quarta-feira, 28 de maio de 2014


Frente de Esquerda: O porquê da “generosidade” de Luciana “Gerdau”
com o PSTU

Em uma nota da Direção Nacional do PSTU, publicada na última segunda-feira (26/05), o staff Morenista agradece os esforços envidados por Luciana Genro para tentar viabilizar a formalização da Frente de Esquerda ainda para as eleições de outubro deste ano. Luciana se dispõe inclusive a abrir mão de sua indicação à vice-presidência na chapa do senador Randolfe Rodrigues para dar seu lugar a um nome do PSTU, no que parece ser a derradeira tentativa do PSOL para atrair os Morenistas para a composição da aliança eleitoral reformista. Por sua vez, o PSTU agradeceu profundamente a iniciativa da ex-deputada do PSOL, acometendo-se de uma súbita amnésia política em relação à própria trajetória de Luciana, afirmando que: “Não podemos deixar de reconhecer o gesto de generosidade política da ex-deputada no que toca ao debate interno em seu partido”(Nota do PSTU). O PSTU em um verdadeiro libelo da diplomacia burguesa declara que: “Não é parte de nosso cotidiano opinar sobre debates internos de outros partidos” (idem), imaginem se Lenin e Trotsky afirmassem que não “opinam” sobre o “cotidiano” da Social Democracia ou do Estalinismo. Diante do “gesto de generosidade” do que o PSTU lamenta de ser apenas de uma parcela minoritária do PSOL e não de sua ala majoritária (Ivan Valente e seu bando de vigaristas políticos), os Morenistas confessam não acreditar mais na possibilidade da formação da Frente em nível nacional, mas demonstram grande interesse na viabilização de um acordo político com o PSOL em alguns estados que consideram de grande potencial eleitoral, como o Rio. O curioso mesmo é que o PSTU ao declinar da proposta de Luciana, para tentar ocupar seu lugar ao lado de Randolfe, relaciona alguns motivos políticos que o levaria a não ter muita motivação para “brigar” pela vice da Frente de Esquerda, um destes seria o financiamento de grandes empresas para as campanhas do PSOL, “esquecendo” que foi a própria Luciana uma das “pioneiras” da Frente a receber grana de vários grupos econômicos para sua campanha a prefeitura de Porto Alegre, em uma chapa com o PV. Nesta época a corrente que Luciana integra, o MES, defendeu abertamente o acerto político de terem sido financiados pela holding Gerdau, o maior grupo capitalista do Rio Grande do Sul. Porém, ainda mais grave do que a “amnésia” dos Morenistas neste episódio de “surto de generosidade” de Luciana, foi o fato de terem omitido que acabaram de aceitar o ingresso do MES (a corrente que faz a apologia da parceria financeira com empresários) em sua central sindical a CONLUTAS. Como se pode aferir, as supostas “divergências” que o PSTU afirma ter com o PSOL acerca da “independência” frente aos patrões, não passa de uma barganha para justificar seus esforços de entrar a qualquer custo na Frente de esquerda, nem que seja pela porta das alianças estaduais. Se os Morenistas realmente rejeitassem por princípio programático o “apoio financeiro” de empresas capitalistas, jamais aceitariam a entrada do MES em suas fileiras sindicais.

Como diz o velho ditado popular: “Uma mão lava a outra”, exatamente por esta razão Luciana foi capaz de tanta “generosidade” para com o PSTU, na medida em que seu agrupamento político foi muito bem recebido na CONLUTAS, apesar de não esconder suas posições abertamente em favor da colaboração de classes. Na verdade, podemos afirmar que existe uma grande afinidade programática entre o MES e o PSTU, ambas vertentes Morenistas desde a gênese. A principal diferença entre as duas correntes reside no fato do PSTU ainda estar “acorrentado” a uma certa pressão da militância de base, enquanto o MES consiste na junção de “filiados” do PSOL, diretamente ligados à estrutura do Estado burguês. Por isso, não causa estranheza que setores da “direita” do PSOL como o MES e o ex-MTL, dos corrompidos Martiniano Cavalcante e Janira Rocha, sejam os mais fiéis aliados do PSTU no movimento sindical.

Para os Morenistas do PSTU as declarações em defesa de um programa “socialista” como condição para compor a Frente de Esquerda, são absoluta letra morta na medida em que seus melhores aliados internos no PSOL são os campeões do reformismo e de uma política policlassista de integração ao Estado capitalista. Como o PSTU revelou com toda sinceridade em seu próprio documento de “debates” o que define a questão central da Frente de Esquerda é que: “Nós acreditamos que em uma Frente deve ser respeitado o espaço político de cada partido, senão não é Frente, seria uma adesão” (Idem), ou seja, apesar de “declamar” a favor de uma plataforma “anticapitalista”, o que interessa mesmo são os cargos... Não pode haver nenhuma seriedade em uma proposta de composição eleitoral “socialista” lançada a um partido burguês como o PSOL, comprometido até a medula com a oposição conservadora (Demo-Tucana) no Congresso Nacional.

Os Marxistas Revolucionários entendem a importância do estabelecimento de frentes e alianças no interior do campo da esquerda, focadas na organização do proletariado para impulsionar seu combate de classe. Esta política nada tem a ver com formação de frentes eleitoreiras com partidos da ordem capitalista como propõe o PSTU. Convocar “para a luta socialista” uma quadrilha política burguesa chefiada por Randolfe Rodrigues e Ivan Valente representa uma enorme fraude política, um verdadeiro embuste distracionista do PSTU para mascarar sua completa adaptação ao regime da democracia dos ricos. Nós da LBI concentramos nossos modestos esforços na convocação de uma frente de esquerda de outro tipo, comunista e revolucionária, com o objetivo centrado na denúncia radical da farsa eleitoral destas eleições, e no lançamento de uma anticandidatura operária que represente o contraponto da fraude institucional montada pelo Estado capitalista, com o aval do conjunto da esquerda reformista ávida para ingressar no parlamento burguês.