Frente de Esquerda: O
porquê da “generosidade” de Luciana “Gerdau”
com o PSTU
com o PSTU
Em uma nota da Direção
Nacional do PSTU, publicada na última segunda-feira (26/05), o staff Morenista
agradece os esforços envidados por Luciana Genro para tentar viabilizar a
formalização da Frente de Esquerda ainda para as eleições de outubro deste ano.
Luciana se dispõe inclusive a abrir mão de sua indicação à vice-presidência na chapa
do senador Randolfe Rodrigues para dar seu lugar a um nome do PSTU, no que
parece ser a derradeira tentativa do PSOL para atrair os Morenistas para a
composição da aliança eleitoral reformista. Por sua vez, o PSTU agradeceu
profundamente a iniciativa da ex-deputada do PSOL, acometendo-se de uma súbita
amnésia política em relação à própria trajetória de Luciana, afirmando que: “Não
podemos deixar de reconhecer o gesto de generosidade política da ex-deputada no
que toca ao debate interno em seu partido”(Nota do PSTU). O PSTU em um
verdadeiro libelo da diplomacia burguesa declara que: “Não é parte de nosso
cotidiano opinar sobre debates internos de outros partidos” (idem), imaginem se
Lenin e Trotsky afirmassem que não “opinam” sobre o “cotidiano” da Social
Democracia ou do Estalinismo. Diante do “gesto de generosidade” do que o PSTU
lamenta de ser apenas de uma parcela minoritária do PSOL e não de sua ala
majoritária (Ivan Valente e seu bando de vigaristas políticos), os Morenistas
confessam não acreditar mais na possibilidade da formação da Frente em nível
nacional, mas demonstram grande interesse na viabilização de um acordo político
com o PSOL em alguns estados que consideram de grande potencial eleitoral, como
o Rio. O curioso mesmo é que o PSTU ao declinar da proposta de Luciana, para
tentar ocupar seu lugar ao lado de Randolfe, relaciona alguns motivos políticos
que o levaria a não ter muita motivação para “brigar” pela vice da Frente de
Esquerda, um destes seria o financiamento de grandes empresas para as campanhas
do PSOL, “esquecendo” que foi a própria Luciana uma das “pioneiras” da Frente a
receber grana de vários grupos econômicos para sua campanha a prefeitura de
Porto Alegre, em uma chapa com o PV. Nesta época a corrente que Luciana integra,
o MES, defendeu abertamente o acerto político de terem sido financiados pela
holding Gerdau, o maior grupo capitalista do Rio Grande do Sul. Porém, ainda
mais grave do que a “amnésia” dos Morenistas neste episódio de “surto de
generosidade” de Luciana, foi o fato de terem omitido que acabaram de aceitar o
ingresso do MES (a corrente que faz a apologia da parceria financeira com
empresários) em sua central sindical a CONLUTAS. Como se pode aferir, as
supostas “divergências” que o PSTU afirma ter com o PSOL acerca da “independência”
frente aos patrões, não passa de uma barganha para justificar seus esforços de
entrar a qualquer custo na Frente de esquerda, nem que seja pela porta das
alianças estaduais. Se os Morenistas realmente rejeitassem por princípio
programático o “apoio financeiro” de empresas capitalistas, jamais aceitariam a
entrada do MES em suas fileiras sindicais.
Como diz o velho ditado
popular: “Uma mão lava a outra”, exatamente por esta razão Luciana foi capaz de
tanta “generosidade” para com o PSTU, na medida em que seu agrupamento político
foi muito bem recebido na CONLUTAS, apesar de não esconder suas posições
abertamente em favor da colaboração de classes. Na verdade, podemos afirmar que
existe uma grande afinidade programática entre o MES e o PSTU, ambas vertentes
Morenistas desde a gênese. A principal diferença entre as duas correntes reside
no fato do PSTU ainda estar “acorrentado” a uma certa pressão da militância de
base, enquanto o MES consiste na junção de “filiados” do PSOL, diretamente
ligados à estrutura do Estado burguês. Por isso, não causa estranheza que
setores da “direita” do PSOL como o MES e o ex-MTL, dos corrompidos Martiniano
Cavalcante e Janira Rocha, sejam os mais fiéis aliados do PSTU no movimento
sindical.
Para os Morenistas do
PSTU as declarações em defesa de um programa “socialista” como condição para
compor a Frente de Esquerda, são absoluta letra morta na medida em que seus
melhores aliados internos no PSOL são os campeões do reformismo e de uma
política policlassista de integração ao Estado capitalista. Como o PSTU revelou
com toda sinceridade em seu próprio documento de “debates” o que define a
questão central da Frente de Esquerda é que: “Nós acreditamos que em uma Frente
deve ser respeitado o espaço político de cada partido, senão não é Frente,
seria uma adesão” (Idem), ou seja, apesar de “declamar” a favor de uma plataforma
“anticapitalista”, o que interessa mesmo são os cargos... Não pode haver
nenhuma seriedade em uma proposta de composição eleitoral “socialista” lançada
a um partido burguês como o PSOL, comprometido até a medula com a oposição
conservadora (Demo-Tucana) no Congresso Nacional.