PCO reafirma seu apoio à
“revolução política” que destruiu o Muro de Berlim e a URSS demonstrando ser “herdeiro”
do Altamirismo!
“A crise no Leste
Europeu, na URSS, na China, em Cuba e nos demais estados operários é produto da
ação independente das massas, ou seja, da revolução política do proletariado
contra a burocracia, efetiva ou potencial”! Quem escreveu esta “pérola” revisionista...
Moreno, Lambert ou Altamira??? Enganam-se redondamente os que acham que esta
escandalosa declaração de apoio aberto à contrarrevolução nos Estados Operários
degenerados foi elaborada pelos canalhas revisionistas da LIT ou qualquer outra
corrente de origem lambertista. Ela foi publicada em 1995 em um documento
intitulado “Uma ruptura sui generis” escrito pelo Sr. Rui Costa Pimenta quando
Causa Operária tentou responder as críticas que o núcleo fundador da LBI fez à
política pró-imperialista da então OQI, atual PCO. Não satisfeito, o dirigente
de Causa Operária deixou ainda mais claro no referido texto a posição
revisionista de sua corrente, cujo guia “teórico” era o PO argentino de Jorge
Altamira: “Estamos diante de um processo revolucionário típico (ascenso e
recomposição das organizações independentes da classe operária, incapacidade da
burocracia de manter a sua dominação de maneira inalterada, dissolução do
Estado), o qual, dialeticamente, somente pode existir na forma da luta entre a
revolução e a contra-revolução. Em todos os estados operários abriu-se uma
etapa de revolução e contra-revolução, isto é, um período revolucionário. O
fracasso da burocracia em levar adiante uma transição controlada dá lugar a uma
situação convulsiva na qual se inserem a queda do Muro de Berlim e o golpe de
agosto de 1991 na ex-URSS” (Idem). Como se pode ler textualmente, Causa
Operária saudou entusiasticamente a contrarrevolução na URSS e na Alemanha
Oriental (RDA), assim como estava salivando para que os “ventos
revolucionários” de então também chegassem com força a Cuba e China! Passados
quase 25 anos da queda do Muro de Berlim, o PCO (espertamente valendo-se do
esquecimento de setores de vanguarda) publicou recentemente um artigo intitulado
“Ucrânia: Qual a diferença com a queda do Muro de Berlim?” (sítio PCO,
04/02/2014), onde promete uma “crítica a matéria da LBI que afirma que a queda
do Muro e as manifestações fascistas na Ucrânia são expressão do mesmo
processo”. O texto afirma que “Segundo a LBI, o PCO teria mudado as posições na
avaliação da Ucrânia em relação às posições defendidas sobre a Queda do Muro de
Berlin e o fim da União Soviética, quando supostamente o PCO teria apoiado a
restauração capitalista. Na Ucrânia, hoje, estaria ocorrendo um aprofundamento
do processo de restauração capitalista contra a burocracia estalinista” (Idem),
dando a entender que Causa Operária nunca havia apoiado as “mobilizações”
direitistas e pró-imperialistas que levaram ao fim dos Estados operários e do
stalinismo, impondo em seu lugar a contrarrevolução capitalista e governos
burgueses títeres da Casa Branca, como foi Yeltsin na própria Rússia. Em um
passe de mágica, o PCO parece ter se “esquecido” que entre 1989 e 1991, como
ocorre agora em Kiev, também estátuas de Lênin foram derrubadas em praça
pública, bandeiras vermelhas com o símbolo da foice e martelo foram pisoteadas
e queimadas por grupos fascistas e manifestações de massas que exigiam a
“unificação” com a Europa acabaram por derrubar o Muro de Berlim. Na época
Causa Operária se integrou a esta horda reacionária em nome da “revolução”! Atualmente,
quando os fascistas e neonazistas na Ucrânia apoiados pela CIA conseguiram
através de “manifestações de massa” derrubar o governo pró-russo na Ucrânia
para aprofundar a espoliação do país pelo capital financeiro e as
transnacionais, o PCO quer nos convencer que estes acontecimentos não são
expressão do mesmo processo contrarrevolucionário? Temos uma explicação
marxista para tamanha cara de pau: Rui Pimenta deseja fugir da responsabilidade
política e histórica de ter apoiado a contrarrevolução na URSS e no Leste
Europeu, buscando se limpar de sua política podre ao vender gato por lebre,
afirmando ser “invenção” da LBI a denúncia de que Causa Operária apoiou a restauração
capitalista!
