército e da Marinha vão atuar segundo o chamado “Manual de Garantia da Lei e da Ordem” (GLO), cuja autorização para sua aplicação foi assinada pelo Ministro da Defesa do governo Dilma (PT), Celso Amorim, depois do pedido feito pelo governador Sergio “Caveirão” (PMDB). Homens da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército e da Marinha substituirão os 300 PMs e uma equipe de policiais civis da 21ª DP que invadiram a comunidade no final de semana passado sob o pretexto de combater o tráfico de drogas. A ação das FFAA vai contar com blindados do Exército e da Marinha, além de diversas viaturas para transporte de tropa e logística, motocicletas e aeronaves do Comando de Aviação do Exército. A Aeronáutica também poderá participar da chamada “Força de Pacificação”, que será comandada pelo general de brigada Roberto Escoto, comandante da Brigada de Infantaria Paraquedista. A base da operação será montada no quartel do CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio), na Avenida Brasil, nas imediações do Complexo da Maré. Inicialmente a “GLO”, como é conhecida pelos militares, está prevista para terminar em 31 de julho, depois do final da Copa do Mundo. A aplicação deste manual reacionário nas ruas cariocas representa uma verdadeira “homenagem” solene ao golpe militar de 1964 em pleno governo do PT, já que as FFAA são chamadas para reprimir a população pobre junto com a PM assassina em um primeiro momento, mas estrategicamente serve para demonstrar publicamente que os militares estão “ativos” para garantir a “lei e a ordem” no caso da classe operária entrar em cena em um período futuro de ascenso do movimento de massas, como ocorreu há 50 anos!

Tendo como base o “Manual Unificado das Forças Armadas para Garantia da Lei e da Ordem (GLO)” publicado via portaria 3.461 no Diário Oficial da União, o governo Dilma e seus aliados burgueses incrementam a máquina repressiva de seu Estado. O Ministério da Defesa instituiu o manual que criminaliza ainda mais os movimentos sociais caracterizando-os na prática como “Forças Oponentes”, ou seja, inimigo interno, o que abre caminho para o aprofundamento da repressão de Estado contra as lutas sociais tal como ocorria na ditadura militar, minando de vez os parcos “direitos” democráticos dos trabalhadores para garantir a paz dos cemitérios e assim perpetuar o lucro dos tubarões capitalistas. Para se ter uma ideia dos planos macabros das classes dominantes brasileiras, cumprindo ordem dos EUA, recentemente o senador-bispo da Igreja Universal Marcelo Crivella, então ministro da pesca do governo Dilma, elaborou com apoio do Ministério Público e OAB, o Projeto de Lei 728 de 2011, que considera “terrorismo”, por exemplo, além das manifestações populares, as greves que ocorrerem durante o período da Copa, fato que ficou conhecido como o AI-5 da copa, uma analogia com o regime militar no Brasil. O manual sintetiza a “ressignificação” do conceito de “segurança pública” no seio da democracia dos ricos. No final dos anos 1980, o documento da Escola Superior de Guerra (ESG) intitulado “Estrutura do Poder Nacional para o Século XXI” apontava como grandes ameaças à lei e à ordem os cinturões de miséria cuja contenção deveria ser feita pelas forças policiais e também pelas FFAA. A concentração brutal de renda e as políticas neoliberais contribuíam para a geração desta grande massa de pobres e o documento da ESG daquela época apontava este “efeito colateral” como “perigo” para a “lei e a ordem”. Na atual fase, sob o comando do PT, as manifestações populares contra o regime político democratizante é que são classificadas como “perigo” para a lei e a ordem.

