Estado de
terror policial no Rio de Janeiro: Povo pobre sitiado pelas FFAA e assassinado
pela PM!
Os últimos
dias foram marcados por uma verdadeira onda de assassinatos perpetrados pela PM
do Rio de Janeiro contra o povo pobre. Logo após a desocupação da Favela da Oi
pelo batalhão de Choque, deixando mais de cinco mil pessoas sem moradia, a
polícia voltou a matar na Favela Pavão-Pavãzinho! Além de ter espancado e
assassinado o dançarino DG, atacou ferozmente a manifestação de protesto contra
sua morte, deixando um rastro de sangue com dezenas de feridos e um homem sem
vida com um tiro na cabeça. Em apoio à bárbara ação da PM, as FFAA enviadas pelo
governo Dilma estão estacionadas nos morros e favelas sitiando estas
comunidades na operação de “Garantia da Lei e da Ordem” (GLO). Os explorados se
defendem como podem e vem protestando nas ruas da cidade, como em Copacabana e
no centro, formando barricadas, queimando carros, ônibus e resistindo, no que
são atacados pela mídia “murdochiana” que os acusa de “vândalos” e reivindica
mão dura do aparato policial sob as ordens do governo do PMDB. Esta realidade
explosiva que percorre toda a cidade do Rio de Janeiro, coloca na ordem do dia
a necessidade de cobrir de ampla solidariedade os protestos populares, lutando
pela constituição de comitês de autodefesa nas favelas e morros e pela
destruição da PM e suas UPPs assassinas, braço armado do Estado burguês, para a
qual setores ditos de esquerda ainda tem a cara de pau de chamar o apoio a suas
greves reacionárias por “melhores condições de trabalho”, ou seja, a fim de
melhor atacar e assassinar os trabalhadores e o povo pobre!
A mãe do
dançarino Douglas Rafael morto pela PM, Maria de Fátima, comparou a morte do
filho ao desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, na
Rocinha, no ano passado. O corpo de DG foi encontrado ("desovado") em
uma creche na terça-feira (22), após ter sido brutalmente espancado e baleado
pelos PMs, o que gerou revolta na comunidade do Pavão-Pavãozinho. Em
decorrência deste ato bárbaro houve um autêntico protesto popular, com
importantes ruas de Copacabana fechadas e um carro queimado. O Metrô chegou a
fechar acessos da Estação General Osório. Helicópteros da PM sobrevoaram a
região e o batalhão de Choque foi acionado atacando nas ruas a população
oprimida. A mãe de DG disse não ter dúvidas de que seu filho foi espancado por
policiais da UPP instalada na comunidade desde 2009: “Eles disseram que ele
caiu na creche. Como, então, o atestado de óbito diz que o peito foi perfurado?
Não tinha vergalhão nenhum naquela creche. Depois disseram que ele foi
confundido com bandido no meio do tiroteio. Como assim confundido?” questionou.
Ao falar da morte do filho, Maria de Fátima também citou ainda as mães de Acari
– como ficaram conhecidas as mães das vítimas da chacina de Acari, em 1990.
“Depois que se perde uma cria, a mãe vira fera. Eu vou virar uma mãe de Acari
também. Não vou me calar. Alguém tem que dar um jeito de parar esse projeto
falso de pacificação”, destacou a técnica de enfermagem.
Em março, a
vítima destes carrascos de farda foi a trabalhadora Claudia da Silva Ferreira
de 38 anos, mãe de quatro filhos, covardemente baleada por policiais militares
quando saia de sua residência para comprar pão no Morro da Congonha, zona norte
do estado, sendo em seguida colocada friamente no porta-malas do camburão de
uma viatura, a qual saiu em direção ao Hospital Carlos Chagas na zona norte,
quando em meio ao trajeto a porta da viatura se abriu e Claudia foi projetada
para fora do veiculo, ficando pendurada pela roupa no para-choque, sendo
arrastada no asfalto barbaramente por cerca de 250 metros. Transeuntes avisavam
os policiais que a mulher estava sendo arrastada, fato ignorado pelos PMs que
continuavam a guiar tranquilamente a viatura.
