Com o aval das FARC,
“esquerda” colombiana apoia o genocida Santos
no 2º turno da disputa presidencial!
No Brasil, PCB e PCdoB saúdam esta política vergonhosa em nome dos “acordos de paz”!
no 2º turno da disputa presidencial!
No Brasil, PCB e PCdoB saúdam esta política vergonhosa em nome dos “acordos de paz”!
“Vou votar pela paz e
quem a representa agora é Santos” declarou a ex-senadora Piedad Córdoba,
dirigente do movimento “Colombianos y Colombianas por la Paz” e integrante da
Marcha Patriotica. Ela foi mais longe: “Creio no processo de paz e espero que
nos próximos dias o ELN também se integre a ele. Vou votar pela paz e quem a
representa neste momento é o presidente Santos”. No mesmo sentido pronunciou-se
a dirigente da União Patriotica (UP), Aida Avella, que foi candidata à
vice-presidente em aliança com o Polo Democratico Alternativo (PDA): “Pensamos
que o melhor neste momento é apoiar o candidato que abriu os diálogos e que
vai pelo caminho da solução política e negociada. Nosso dever é impedir que a
guerra volte a este país. Nós não somos amigos da guerra, somos amigos da paz.
Acompanharemos Santos apenas no que concerne a paz” (O Estado de S.Paulo,
30/05). Em resumo, as forças políticas de “esquerda” mais próximas às FARC
declararam apoio ao chacal Santos, em uma evidente decisão compartilhada com a
direção da guerrilha, que preferiu pronunciar-se pela “continuidade do processo
de paz” sem explicitar seu apoio a Santos para não assustar os eleitores mais
conservadores do atual presidente, já que no dia 15 de junho ocorrerá o segundo
turno das eleições presidenciais colombianas. A disputa ocorre entre o
candidato apoiado por Uribe, Óscar Iván Zuluaga, que conquistou 300 mil votos a
mais que Santos, seu ex-Ministro da Defesa. Os “atritos” entre Santos e seu
mentor Uribe, na verdade, se concentram no grau de ataque as FARC, já que Uribe
e Zuluaga desejam capitalizar eleitoralmente o desgaste de Santos junto aos
setores mais reacionários da burguesia e do exército. Apesar disto ser
evidente, nenhum dos partidos da esquerda ou da centro-esquerda burguesa chamou
a organizar a campanha pelo voto nulo ou branco, ao contrário, a Marcha
Patriótica declarou: “Convocamos a mobilização popular e a utilização do voto
na conjuntura eleitoral de 15 de junho como uma forma de luta da esquerda em
defesa da paz, da vida e em repudio ao genocídio”. Esse giro à direita ocorre
desgraçadamente porque a direção da guerrilha vem cada vez mais apostando em
uma ilusória solução negociada para o enfrentamento que já dura 50 anos. Tanto
que as FARC anunciaram que pretende formar um partido político depois que for
firmado o acordo de paz em negociação com o governo colombiano comandado por
Santos e avaliza as posições que apoiam eleitoralmente o atual presidente,
alegando o perigo do candidato de Uribe por um fim nas negociações. Na verdade,
Santos apresenta a eliminação das FARC obtida pela via das “negociações de paz”
como credencial ao imperialismo para garantir sua reeleição na Colômbia! Para
os marxistas revolucionários não resta dúvida de que Santos e Uribe são dois
lados da mesma moeda na política de eliminação física e política da FARC
patrocinada pelo imperialismo ianque, sendo o atual presidente partidário de
uma orientação que está sendo mais bem sucedida que a do chacal Uribe, já que
vem neutralizando tanto a guerrilha como a própria “esquerda” colombiana!
