15M revelou forte
disposição de luta,
mas também nova tentativa de “infiltração” política do PIG
mas também nova tentativa de “infiltração” política do PIG
O Dia Mundial contra a
Copa do Mundo ocorrido neste último 15 de Maio expressou um crescente de lutas
no país contra as péssimas condições de vida do nosso povo. O grito de “Não vai
ter Copa” ecoou pelo país e sintetizou o repúdio popular contra os gastos
milionários do governo Dilma e das oligarquias regionais que controlam os
governos estaduais com o mundial da FIFA, enquanto os chamados “serviços
públicos” como saúde, educação e transporte estão completamente sucateados.
Desde cedo, bloqueios de estradas, avenidas e ruas marcavam principalmente em
São Paulo as mobilizações de sem-teto reivindicando mais moradias e o fim da
especulação imobiliária incrementada pela Copa do Mundo. À tarde, atos e
passeatas ocorreram em várias capitais os quais foram duramente reprimidos pela
PM, cujas forças especiais vêm sendo inclusive treinadas nos EUA. As
manifestações demonstraram a forte disposição de luta dos trabalhadores e da
juventude plebeia, conseguindo ser um ponto de apoio para as lutas em curso,
como professores estaduais e municipais, servidores federais, operários da
construção civil e rodoviários. A ampla cobertura dos meios de alienação de
massa sob o comando da Rede Globo (com várias horas da programação dedicadas
aos protestos em um tom simpático) demonstrou, porém, uma nova tentativa de
“infiltração” do PIG, como ocorreu durante as “Jornadas de Junho”. A mídia
“murdochiana” claramente atuou no sentido de insuflar novas manifestações que
tenham como alvo principal o governo do PT com o objetivo de polarizar ainda
mais a disputa eleitoral de 2014. Este quadro reforça a responsabilidade dos
marxistas revolucionários intervirem ativamente nos protestos contra a Copa por
meio de um programa classista, proletário e comunista, centrando suas forças
militantes não somente na denúncia do governo da frente popular, mas também da
oposição conservadora (PSDB-DEM-PSB-REDE-PPS), ambos sustentáculos do regime da
democracia dos ricos que visam disputar entre si o botim estatal no circo
eleitoral que ocorrerá após o mundial futebolístico da FIFA.
Não resta a menor dúvida
que a menos de um mês da abertura do Mundial vemos no “país do futebol” uma
frieza popular diante da Copa. Apesar da campanha midiática em favor da seleção
brasileira e seus “astros” mercenários, amplos setores das massas já
compreenderam que a FIFA está fazendo um grande negócio capitalista no Brasil,
onde o Tesouro Nacional banca gastos milionários com obras desnecessárias e
alimenta a orgia das empreiteiras. Os capitalistas estão fazendo “caixa” e
todos os partidos do regime (desde o PT até o PSDB, passando pelo PSOL)
aguardam as gordas doações para a campanha presidencial que se avizinha. A
disposição de luta presente nas mobilizações expressou a “puteza” contra o
conjunto do regime político, onde a classe dominante faz do Mundial de futebol
um espetáculo mercadológico para a elite racista enquanto incrementa a
repressão às manifestações por direitos sociais. Ainda que no 15M as
concentrações tenham chegado no máximo a 3 mil pessoas (como vimos em São Paulo
no final da tarde) o fato é que as manifestações tendem a engrossar nesta reta
final antes da Copa, sendo previsto um grande ato no dia 12, na abertura do
campeonato.
Ciente deste quadro, a
direção do PT teme que todo esse movimento se volte contra candidatura da
“gerentona” Dilma, que não por acaso está em queda nas pesquisas eleitorais.
Lula já declarou que a campanha presidencial será muito difícil, uma verdadeira
“guerra”. Acionou os blogueiros “chapa branca” para atacarem o “Não vai ter
Copa” e chamou a CUT para mobilizar as direções sindicais em defesa do Mundial.
O PCdoB fez o mesmo via UNE. O próprio Palácio do Planalto deslocou Gilberto
Carvalho para “dialogar (cooptar) com os movimentos sociais”! Enquanto isso, o
PIG vem insuflando as candidaturas de Aécio e Campos para valorizar ao máximo
uma vitória apertada do PT, levando a disputa presidencial para um duro segundo
turno. Globo, Veja, Estadão, Folha e a direita reacionária associada ao
tucanato não tem força para derrotar imediatamente a frente popular em 2014 no
terreno eleitoral, mas vai desgastá-la ao máximo. Até porque a gerência
burguesa de centro-esquerda do PT ainda é bastante útil ao grande capital, sendo
necessário fazer uma transição segura para um novo eixo de poder mais
conservador que assumirá em 2018. É aí que entra a cobertura simpática aos
protestos, visando claramente pautar o movimento como a Rede Globo fez em junho
do ano passado, inclusive “derrubando a grade” da programação de sua TV aberta,
ampliando o horário do Jornal Nacional em uma evidente “infiltração” no
movimento. Neste 15M, a Globo News passou quatro horas de sua programação ao
vivo cobrindo os protestos com sua âncora elogiando literalmente (segundo suas
próprias palavras) o “exercício da cidadania através de manifestações pacíficas
e bem organizadas”, apenas reclamando da presença de “vândalos e mascarados”
que estavam manchando “a imagem da festa democrática” do 15M. Durante os próximos
protestos essa “infiltração” midiática tende a aumentar para que adentrem nas
manifestações setores de classe média reacionária com suas bandeiras “verde e
amarela” entoando o hino nacional, os principais porta-vozes raivosos do “Fora
Dilma” que chegaram a expulsar os partidos de esquerda das manifestações de
junho de 2013.
