segunda-feira, 12 de maio de 2014


Pentágono ordena que “rebeldes” retomem a ofensiva contra Assad na Síria para reforçar uma “segunda frente” no conflito político-militar com a Rússia

Os combates na Síria voltaram a ganhar os noticiários da TV e as manchetes dos jornais. Na semana passada houve uma explosão “cinematográfica” de um hotel em Aleppo pelos “rebeldes” que deixou mais de 20 soldados das FFAA mortos e também foi amplamente noticiado fortes combates nas Colinas de Golã, onde os mercenários tem o apoio do enclave sionista de Israel para combater o exército nacional sírio. Esse “repique” da guerra civil às vésperas da eleição presidencial na Síria (marcada para 03 de junho) está diretamente relacionado aos acontecimentos na Ucrânia. O imperialismo ianque deseja retomar a frente de guerra na Síria justamente no momento em que a Rússia (aliada do governo Assad) está ocupada política, militar e diplomaticamente na questão dos enfrentamentos no Leste da Ucrânia. Na verdade, o plano estratégico do Pentágono visa reforçar o cerco à Rússia através do incremento das forças da OTAN na Eurásia, instalando novas bases militares na Lituânia e debilitar o poder bélico russo na Síria, que tem uma base estrategicamente localizada no Mar Mediterrâneo. O atual “ponto de equilíbrio” no cenário mundial deve ser rompido na próxima gestão republicana na Casa Branca, quando os falcões ianques partirão com tudo contra a Síria, Irã e mais estrategicamente contra a Rússia e a China. Os recentes acontecimentos na Ucrânia, com o recuo de Putin no apoio aos referendos das “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk (que ocorreram contra a vontade oficial de Moscou decidindo massivamente pela independência) demonstra as limitações dos governos burgueses nacionalistas como Assad e Putin, reafirmando mais uma vez que somente os trabalhadores podem apontar uma saída revolucionária para o “impasse” a que se chegou na Ucrânia e na Síria.

Para os estrategistas do Pentágono não resta dúvida que a Rússia é o inimigo central neste momento. O poderio bélico do país acaba se tornando um obstáculo à sanha neocolonialista de Washington, apesar de todos os limites do governo burguês de Putin e da sua condição de poderosa semicolônia que herdou um forte aparato militar da URSS. A retomada da “frente síria” se insere neste plano. Nos últimos três anos, desde fevereiro de 2011, a Rússia vinha defendendo a Síria no campo diplomático via seu poder de veto no Conselho de Segurança (CS) da ONU. Este quadro deu um salto de qualidade. Agora é a Rússia que está sendo alvo direto da ofensiva militar ianque em sua fronteira com a Ucrânia, onde os imperialismos ianque e europeu conseguiram orquestrar um golpe de estado e impôs um governo títere de corte fascista em Kiev. Tanto que a própria assembleia geral das Nações Unidas votou contra a unificação da Crimeia com a Rússia apesar de 90% da população da península ucraniana decidir democraticamente neste sentido. Ao lado da Ucrânia, a OTAN avança sua presença militar na Estônia, Lituânia e Letônia, além de ter estreitado suas ligações com o Quirguistão. Todos esses países eram ex-repúblicas soviéticas e depois da restauração capitalista estavam sendo disputados como “áreas de influência” entre as potências capitalistas ocidentais e o Kremlin. As chamadas “revoluções das cores” (saudadas pelo revisionismo do trotskismo) que ocorreram entre 2004 e 2005 nestes países foram justamente orquestradas pela CIA para tirar estes países da órbita da influência geopolítica do Kremlin e passar para aliados da UE e dos EUA.

