Argentina sob a pseudo “Greve
geral” do 10/04: Um conluio entre as máfias peronistas, CGTs, centro-esquerda
burguesa CTA, e as federações capitalistas da UIA e SRA. Mais uma vez o
revisionismo (FIT) vai a reboque...
Ocorre hoje (10/04) uma “greve
geral” na Argentina convocada pela oposição burguesa de direita contra o
governo CFK. A convocação política denominada como “Paro Nacional” (para evitar
o termo “Huelga General”) não poderia ser mais ampla, contando inicialmente com
o apoio das centrais peronistas mafiosas: CGTs Moyano e Barrionuevo e a CTA do
burocrata sindical Michelli, logo unificou interesses políticos com a UIA (
União industrial Argentina) e a ultrarreacionária oligarquia rural da SRA (Sociedade
Rural Argentina). Com tímidas demandas por aumento salarial e contra a
disparada inflacionária, patrocinada pela desvalorização do Peso em relação ao
Dólar, os burocratas sindicais se juntaram às entidades patronais para, na
verdade, exigir do governo Cristina que gire as exportações argentinas para
outros mercados... rompendo com o que chamam de “dependência Bolivariana”. Para
não deixar dúvidas sobre o porquê do apoio político de grandes grupos
capitalistas à greve do dia 10, a ADEFA (Associação de Fábricas de
Automotores), destacou em sua “convocação”: a abrupta queda na demanda
brasileira e reclamou do Governo CFK que “intensifique suas negociações para
abrir o mercado de automóveis a outros
países”. Além das federações capitalistas o “Paro” contou com o
fervoroso respaldo dos partidos de direita como o PRO de Macri e da “Frente
Progressista” do reacionário oligarca Binner, além é claro de todas as
dissidências do Kirchnerismo. Os informes de hoje dão conta de que as empresas
multinacionais “dispensaram” os trabalhadores, o que foi seguido por todos os
gestores provinciais e distritais da oposição burguesa, somando no esforço de “engrossar”
e “radicalizar” a paralisação convocada por 24 horas. É certo que o governo “nacionalista
burguês” de Cristina vem assumindo uma linha cada vez mais neoliberal diante do
agravamento da crise econômica que se agrava no país, notadamente com medidas
de confisco salarial e maior repressão policial às mobilizações populares,
porém os Marxistas Revolucionários não podem integrar-se em uma “frente de ação”
com os setores mais sinistros da burguesia, sob a justificativa de apoiar uma “greve”,
cujos objetivos passam bem distantes dos interesses históricos e imediatos da
classe operária. Não poderíamos “ornamentar” uma convocação policlassista de
direita (patrões e trabalhadores unidos pelo bem da nação contra o governo) com
consignas de “independência de classe”, como tenta fazer a maioria da esquerda
revisionista (FIT e agregados). Apesar do enorme descontentamento popular com
um governo que reage à crise capitalista aprofundando a cartilha neoliberal dos
rentistas internacionais, o movimento operário deve saber distinguir seus aliados
na luta pelo poder socialista, dos “parceiros” demagógicos de ocasião que
bradam ferozmente contra a presidenta CFK mas que representam os interesses do
imperialismo em subordinar a nação a banca de Wall Street. Uma verdadeira greve
geral está na ordem do dia, não só na Argentina, mas de todo o continente
latino atacado pela ofensiva imperial, mas uma “greve justa” sob hipótese
alguma pode contar com o apoio político das transnacionais, oligarquia e
rentistas, disfarçados em “companheiros de luta” contra o “autoritarismo e
corrupção” dos governos da “centro esquerda burguesa”.
Sem sombra de dúvida as
tentativas realizadas por parte do governo para “contingenciar” a paralisação
foram todas inúteis, desde as ameaças à burocracia sindical até a forte
repressão federal não conseguiram impedir uma forte adesão de setores expressivos
da classe, como Metroviários, ferroviários, condutores e servidores estatais em
geral. O setor industrial seguiu a orientação da confederação patronal
orientando a greve, assim como ocorreu com a Sociedade Rural de forte
influência nas províncias do interior do país. Na ausência de uma direção
revolucionária para o movimento de massas, o proletariado argentino atendeu o
chamado da frente policlassista de oposição ao governo, reforçando objetivamente
uma alternativa capitalista ainda mais conservadora e entreguista do que o
atual bloco político Kirchnerista. Na prática, o que ocorreu hoje (10/04),
melhor definido do que uma greve geral operária, foi uma reedição sindical dos
protestos batizados de “20N”, ocorridos em 2012, onde a “pauta de reivindicações”
não foi dirigida aos empresários nacionais, latifundiários ou corporações
capitalistas internacionais, mas exclusivamente ao governo CFK.
