Pentágono ordena que
“rebeldes” retomem a ofensiva contra Assad na Síria para reforçar uma “segunda
frente” no conflito político-militar com a Rússia
Os combates na Síria
voltaram a ganhar os noticiários da TV e as manchetes dos jornais. Na semana
passada houve uma explosão “cinematográfica” de um hotel em Aleppo pelos
“rebeldes” que deixou mais de 20 soldados das FFAA mortos e também foi
amplamente noticiado fortes combates nas Colinas de Golã, onde os mercenários
tem o apoio do enclave sionista de Israel para combater o exército nacional
sírio. Esse “repique” da guerra civil às vésperas da eleição presidencial na
Síria (marcada para 03 de junho) está diretamente relacionado aos
acontecimentos na Ucrânia. O imperialismo ianque deseja retomar a frente de
guerra na Síria justamente no momento em que a Rússia (aliada do governo Assad)
está ocupada política, militar e diplomaticamente na questão dos enfrentamentos
no Leste da Ucrânia. Na verdade, o plano estratégico do Pentágono visa reforçar
o cerco à Rússia através do incremento das forças da OTAN na Eurásia,
instalando novas bases militares na Lituânia e debilitar o poder bélico russo
na Síria, que tem uma base estrategicamente localizada no Mar Mediterrâneo. O
atual “ponto de equilíbrio” no cenário mundial deve ser rompido na próxima
gestão republicana na Casa Branca, quando os falcões ianques partirão com tudo
contra a Síria, Irã e mais estrategicamente contra a Rússia e a China. Os
recentes acontecimentos na Ucrânia, com o recuo de Putin no apoio aos
referendos das “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk (que ocorreram
contra a vontade oficial de Moscou decidindo massivamente pela independência)
demonstra as limitações dos governos burgueses nacionalistas como Assad e
Putin, reafirmando mais uma vez que somente os trabalhadores podem apontar uma
saída revolucionária para o “impasse” a que se chegou na Ucrânia e na Síria.
Para os estrategistas do
Pentágono não resta dúvida que a Rússia é o inimigo central neste momento. O
poderio bélico do país acaba se tornando um obstáculo à sanha neocolonialista
de Washington, apesar de todos os limites do governo burguês de Putin e da sua
condição de poderosa semicolônia que herdou um forte aparato militar da URSS. A
retomada da “frente síria” se insere neste plano. Nos últimos três anos, desde
fevereiro de 2011, a Rússia vinha defendendo a Síria no campo diplomático via
seu poder de veto no Conselho de Segurança (CS) da ONU. Este quadro deu um
salto de qualidade. Agora é a Rússia que está sendo alvo direto da ofensiva
militar ianque em sua fronteira com a Ucrânia, onde os imperialismos ianque e
europeu conseguiram orquestrar um golpe de estado e impôs um governo títere de
corte fascista em Kiev. Tanto que a própria assembleia geral das Nações Unidas
votou contra a unificação da Crimeia com a Rússia apesar de 90% da população da
península ucraniana decidir democraticamente neste sentido. Ao lado da Ucrânia,
a OTAN avança sua presença militar na Estônia, Lituânia e Letônia, além de ter
estreitado suas ligações com o Quirguistão. Todos esses países eram ex-repúblicas
soviéticas e depois da restauração capitalista estavam sendo disputados como
“áreas de influência” entre as potências capitalistas ocidentais e o Kremlin.
As chamadas “revoluções das cores” (saudadas pelo revisionismo do trotskismo)
que ocorreram entre 2004 e 2005 nestes países foram justamente orquestradas
pela CIA para tirar estes países da órbita da influência geopolítica do Kremlin
e passar para aliados da UE e dos EUA.