Essa polarização política e militar é uma expressão da luta de classes em nível mundial. Em uma etapa onde o proletariado desgraçadamente não atua como uma força política e social independente das frações burguesas, os enfrentamentos entre ambas refletem deformadamente os interesses de classe em conflito. Após a vitória da OTAN na Líbia, saudada por todo arco revisionista desde a LIT até o PCO como uma “revolução”, o imperialismo incrementou uma brutal ofensiva contra todos os governos da região do Oriente Médio e Norte da África que mesmo timidamente têm fricções com seus interesses. Foi o que se operou durante a fantasiosa “Primavera Árabe”. Apoiou o golpe militar no Egito contra a Irmandade Muçulmana, incrementou as provocações contra o Irã e patrocinou a guerra civil na Síria. Lembremos que a Rússia se absteve no CS na ONU quando foi aprovada a intervenção militar na Líbia via a chamada “zona de exclusão aérea”. Neste momento Putin paga o preço de sua conduta vergonhosa na medida que lavou as mãos diante do assassinato de Kadaffi pela OTAN e seus “rebeldes”. Temendo ocorrer o mesmo na Síria, Moscou conseguiu um acordo provisório e frágil na ONU que barrou a ação militar imperialista contra o governo Assad. Tentou fazer o mesmo na Ucrânia através de um pacto pelo desarmamento entre as forças em conflito... mas a sanha nazifascista patrocinada pelos aliados do imperialismo ianque em Kiev e a resistência das massas no Leste do país, não cedendo às pressões capituladoras do Kremlin, fizeram explodir o “Acordo de Genebra”. No Irã o incipiente acordo nuclear celebrado via ONU teve o mesmo sentido: buscar uma solução de compromisso com a Casa Branca. Esse quadro de “empate” irá se romper nos próximos anos com a chegada dos republicanos ao governo ianque. Por enquanto Obama “apenas” pavimenta o caminho da guerra direta. A retomada das ações dos “rebeldes” mercenários na Síria visa justamente forçar a Rússia a recuar ainda mais na Ucrânia em um quadro onde a China (que também tem grande potencial bélico) mantém distância do conflito na Ucrânia, inclusive se abstendo no CS da ONU, ou seja, negando-se de fato a consolidar um eixo de resistência anti-imperialista entre Pequim e Moscou.

Este cenário de possíveis enfrentamentos militares entre o imperialismo ianque com governos nacionalistas burgueses semicoloniais com forte aparato bélico (Rússia, China, Irã) e seus aliados (como a Síria) reforça a necessidade de uma intervenção revolucionária e internacionalista dos trabalhadores. O forte apoio popular a Assad foi o elemento chave para que a anterior ofensiva dos “rebeldes” fracasse. Neste momento é justamente a força das “repúblicas populares” de Donestek e Lugansk que mantém nas ruas o combate aos nazifascistas no Leste da Ucrânia, barrando que a ofensiva militar ianque apoiada na reação fascista chegue na Rússia e transforme a região em um “novo Afeganistão”. Estas duas “frentes” da guerra de baixo impacto que o imperialismo mantém contra a Rússia demonstra os limites do governo Putin para se opor à sanha neocolonialista da Casa Branca. Entretanto, os Marxistas-Leninistas intervém ativamente no curso destes conflitos para imprimir uma perspectiva socialista para a luta. Nos postamos incondicionalmente ao lado das forças populares que apoiam o governo Assad (como o Hezbollah) e nesta trincheira de luta contra os “rebeldes” mercenários estamos ombro a ombro para derrotar os grupos pró-OTAN, apresentando um programa comunista proletário que supere a direção burguesa nacionalista. Na Ucrânia, apoiamos as reivindicações das “repúblicas populares” no Leste do país, inclusive seu direito democrático de se separarem da Ucrânia e unir-se à federação russa. Nesta senda progressista, combatemos a reação fascista e apresentamos uma plataforma programática em defesa da expropriação do conjunto da burguesia restauracionista rumo à implantação de “repúblicas soviéticas”. Alertamos que os próximos desdobramentos desses dois conflitos vão definir as perspectivas da luta de classes em nível mundial, cabendo aos trotskistas estarem na linha de frente do combate ao monstro imperialista, forjando uma alternativa comunista para o futuro da humanidade!