Nada melhor do que os
fatos atuais e passados para provar o que afirmamos! Logo que explodiu a crise
na Ucrânia no final de 2013, a LBI denunciou que “Causa Operária, que hoje
critica as posições pró-imperialistas da LIT, finge ser defensista e contra a
restauração capitalista, era uma das correntes mais fervorosas na defesa da
suposta ‘revolução política’ na RDA e na URSS, posição contrarrevolucionária
que inclusive levou a nossa ruptura programática com esta seita revisionista”
(sítio LBI, janeiro/2014). Felizmente, como vimos, não é preciso compartilhar das caracterizações da LBI para se chegar facilmente à conclusão de que o PCO
apoiou a destruição contrarrevolucionária da URSS, responsável por levar ao fim as
repúblicas soviéticas e provocar a sua “independência” em um movimento
fomentado pelo imperialismo e a CIA, como ocorreu na própria Ucrânia no começo
da década de 1990. Não por acaso, os fascistas e neonazistas do Setor Direito
que deram o golpe em Kiev em fevereiro deste ano contra o governo pró-russo se
concentraram e ergueram suas barricadas na chamada “Praça da Independência”, já
que apoiaram os movimentos separatistas na Ucrânia no começo da década de 90,
tendo a mesma posição do PCO na época, tanto que juntos saudaram a “revolução
política” que pôs fim à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas!!! Até hoje
o PCO reivindica esta posição vergonhosa, basta ver que no atual artigo sobre a
Ucrânia afirma: “Na Rússia aconteceu uma revolta popular que inclusive
derrotou a tentativa do golpe de estado encabeçado por Boris Yeltsin, colocando
um freio na dilapidação das empresas públicas. Na Alemanha Oriental, as massas
também se revoltaram, o que levou à queda do Muro de Berlin. O imperialismo
alemão interveio e impôs a unificação das Alemanhãs dentro da política de
contenção das tendências revolucionárias (Sítio PCO, 04/02/2014, Ucrânia: Qual a
diferença com a queda do Muro de Berlim?) para logo depois, pasmem, declarar
que a “A revolta contra o Muro de Berlim expressou uma revolução política
contra o acordo estabelecido entre a burocracia que dominava a Alemanha
Oriental e a burguesia da Alemanha Ocidental”(Idem). Mais claro e
pró-imperialista impossível! O “detalhe” é que em 20 de agosto de 1991 um golpe
militar dirigido por generais stalinistas e setores da KGB tentou barrar a
divisão da URSS um dia antes da celebração do chamado Tratado da União que
criava uma Federação de Repúblicas Independentes, com ampla autonomia para seus
presidentes levarem a cabo a restauração capitalista. Sob o comando do então
vice-presidente da União Soviética, Gennady Yanaiev, esta ala prendeu Gorbachev
com o objetivo de retomar o controle do aparelho central do então Estado
operário soviético. O golpe foi derrotado e de seu fracasso surgiu como novo
ícone da restauração capitalista Boris Yeltsin, então presidente da Federação
Russa, que tratou de dar curso ao processo de liquidação contrarrevolucionária
da URSS. Yeltsin comandou um setor que havia rompido com o aparato estatal do
PCUS, se alçou à condição de representante direto do imperialismo e venceu, com
a ajuda da burguesia mundial, o golpe de estado liderado pelos burocratas
stalinistas do Comitê de Emergência. Os restauracionistas tomaram o poder,
instaurando um governo capitalista na Rússia, disposto a destruir as antigas
bases sociais do Estado operário através da autonomia total das então
repúblicas soviéticas, privatizar a economia estatizada e a restaurar o
capitalismo na região! Como se vê, tudo o contrário do que deseja vender Causa
Operária em uma grotesca falsificação histórica. Na verdade, tanto Causa
Operária como o PO apoiaram o contragolpe restauracionista, saudando-o como uma
vitória revolucionária das massas! No documento preparatório ao VI Congresso (o
mesmo do V Congresso de Causa Operária!) PO afirmava: “A derrubada dos regimes
políticos burocráticos do leste, a queda do muro de Berlim e a desagregação da
federação soviética são episódios políticos revolucionários de alcance europeu