A população
negra se torna a maior vítima em potencial desta política de extermínio com
contornos “malthusianos” caracterizada por uma guerra de classe declarada pela
burguesia e seu Estado contra o proletariado, principalmente à sua parcela mais
oprimida e superexplorada que são justamente os trabalhadores negros. Para
levar adiante esta política assassina contra os trabalhadores nos bairros
pobres e favelas, a burguesia articula através do PIG uma verdadeira campanha
de manipulação acerca do trafico de drogas. Esta política é resultado direto
das ordens emanadas dos corredores da Casa Branca e sua doutrina de “tolerância
zero”, baseada totalmente na criminalização da pobreza e higienização social,
visando afastar a população pobre das regiões de interesse principalmente da
especulação imobiliária, o que tem ocorrido de forma recorrente mais
intensamente em São Paulo e no Rio de Janeiro. A tática da burguesia e do
capital financeiro é implantar as UPPs a ferro e fogo através dos criminosos do
BOPE, para depois impor um verdadeiro estado de sítio contra as comunidades,
tornando a vida dos trabalhadores insustentável expulsando-os para as regiões
mais afastadas da cidade, muitas vezes para zonas de risco como morros,
córregos, aterros sanitários etc.
Diante de uma
situação de extermínio da população trabalhadora desde seu local de moradia
pelas mãos do Estado burguês, não resta outra alternativa que não seja a
resistência direta e sua autodefesa contra os facínoras fardados. Dessa forma,
é imperativa a criação de comitês de autodefesa pelos trabalhadores que estão
sendo brutalizados pela PM como fizeram os Panteras Negras nos EUA nas décadas
de 60 e 70, como forma de sobrevivência de todas as comunidades moradoras das
favelas e periferias do país, bem como a articulação de uma frente única de
luta de favelas. Dessa forma, ao contrário do que pregam os revisionistas do
PSTU e PSOL que desejam desmilitarizar essa corporação, o movimento de
resistência tem que se basear num dos princípios mais fundamentais da luta de
classe elaborada por Marx e Engels que é a destruição violenta de todo aparato
repressivo da burguesia. Por este motivo deve-se denunciar todas as forças
políticas que apoiam as greves reacionárias das PMs como as que ocorreram
recentemente na Bahia e no Rio Grande do Norte. Entre as correntes
pseudotrotskistas, não só as morenistas apoiam essas greves reacionárias.
Também a TPOR diz que “apoia a greve dos policiais militares e bombeiros por
suas reivindicações de aumento salarial” (Massas, 19/04), alegando em um
sindicalismo vulgar que “O problema fundamental está no fato de que os
policiais militares e bombeiros estão sob a direção de lideranças burguesas ou
pequeno-burguesas” (Idem). Esses canalhas nos dizem que os policiais são
“trabalhadores fardados” e nesta condição vítimas da exploração e arrocho
salarial como os outros servidores públicos, cabendo apenas superar suas
direções como em outra qualquer categoria de trabalhadores. Os policiais, como
uma categoria social, realmente são assalariados (e na sua grande maioria de
origem proletária) e nisto se resume seu único “denominador comum” com os
trabalhadores. Como um destacamento de “serviços especiais” do Estado burguês,
os policiais não fazem parte da classe trabalhadora. A polícia cumprindo a
função social de um destacamento armado para preservar a propriedade privada
dos meios de produção, jamais poderia ser considerada parte integrante da
classe trabalhadora, pelo menos para os que têm referência no marxismo. Somente
revisionistas mais decompostos podem acreditar que a função da polícia em uma
sociedade de classes é cuidar da “segurança pública”, de todos os cidadãos
independente de sua posição na cadeia produtiva. A verdadeira “proteção” da
polícia é dada apenas à burguesia nos momentos em que se sente “ameaçada” de
seus lucros pelas lutas do proletariado.
A brutal ação
da PM ao povo pobre, nas jornadas de junho e nos atuais protestos contra a Copa
mostrou que esta política suicida deve ser rechaçada pelo ativismo classista,
que neste momento deve tirar a lição elementar de prestar qualquer apoio ou
solidariedade a essa corporação militar reacionária que não tem nenhum interesse
em comum com os da classe operária! Ao contrário de subordinar as organizações
de massas à reacionária greve policial, como fazem os reformistas de todos os
matizes, é preciso convocar a mobilização dos trabalhadores, os protestos
contra a Copa do Mundo e impulsionar a formação de comitês de autodefesa e
milícias operárias, educando o proletariado para a necessidade da destruição do
aparato repressivo do Estado burguês!