O resultado apertado do
primeiro turno aumentou a pressão sobre a esquerda e a centro-esquerda burguesa
colombiana que logo anunciaram o apoio a Santos, seja diretamente como fez a
Marcha Patrióoica e União Patriotica (UP), seja “liberando” seus eleitores,
como anunciou o Polo Democratico Alternativo (PDA). A aliança eleitoral destas
duas forças políticas conquistou 2 milhões de votos no primeiro turno através
da candidatura de Clara López (PDA) que teve como vice Aida Avella da UP. A UP
e a Marcha Patriotica anunciaram nesta quinta-feira, 28 de maio, que vão apoiar
a reeleição do chacal Santos alegando a defesa da continuidade do “processo de
paz” com a guerrilha. Já o PDA “liberou” seus eleitores enquanto seus
parlamentares como o senador Iván Cepeda já está em campanha por Santos, em uma
típica posição de apoio eleitoral sem um compromisso formal que possa lhe
trazer prejuízos eleitorais futuros. A dirigente do PDA, Clara López, ao
anunciar a posição, ressalvou que cada militante “deverá decidir por quem
votar, em branco ou abstenção. É da autonomia de cada eleitor, na compreensão
de que o Polo é e será opositor ao programa dos candidatos que estão
concorrendo”, Santos e Oscar Ivan Zuluaga, do Centro Democrático. Ainda assim,
o PDA defende “uma paz estável e duradoura, assentada sobre a democracia, a
justiça social e os direitos dos colombianos e colombianas” e também a
“exigência da negociação do conflito interno armado com a insurgência, a presença
das vítimas [nos diálogos] e um cessar-fogo que evite mais derramamento de
sangue no país.” Clara López foi candidata presidencial e ficou em quarto lugar
no primeiro turno das eleições, ocorridas em 25 de maio, com cerca de dois milhões de
votos (15,3%). Nesta quinta-feira,29, o senador pelo PDA, Iván Cepeda, instou o seu
partido a tomar uma decisão responsável ao definir sua posição para o segundo
turno das presidenciais de 15 de junho. “O Polo deve ter presente o perigo que
correm os diálogos de paz do governo e da guerrilha das Farc-EP instalados em
Havana,” disse Cepeda, em referência à sede da mesa de negociações, em Cuba.
Cepeda afirmou que, pessoalmente, decidiu apoiar as conversações iniciadas
durante o governo de Santos. “Não sou santista, mas apoio o processo de paz,”
enfatizou. O parlamentar redobrou suas críticas contra a postura do candidato
do Centro Democrático, Zuluaga, cujo eventual governo significaria a
reencarnação do mandato de Uribe. A posição de Zuluaga será a de “tombar o
processo de paz, como já afirmou”, pontuou Cepeda. “Isso custaria um alto
número de vidas, não quero um país militarizado, mas um país democrático, não
podemos permitir um novo inferno para a Colômbia,” enfatizou. Também Enrique
Peñalosa, da Aliança Verde, adotou a mesma posição do DPA. Ainda antes do
primeiro turno, Santos recebeu o apoio dos “Progressistas”, outro bloco da
centro-esquerda burguesa liderado pelo prefeito de Bogotá, Gustavo Petro,
ex-dirigente do PDA. Lembremos que esta mesma política foi responsável pela realização
em 9 de abril de 2013 de uma marcha gigantesca patrocinada pelo governo de Manuel
Santos em conjunto com Piedad Córdoba em apoio aos chamados “diálogos de paz”
com as FARC.
No Brasil, o PCB
integrou-se entusiasticamente a esta política vergonhosa de apoio aos “acordos de paz” levada a
cabo pela direção das FARC, pela Marcha Patriótica e a ex-senadora Piedad
Córdoba, na verdade uma estratégia traçada por Santos para garantir sua reeleição e voltada no
fundo a eliminar a guerrilha. Tanto que na “Declaração pública da delegação da
visita internacional de solidariedade pela paz com justiça social na Colômbia”
assinada pelo PCB em conjunto com outras entidades internacionais e organizações no Brasil
(inclusive o PCdoB!) se afirma “Nós, como delegação da visita internacional de
solidariedade pela paz com justiça social na Colômbia, rogamos à
institucionalidade colombiana, em particular à Presidência da República, ao
Gabinete Geral da Nação, à Procuradoria Geral da Nação: Manter a mesa de
diálogos de paz com as FARC-EP em Havana, assim como abrir mesas similares com
o ELN e o EPL.Garantir a participação democrática direta e permanente das
organizações sociais na construção de acordos de paz. Decretar um cessar fogo
bilateral como condição necessária para avançar na consecução da paz com
justiça social, assim como a necessária inclusão do conjunto do movimento
social e político colombiano nas negociações. PELA PAZ COM JUSTIÇA SOCIAL NA
COLÔMBIA” (Sitio PCB, 07/05). Consideramos uma utopia reacionária o PCB (que integrou a comitiva) defender uma “paz com justiça social” no
exato momento em que esta iniciativa está baseada na política de reação
democrática voltada a eliminar a guerrilha. Não por acaso, o PCdoB que também
integrou a tal “delegação internacional” comemora que o “Respaldo à reeleição de Santos coloca
em foco diálogos da Colômbia” (Vermelho, 30/05), enquanto o próprio PCB se
limita a reproduzir um artigo escrito por um terceiro (“Eleições colombianas: O
grande vencedor é a abstenção” - Carlos Aznárez, sítio PCB, 29/05) e de forma oportunista o partido não declara
qualquer posição eleitoral, muito menos chama o voto nulo, branco ou o boicote
ativo! Longe desta posição antileninista, fica cada vez mais claro que a única
“paz” que sairá destas negociações é a dos cemitérios, já que desgraçadamente
as vidas dos heroicos combatentes das FARC estão sendo sacrificadas em nome de
uma política que em nada serve para a luta revolucionária e, muito menos, para
libertar a Colômbia do domínio da burguesia e do imperialismo. A história está
prestes a se repetir na Colômbia, desta vez como uma segunda tragédia, posto
que as FARC parecem ter esquecido o desastre do passado quando se “converteu”
em partido institucional, em nome da “paz” e teve a maioria de seus quadros
dirigentes assassinados pelo regime burguês. Lembremos que por conta desta
mesma política suicida a União Patriótica, surgida em 1985 teve dois candidatos
presidenciais seus mortos (a candidata atual, Aida, também sofreu atentado
recente do qual escapou). 5 mil militantes da UP foram assassinados incluindo
oito congressistas, 13 deputados, 70 vereadores, 11 prefeitos.