e internacional”. Na verdade, a destruição da URSS não foi produto de nenhuma
“ação de massas” e sim da iniciativa de um setor da burocracia tensionado
diretamente pelas ligações com o capital financeiro internacional a partir da
Perestroika, obtendo apoio da maioria dos altos comandantes militares
interessados na privatização das poderosas indústrias bélicas soviéticas. A
tentativa desesperada de um setor minoritário da burocracia de barrar a
dissolução da URSS, encabeçada por Yanaiev, foi destroçada não por uma
“revolução de massas”, mas por generais restauracionistas liderados
politicamente por Yeltsin, que não conseguia juntar mais de dez mil pessoas nas
ruas de Moscou (uma cidade com mais de 10 milhões de habitantes) durante os
três dias do fracassado golpe. O emblocamento do PO e do PCO com o bando de
Yeltsin em nome da defesa da “democracia” contra o “totalitarismo stalinista”
revela por completo o caráter apodrecido desta corrente. Como vemos, ao
reafirmar seu apoio à “revolução política” made in CIA que levou a destruição
do Muro de Berlim e o fim da URSS, Causa Operária demonstra que é eterna
“herdeira” do Altamirismo! Não por acaso, quando outros setores no interior de
Causa Operária saíram da organização questionando sua linha pró-imperialista,
CO afirmou que “colocam-se simplesmente na defesa da política restauracionista
da burocracia somente que aplicada com métodos totalitários, ou seja, de guerra
civil contra a classe operária, tal como ocorre na China e em certa medida em
Cuba. Nestes países, a política da burocracia tem um caráter cristalinamente
capitalista, o que implica em uma profunda integração com o capitalismo
mundial, a serviço de cujos lucros coloca o país. Nestas condições, o Estado
transformou-se em instrumento da super exploração dos operários em benefício do
capitalismo mundial” (Um esclarecimento à Praça, Ed. Causa Operária, pág. 51).O
“genial” Rui Pimenta, não por acaso à época sob a influência direta do seu
mestre Altamira, que andava espalhando a estúpida ideia que a antiga Alemanha
Oriental não era um Estado operário e sim uma “colônia financeira” do Ocidente,
chegou a afirmar que Cuba era explorada pela antiga URSS: “é importante
assinalar que a tese que apresentava este comércio Cuba-URSS como um subsídio a
ilha é completamente falsa (Causa Operária, nº 149). A noção de que Fidel
explora os operários cubanos a serviço do capitalismo mundial, e ainda por cima
com métodos de guerra civil, fica mais apropriada na boca dos gusanos de Miami,
que também querem uma “revolução política” na Ilha ao estilo da que ocorreu na
URSS e na RDA. O próprio Jorge Altamira, dirigente máximo da suposta corrente
internacional a que pertencia Causa Operária (ou que pertence pois não temos
uma explicação pública de como “andam” as relações políticas entre ambas as
organizações), afirmava sobre o fim do Muro de Berlim que “o regime totalitário
caiu, as massas conquistaram as liberdades democráticas, o direito de
organização, e, agora, o comando capitalista vai ter que pagar esta dívida
externa contra uma massa que quer lutar, quando antes, com um governo dito
socialista, totalitário, sem liberdades de organização, os trabalhadores tinham
que pagar toda esta dívida externa sem poder lutar (...) mas aquele
acontecimento, nas condições da época, foi um acontecimento revolucionário,
provocou uma quebra das relações que estavam transformando um país chamado
socialista em uma simples colônia financeira do capital ocidental e unificou as
massas na luta direta contra toda esta opressão” (Causa Operária, 01 a 07,
Fev/93). A posição do PO e Causa Operária são claras, as massas “conquistaram”
as “liberdades democráticas” e o “direito de organização”, acabando com uma
simples “colônia financeira” (referindo-se ao Estado operário deformado alemão
oriental) em um acontecimento “revolucionário”! Nessa “colônia financeira” como
Altamira chamava a RDA, cuja “quebra” também festejou CO, havia pleno emprego,
saúde, habitação, educação gratuita para toda a população, socialização das
tarefas domésticas (creches, lavanderias, etc.).