São reveladoras as palavras do chefe da Assessoria de Doutrina e Legislação do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), general Manoel Lopes de Lima Neto, sobre como o governo do PT ampliou o papel das FFAA desde a gestão de Lula. Segundo o general, “os primórdios do processo que levou à elaboração do manual remontam a 2006 (um ano antes de o Brasil ser escolhido para sediar a Copa), mediante a realização de estudos preliminares sobre o tema (GLO). A etapa final da sua produção teve início em 2012, quando foi constituído um grupo de trabalho específico para, com base naqueles estudos, apresentar uma proposta de manual... Ele reza que em casos específicos o policiamento ostensivo é, entre outras, uma das ações das Forças Armadas num quadro de GLO, em que são inúmeras as situações e atividades de emprego, indo da proteção a uma instalação estratégica à manutenção de uma tropa em prontidão no quartel. As circunstâncias em que transcorrerão dependerão do exame de situação que antecede à disposição da tropa no terreno, quando as circunstâncias assim exigirem. De todo modo, as ações das Forças Armadas num quadro de GLO visam à preservação da ordem pública e da integridade das pessoas e do patrimônio. Por fim, nunca é demais salientar, que as Forças Armadas são as Instituições que desfrutam dos maiores índices de confiabilidade perante a sociedade brasileira. Essa condição decorre da competência e do devotamento dos homens e das mulheres — norteados por princípios inarredáveis, como legalidade, urbanidade no trato com as pessoas e solidariedade, entre outros — que servem em suas fileiras às missões que a Nação tem lhe confiado, incluídas as Operações de Garantia da Lei e da Ordem. O manual em referência, portanto, é mais uma contribuição para preservar esse valioso patrimônio cívico de que as nossas Forças Armadas são detentoras” (Blog do Elimar Côrtes, Informações confiáveis sobre Polícia e Segurança Pública). Como se observa, o PT “comemora” os 50 anos do golpe permitindo que o Exército intervenha diretamente na ordem interna, cassando os mais escassos direitos democráticos do povo pobre, já que seu local de moradia estará sob ocupação militar. Esta será a forma pela qual a frente popular demonstrará a “imprescindibilidade” das FFAA para manutenção de um regime que promove a miséria e a perseguição aos trabalhadores. As tropas federais colocadas em marcha nas favelas e morros cariocas contra a população pobre, sob a aquiescência do governo Dilma, são a prova viva do caráter de classe deste Estado, do qual o a “gerência” petista é apenas a “executora” política. Do ventre político dos chamados governos “nacionalistas burgueses” de ontem e de hoje, são gestadas as próprias forças da reação, em prontidão para o golpismo na primeira ameaça real em que a classe operária se mobilize de forma independente.

Como já alertamos nos debates e atividades que repudiaram os 50 anos do golpe militar, o governo Dilma é apenas o atual gestor do Estado burguês, um comitê dos negócios comuns da mesma classe reacionária que promoveu o golpe de 1964 e patrocinou o regime sanguinário. Sob o capitalismo, seja qual face expresse, o Estado não perde seu caráter ditatorial de classe. Portanto, Dilma não pode e nunca irá voltar-se contra os senhores aos quais serve tão dedicadamente. Sob os “signos da democracia”, os reformistas armados de ontem administram bilionários negócios em favor de grupos econômicos nacionais e internacionais. A própria Dilma e os ex-stalinistas do PCdoB, por exemplo, engalfinham-se junto aos partidos burgueses tradicionais na divisão do botim estatal e dos negócios da Copa do Mundo, defendendo ardentemente todas as instituições do Estado capitalista, a mesma máquina assassina que os militantes da Guerrilha do Araguaia combateram. Essa é, sem dúvida, a maior ofensa à memória dos que tombaram na luta contra a ditadura militar. Um verdadeiro crime político a ser denunciado energicamente pelos revolucionários. Hoje, como no passado, a tarefa de derrotar as FFAA e a PM assassina está nas mãos da classe trabalhadora e do povo pobre. Este não pode continuar indefeso contra a violência organizada do Estado capitalista e seus bandos mafiosos. Precisa organizar comitês de autodefesa pela expulsão do aparato repressivo das favelas, pela destruição das polícias e contra a intervenção das FFAA no Rio de Janeiro, como parte de um programa revolucionário que, através da unidade com os trabalhadores da cidade e do campo, exproprie a burguesia para que sobre os escombros desse Estado burguês corrupto e assassino se construa um poder de novo tipo, capaz de erguer um modo de produção social que garanta condições dignas de vida para o conjunto dos que trabalham e não que sirva para acumular capital a fim de engordar os bolsos de um punhado de parasitas mafiosos civis e militares!