As “negociações de paz”
entre as FARC e o governo Manuel Santos, saudadas pela esquerda reformista
nacional e internacional como um grande avanço, mostraram sua real face macabra
desde que começaram: mais de 150 guerrilheiros mortos desde o início. Em meio
aos “diálogos” o governo anunciou novos investimentos no combate às FARC e a
aproximação com a OTAN, tanto que a proposta de formalizar um cessar-fogo
durante as “negociações” foi rechaçada pelo presidente colombiano, que rejeitou
essa possibilidade veementemente. Como observamos, trata-se de uma farsa
montada justamente para eliminar fisicamente a guerrilha, como a LBI já
denunciava quase isoladamente na “esquerda” quando se anunciou o acordo
costurado por Chávez e Fidel entre a guerrilha e o governo capacho do
imperialismo ianque. A “agenda de diálogo” está voltada a desarmar as FARC, o
que na prática significa um verdadeiro suicídio político e militar para a
guerrilha e tem seis pontos básicos, porém, pela primeira vez se discute
assuntos como a desmobilização de guerrilheiros, o fim das hostilidades e a
entrega de armas, assuntos que segundo o governo Santos haviam “limitado” no
passado as negociações. Como se vê, tal “diálogo” está voltado a por um fim nas
FARC. As “negociações de paz” têm como consequência direta e prática não só o
enfraquecimento político da guerrilha, mas a sua completa exterminação física,
tendo em vista a experiência das próprias FARC, que na década de 80 deslocou
parte de seus quadros para a constituição da Unidade Patriótica e impulsionou
um partido político legal, tendo como resultado o assassinato de cerca 5 mil
dirigentes pelas forças de repressão do Estado, pilar-mestre da democracia
bastarda colombiana. Essa tragédia teve como base as mesmas ilusões reformistas
hoje patrocinadas pela direção da guerrilha e o conjunto da esquerda.
Ao narcotraficante
regime burguês colombiano não interessa sequer a conversão da guerrilha em
partido político desarmado, apenas sua extinção. Diante do cerco crescente da
reação democrática neste momento de maior fragilidade das FARC, os Marxistas
Revolucionários declaram seu apoio incondicional à guerrilha diante de qualquer
ataque militar do imperialismo e do aparato repressivo de Santos.
Simultaneamente, apontamos como alternativa a superação programática da
estratégia reformista da direção das FARC baseada na reconciliação nacional com
a oposição burguesa e a unificação da luta armada com o movimento operário
urbano sob a estratégia da revolução socialista para liquidar o regime
facistóide e organizar a tomada do poder pelos explorados colombianos.
Defendemos que uma política justa para o confronto entre a guerrilha e o Estado
burguês passa por aplicar a unidade de ação contra Santos, com a mais absoluta
independência política em relação ao programa reformista das FARC. Ao lado dos
heroicos guerrilheiros das FARC e honrando o sangue derramado pelos comandantes
Afonso Cano, Manuel Marulanda e Mono Jojoy, que morreram em combate, apontamos
como alternativa programática a defesa da estratégia da revolução socialista e
da ditadura do proletariado, sem patrocinar nenhuma ilusão na possibilidade de
construir uma “Nova Colômbia” sem liquidar o capitalismo e seus títeres!