O apoio à restauração
capitalista na URSS foi levado a cabo não só pela LIT como tenta apresentar o
PCO, mas pela esmagadora maioria das correntes pseudotrotskistas no Brasil,
como Causa Operária e TPOR. Esta onda arrastou o conjunto da esquerda que, ao
condenar as “ditaduras totalitárias stalinistas”, aliava-se com a nascente
burguesia restauracionista “em defesa da democracia”. Romperam, desta forma,
completamente com o critério de Trotsky que defendeu até os últimos dias de sua
vida a URSS, mesmo stalinizada, da ofensiva imperialista interna e externa,
chamando a vanguarda proletária a preparar as bases da revolução política
contra a burocracia parasitária enquanto defendia incondicionalmente o Estado
operário e suas conquistas, apesar de Stálin. No curso dessa tarefa, na mesma
trincheira de classe de defesa da URSS, os revolucionários lutam pela
construção de um genuíno partido revolucionário para se postar como alternativa
de direção das massas no combate decisivo pela democracia soviética. A posição
acima foi defendida pelo núcleo de militantes que rompeu com Causa Operária em
1995 e deu origem a LBI. No documento, “Quem Somos e porque Lutamos” (Junho 95)
explicamos que “Nossa ruptura está fincada fundamentalmente sob a defesa
incondicional do Estado operário soviético. A OQI, sob o peso da herança do
lambertismo, analisou que a dissolução da ex-URSS, assim como a anexação capitalista
da Alemanha Oriental, foram fatos progressivos para o proletariado mundial...A
destruição dos estados operários e o fim do estalinismo, dando lugar à barbárie
capitalista, não foi produto da ação revolucionária das massas, ao contrário, é
fruto da contra-revolução burguesa mundial, colocando como tarefa a todos
aqueles que reivindicam o legado de Lenin e Trotsky, o combate a ferro e fogo
pelas conquistas históricas da revolução”. Agora vejamos o que dizia o PCO na
época, nas palavras de Rui Pimenta, ironizando a defesa que o próprio Trotsky
fez da URSS e atacando a posição defensista da LBI (os grifos e os sic são do
próprio Rui Pimenta): “Segundo os farsantes, contudo, esta seria a posição do
próprio Trotsky: ‘Como Trotski nos ensinou ‘Stalin derrotado pelos
trabalhadores será um passo adiante para o socialismo, Stalin aplastado (sic,
os sábios quizeram dizer ‘esmagado’) pelos imperialistas significa a
contra-revolução (sic) triunfante. Este é o sentido preciso da nossa defesa da
União Soviética em escala Mundial.’ (‘Uma vez mais a URSS e sua defesa’, L.
Trotsky). Já na época dos padres da Igreja e do escolasticismo foi verificado
este grave problema com citações, ou seja, que tomadas abstratamente dão lugar
a todo o tipo de sandices. Então Trotski era a favor de que os trabalhadores, e
não o imperialismo, derrubassem Stalin: extraordinário!... (sic) O único
problema é que as coisas não ocorreram desta forma. O muro de Berlim não foi
derrubado pelas tropas norte-americanas estacionadas em Berlim Ocidental, mas
por um levante popular que sacudiu toda a Alemanha Oriental... Mas os
impostores não conseguiram distinguir a revolução política no panorama do Leste
europeu...” (livreto “Um grupo de impostores políticos”, Rui C. Pimenta,
pp.58-59). Ainda segundo as próprias palavras de Rui Pimenta “... para
construir um partido revolucionário no Leste europeu (em Cuba, na China etc.)
seria, e é, necessário impulsionar o movimento antiburocrático das massas e
disputar no seu interior a sua direção com todas as forças direitistas e
reacionárias que apresentassem suas candidaturas à direção deste movimento...”
(Idem, pág. 60). Para Causa Operária que agora se diz defensora de Cuba e
critica o PSTU-LIT, os trotskistas teriam que estabelecer uma frente única
(movimento antiburocrático) com os “gusanos” e a própria “CIA” norte-americana
em Cuba, por exemplo, caso contrário, estaríamos agindo “...como alguém que
tivesse sofrido lobotomia, apoiando a ditadura da burocracia contra as massas”
(ibdem, pág. 60). Segundo Causa Operária, o próprio Trotsky seria um destes
“lobotomizados” quando defendia, no Programa de Transição, exatamente o
contrário: “Assim, não é possível negar antecipadamente a possibilidade, em
casos estritamente determinados, de uma frente única com a parte termidoriana
da burocracia contra a ofensiva da contrarrevolução capitalista.” Apoiar
incondicionalmente qualquer mobilização, levante, ou panaceias que tenham
slogans “antiburocráticos” contra a existência das bases sociais de um Estado
operário significa jogar objetivamente no campo da contrarrevolução
imperialista. Ao vestirem a camisa do time “antiburocrático” de Yeltsin e CIA,
os Altamira, Pimenta, Lambert, Moreno, Lora etc. foram cúmplices, e corresponsáveis
políticos na arena mundial, pela tragédia social (restauração capitalista
mafiosa) que ocorre hoje nos antigos Estados operários do Leste europeu.