Esta realidade em nenhum
momento é ressaltada pelo PSTU ou mesmo pelo PSOL, ávidos por também
capitalizar o desgaste do governo Dilma no terreno eleitoral. No balanço que o PSTU
fez do 15M não há uma única linha sobre a tentativa de “infiltração” do PIG ou
qualquer alerta sobre o perigo da direita “verde e amarela” engrossar as
próximas manifestações pautando o movimento com um corte reacionário ou mesmo
fascista como vimos em certos atos nas “Jornadas de Junho”. Para os morenistas
“O dia de mobilizações mostrou a revolta da população contra as injustiças da
Copa, as remoções forçadas e os bilhões gastos com o evento. Também serviu como
um passo na unificação dessas lutas com as diversas categorias em greve ou
mobilizadas em todo o país, que lutam contra o descaso com os serviços públicos
e a corrosão dos salários causada pela inflação. O governo Dilma, além de não
atender as reivindicações, desdenhou dos protestos, classificando-o como um
‘fracasso’”. Em resumo, com seu eterno tom exitista, PSTU e PSOL visam
“acumular” as manifestações para em uma frente tática com a direita, desgastar
o PT e repartir os dividendos eleitorais entre as “oposições”. No outro
extremo, vemos o PCO se colocar contra o movimento “Não vai ter Copa” alegando
o perigo (inexistente) do “golpe em curso contra o governo do PT”. Causa
Operária em editorial intitulado “Independente do governo, mas não a reboque da
direita” (17/05) chega a afirmar sobre o 15M que “A própria natureza da
mobilização é antipopular, o que se pode ver pelo fato de que a taça da Copa
foi exibida para visitação pública em Macapá, uma cidade de cerca de 370 mil
habitantes, e cerca de 20 mil pessoas foram visita-la, o que mostra que o repúdio
à Copa tão divulgado pela imprensa capitalista é pura balela”. Como se pode
observar, o PCO passou do abstencionismo estéril para a defesa aberta do
Mundial da mafiosa FIFA, não intervindo no movimento para derrotar a
“infiltração” da direita que ainda é embrionária. A obrigação de uma
organização que se diz marxista e revolucionária é justamente atuar nestes
movimentos demarcando uma posição comunista contra as tentativas da burguesia
de pautá-los como ocorreu com as manifestações multitudinárias de junho
passado, onde pela falta de uma política correta e centralizada da “esquerda”,
o PIG influenciou diretamente os rumos do movimento. O tragicômico é que
enquanto abre mão de disputar a consciência da classe contra a
pequena-burguesia e a direita, o PCO rompe com todo critério de classe para
apoiar os “rebeldes” da CIA na Líbia e Síria no início da chamada “Primavera
Árabe”, caracterizando estes como revolucionários quando defendiam abertamente
a contrarrevolução imperialista e a recolonização do Oriente Médio e do Norte
da África. Dessa forma, todo o catastrofismo dessa gente vai ao ar quando se
necessita de sua atuação política prática, saindo do mundo das fantasias.
De agora até a abertura
da Copa (em 12 de junho) mais protestos populares vão sacudir o país, cabendo
aos lutadores intervirem nestas lutas para construir uma alternativa
revolucionária que denuncie o conjunto do regime da democracia dos ricos,
rechaçando inclusive a tentativa do PIG, da direita demo-tucana de tentar usar
o sentimento popular que vai ganhando corpo contra a Copa para se catapultar na
disputa eleitoral. Desde a LBI militamos para que a luta contra a mafiosa FIFA
e seu mundial feito sob medida para as elites dominantes engordarem ainda mais
seus bolsos à custa do suor e sangue dos trabalhadores seja um ponto de apoio
para a ação direta dos trabalhadores contra os ataques dos patrões aos seus
direitos. Por isso é fundamental a tarefa da delimitação política com a direita
burguesa que mesmo “faturando” bilhões com a Copa pretende sabotar o evento
para capitalizar eleitoralmente o desgaste do governo Dilma. Para os marxistas
trata-se exatamente do inverso, ou seja, de denunciar ativamente o conjunto do
modo de produção capitalista, que para acumular capital em época de crise financeira
“fabrica” os megaeventos bancados pelo caixa do Estado burguês. Em resumo,
diante da ofensiva repressiva da frente popular e o “assanhamento” da direita
com o desgaste petista, os leninistas devem intervir ativamente no movimento
“Não vai ter copa” e não agir como avestruz, em um abstencionismo covarde que
somente ajuda a direita e o PIG.