Essa polarização
política e militar é uma expressão da luta de classes em nível mundial. Em uma
etapa onde o proletariado desgraçadamente não atua como uma força política e social
independente das frações burguesas, os enfrentamentos entre ambas refletem
deformadamente os interesses de classe em conflito. Após a vitória da OTAN na
Líbia, saudada por todo arco revisionista desde a LIT até o PCO como uma
“revolução”, o imperialismo incrementou uma brutal ofensiva contra todos os
governos da região do Oriente Médio e Norte da África que mesmo timidamente têm
fricções com seus interesses. Foi o que se operou durante a fantasiosa
“Primavera Árabe”. Apoiou o golpe militar no Egito contra a Irmandade
Muçulmana, incrementou as provocações contra o Irã e patrocinou a guerra civil
na Síria. Lembremos que a Rússia se absteve no CS na ONU quando foi aprovada a
intervenção militar na Líbia via a chamada “zona de exclusão aérea”. Neste
momento Putin paga o preço de sua conduta vergonhosa na medida que lavou as
mãos diante do assassinato de Kadaffi pela OTAN e seus “rebeldes”. Temendo
ocorrer o mesmo na Síria, Moscou conseguiu um acordo provisório e frágil na ONU
que barrou a ação militar imperialista contra o governo Assad. Tentou fazer o
mesmo na Ucrânia através de um pacto pelo desarmamento entre as forças em
conflito... mas a sanha nazifascista patrocinada pelos aliados do imperialismo
ianque em Kiev e a resistência das massas no Leste do país, não cedendo às
pressões capituladoras do Kremlin, fizeram explodir o “Acordo de Genebra”. No
Irã o incipiente acordo nuclear celebrado via ONU teve o mesmo sentido: buscar
uma solução de compromisso com a Casa Branca. Esse quadro de “empate” irá se romper
nos próximos anos com a chegada dos republicanos ao governo ianque. Por
enquanto Obama “apenas” pavimenta o caminho da guerra direta. A retomada das
ações dos “rebeldes” mercenários na Síria visa justamente forçar a Rússia a
recuar ainda mais na Ucrânia em um quadro onde a China (que também tem grande
potencial bélico) mantém distância do conflito na Ucrânia, inclusive se
abstendo no CS da ONU, ou seja, negando-se de fato a consolidar um eixo de
resistência anti-imperialista entre Pequim e Moscou.
Este cenário de
possíveis enfrentamentos militares entre o imperialismo ianque com governos
nacionalistas burgueses semicoloniais com forte aparato bélico (Rússia, China,
Irã) e seus aliados (como a Síria) reforça a necessidade de uma intervenção
revolucionária e internacionalista dos trabalhadores. O forte apoio popular a
Assad foi o elemento chave para que a anterior ofensiva dos “rebeldes”
fracasse. Neste momento é justamente a força das “repúblicas populares” de
Donestek e Lugansk que mantém nas ruas o combate aos nazifascistas no Leste da
Ucrânia, barrando que a ofensiva militar ianque apoiada na reação fascista chegue
na Rússia e transforme a região em um “novo Afeganistão”. Estas duas “frentes”
da guerra de baixo impacto que o imperialismo mantém contra a Rússia demonstra
os limites do governo Putin para se opor à sanha neocolonialista da Casa
Branca. Entretanto, os Marxistas-Leninistas intervém ativamente no curso destes
conflitos para imprimir uma perspectiva socialista para a luta. Nos postamos
incondicionalmente ao lado das forças populares que apoiam o governo Assad
(como o Hezbollah) e nesta trincheira de luta contra os “rebeldes” mercenários
estamos ombro a ombro para derrotar os grupos pró-OTAN, apresentando um
programa comunista proletário que supere a direção burguesa nacionalista. Na
Ucrânia, apoiamos as reivindicações das “repúblicas populares” no Leste do
país, inclusive seu direito democrático de se separarem da Ucrânia e unir-se à
federação russa. Nesta senda progressista, combatemos a reação fascista e
apresentamos uma plataforma programática em defesa da expropriação do conjunto
da burguesia restauracionista rumo à implantação de “repúblicas soviéticas”.
Alertamos que os próximos desdobramentos desses dois conflitos vão definir as
perspectivas da luta de classes em nível mundial, cabendo aos trotskistas
estarem na linha de frente do combate ao monstro imperialista, forjando uma
alternativa comunista para o futuro da humanidade!