A destruição
contrarrevolucionária dos Estados operários, e mais particularmente da URSS e
da RDA foi apresentada como uma “revolução política” pelo PCO, que criticou a
LBI por não “conseguir distinguir” um movimento progressivo de um
contrarrevolucionário! Ao contrário do que dizia o PCO, a anexação imperialista
da Alemanha Oriental, até então controlada pelo stalinismo, trouxe consigo
desemprego para o proletariado alemão oriental, perda de suas conquistas
históricas, maior presença militar ianque na região etc., em resumo: uma
derrota histórica do proletariado mundial. O Muro de Berlim significava
militarmente a divisão entre as tropas imperialistas da OTAN (que hoje ameaçam
impunemente as ex-repúblicas soviéticas como a Ucrânia) e as tropas do Pacto de
Varsóvia, na época representante militar dos Estados operários burocráticos.
Simbolicamente, era expressão da fronteira de dois modos antagônicos de
produção existentes até então. De um lado, o “livre” comércio, o mercado
“soberano”, a exploração da força de trabalho, o desemprego, a fome e a
prostituição; do outro, o pleno emprego, o monopólio do comércio exterior, o
direito à saúde e educação estatizadas, em síntese, a socialização da economia,
apesar do planejamento autoritário imposto pela burocracia stalinista. Como nos
ensinou Trotsky, os revolucionários não poderiam hesitar, sob hipótese alguma,
de que lado lutariam no confronto entre o imperialismo e o Estado operário
soviético. Apesar do stalinismo, estariam na linha de frente defendendo as
conquistas sociais do Estado operário contra o imperialismo e, neste lado da
trincheira, preparando as condições para a derrubada revolucionária da casta
stalinista que, com seus métodos burocráticos de defesa do Estado operário não
faria outra coisa senão preparar, em última instância, a própria vitória do
imperialismo. Um Estado operário, mesmo que degenerado sob a direção da casta
parasitária stalinista, engendra conquistas sociais para o proletariado,
advindas da expropriação da burguesia e da instauração de uma economia
socializada, ou seja, planificada não em função da geração do lucro e da
acumulação privada do capital. Trotsky, nestes países, apontava a necessidade
da realização de uma revolução política para livrar a classe operária da
planificação burocrática da economia, assim como do domínio político do
stalinismo, uma correia de transmissão do imperialismo no interior do próprio
Estado operário. Por isto mesmo, Trotsky procurava estabelecer o conteúdo de
classe das “movimentações antiburocráticas”, para determinar se eram
progressivas, ou seja, rumo à revolução política, ou reacionárias, em direção à
restauração capitalista, mesmo que inconscientemente. Ele próprio a frente do
Exército Vermelho teve que reprimir um levante dos operários marinheiros de
Kronstadt, que naquele momento, apesar dos reclamos “antiburocráticos”, jogavam
objetivamente no campo do enfraquecimento do Estado operário soviético. Apoiar
incondicionalmente qualquer mobilização, levante, ou panaceias que tenham
slogans “antiburocráticos” contra a existência das bases sociais de um Estado
operário significa jogar objetivamente no campo da contrarrevolução
imperialista.
Causa Operária, PO e uma
ampla franja dos revisionistas do trotskismo cometeram uma traição histórica ao
perfilar-se ao lado de Yeltsin e seus asseclas, para liquidar as bases sociais
do Estado operário soviético. Hoje, os efeitos da restauração capitalista na
ex-URSS e em todo o Leste europeu são catastróficos para todos os povos do
mundo e, em particular, para os da antiga pátria soviética e as ex-repúblicas
da URSS, como a Ucrânia. A Rússia teve sua economia arrasada (anteriormente, a
segunda economia mundial)! A fração burguesa dominante comandada à época por
Yeltsin e parida das próprias entranhas da burocracia stalinista, comandou a
acumulação primitiva de capital, através da rapinagem mafiosa das antigas
empresas estatais. Mas a restauração capitalista, para PO e Causa Operária não
passava de uma “revolução antiburocrática das massas”, o importante mesmo era
liquidar o stalinismo, sendo apenas um “detalhe” de menor importância se, junto
com o stalinismo, caísse também o Estado operário, afinal, a classe operária
teria mais “liberdade” para lutar, sobre os escombros do Estado operário, pelo
verdadeiro socialismo. Estamos agora, com o avanço da contrarrevolução na
Ucrânia, fazendo nosso “acerto de contas” com o conjunto do revisionismo que
hoje balbucia sobre os efeitos nefastos da restauração capitalista mesmo que se
finja cinicamente de defensista, como o PCO, apesar de continuar reivindicando
toda sua herança altamirista!