Apesar da coordenação do
“Paro” ter ficado politicamente a cargo das centrais sindicais, notadamente a
CGT Moyanista, que até pouco tempo atrás apoiava o governo “K”, não se pode
desconsiderar a influência das federações patronais em sua convocação. Este
elemento, ainda que “camuflado” pela burocracia peronista mafiosa não pode ser
menosprezado em uma rigorosa análise marxista, sob a justificativa de um “seguidismo”
sindical na trilha do economicismo mais vulgar. Poderíamos entender como legítima
a disputa política do movimento de massas com a direção de qualquer burocracia
sindical (até a mais direitista), mas como Marxistas não podemos “disputar” um
movimento “grevista” reacionário, pelos seus objetivos estratégicos mais além
de algumas demandas corretas, gestado materialmente pelas câmaras patronais e
pela oposição burguesa pró-imperialista. Uma “massiva” greve dirigida pela
burocracia sindical que tem como objetivo impedir a entrada de operários negros
(ou imigrantes) em uma determinada fábrica, jamais deve ser apoiada, ao
contrário, deve ser caracterizada como reacionária, assim nos ensinou o legado
de Trotsky. Também uma greve nacional que tem por objetivo central derrotar um
governo “populista” burguês, para por no seu lugar um outro conservador
alinhado integralmente com a Casa Branca, deve ser considerada como reacionária
em toda sua linha.
Desgraçadamente, a
esquerda revisionista argentina perdeu todas as referências de classe em sua
sede voraz de ocupar postos no parlamento burguês. Juntos “Morenistas” e “Altamiristas”,
agora colados de forma oportunista na FIT, se esforçam para maquiar a face
reacionária do “Paro” imprimindo palavras de ordem “combativas” em sua
plataforma, além de organizarem os piquetes para tornar esta “greve geral”
minimamente “ativa”. Lado a lado com Macri e Binner, Altamira proclama o “fim
precoce” de Cristina, “sonhando acordado” em ver o seu PO dobrar sua bancada
parlamentar as custas da falência política do Kirchnerismo. Acontece que nesta
linha o Partido Obrero atua como reboque de “esquerda” da oposição conservadora
e pró-imperialista, pavimentando a vitória do ex-peronista Sérgio Massa à
presidência da república em 2015. Aliás, veio do “novo” MAS a mais sincera definição
política acerca do que pretende a esquerda revisionista nesta greve: “El país
se encuentra en la recta final hacia el paro convocado por Moyano y Barrionuevo
para el 10 de abril... El paro general se transforme en una verdadera huelga
general política que ponga en cuestión no sólo el plan de ajuste, sino la
estabilidad misma del gobierno de Cristina...Es decir, una jornada que se
parezca lo más posible a una huelga general política.” (declaração do MAS 03/04,
no original em espanhol para que não
seja “deturpada”...). Esta esquerda infame (PO, PTS, IS e MAS) pretende
conjuntamente com a asquerosa máfia peronista, Moyano e Barrionuevo, organizar
uma greve geral política para derrubar Cristina e eleger qualquer “diabo”
indicado por Obama!
Somente a própria classe
operária e seus organismos independentes de combate, e não agentes degenerados
da burocracia sindical, terão as condições políticas necessárias para remover o
nacionalismo burguês, a frente do estado capitalista, instaurando um novo
poder, o governo operário como antessala da Ditadura do Proletariado. Uma
genuína greve geral seria um bom “ensaio” para realizar esta tarefa histórica.
No entanto “lutar” ao lado de bandos capitalistas reacionários para conspirar “ativamente”
contra o governo CFK, só poderá ceder espaço à contrarrevolução golpista, de
forma semelhante ao que ocorreu na deposição de Perón, em 1955, obrigando-o a
partir para o exílio. Nós comunistas da LBI não apoiamos qualquer “movimento”
ou “greve” protagonizada pelas “massas” ou mesmo trabalhadores, o fundamental
sempre é aferir os objetivos políticos e a estratégia do movimento, para
definir uma justa posição, sob a ótica dos interesses gerais do proletariado e
seus aliados históricos.