quarta-feira, 14 de maio de 2014


O “abraço de urso” da CONLUTAS/PSTU
à greve dos rodoviários do Rio

Setores importantes do movimento de massas tem saído a luta por fora dos aparatos “oficiais” pelegos que as representam, principalmente categorias de trabalhadores com pouca “tradição” sindical e grevista. Este foi o emblemático caso dos garis do Rio, que sem um “histórico” de greves ou forte representação sindical irromperam o cenário nacional em pleno carnaval, para com uma corajosa greve arrancar um reajuste salarial bem acima da “média” imposta às outras categorias mais “organizadas”. Agora é a vez dos rodoviários cariocas que “atropelaram” a direção corrompida do sindicato e deflagraram uma combativa paralisação na capital fluminense. Acontece que sem uma estrutura “oficial” de suporte a ação direta, as oposições sindicais via de regra acabam “batendo na porta” de aparatos tão burocráticos quanto o dos velhos pelegos “cartoriais”, como a CUT e CONLUTAS. A combativa greve dos rodoviários, comandada por uma comissão de base da categoria, recebeu o apoio imediato da CONLUTAS do Rio, que logo tratou de “domesticar” o movimento, limitando a paralisação a 48 horas, sob a pressão da justiça patronal. A massiva greve que questiona o rebaixado acordo salarial que a pelegada do SINTRATUB firmou com os patrões, tinha tudo para arrancar uma vitória do tamanho da conquistada pelos garis no carnaval, mas desgraçadamente a linha política imposta pelos burocratas da CONLUTAS está totalmente voltada para “ganhar” o aparato sindical e catapultar os candidatos do PSTU nas próximas eleições. Nesta “senda traidora” a greve foi suspensa quando estava em seu melhor momento político, forçando o governo e a FETRANSPOR a sair desesperados a buscar um “acordo” para por fim à paralisação. O movimento ainda não foi derrotado com a suspensão da greve, mas se continuar subordinando-se às pressões da justiça e do governo deverá ser controlado pela política de “vitórias de Pirro” da CONLUTAS. A principal liderança de base da greve, Hélio Afonso, em entrevista ao site da Globo de hoje (14/05), já reflete a dinâmica conciliadora que os revisionistas do PSTU querem imprimir aos novos ativistas: “Queremos conversar com o sindicato, mas até agora eles não vieram conversar conosco para negociar nada”. A tarefa é justamente oposta, passar por cima dos aparatos sindicais oficiais, para construir um amplo movimento independente em todo país, pela via da ação direta!

A esquerda revisionista de conjunto(PSTU, LER, CST etc...) vem afirmando que as atuais greves operárias representam a retomada do “espírito das Jornadas de Junho”, quando agora se trata justamente do contrário, ou seja, colocar o proletariado como protagonista do cenário político nacional. É bem verdade que a etapa eleitoral bastante acirrada, assim como a realização da desastrosa Copa do Mundo no país, fomentam uma “química” política muito favorável à luta de massas. Mas a verdade é que ainda estamos bem distantes para caracterizar a etapa da luta de classes como a de surgimento de um “novo movimento operário”. Setores como o dos trabalhadores da construção civil, potencializados pelos investimentos das “grandes empreitadas” estatais, são o polo mais avançado para a formação de uma nova vanguarda proletária, a questão é conseguir superar através de sua própria experiência concreta os velhos pelegos mafiosos e os “novos” burocratas traidores, maquiados de “renovação de esquerda”.

O estado do Rio atravessa um importante ascenso de massas, tanto da juventude e educação como de setores ligados à produção e circulação de mercadorias. A Frente de Esquerda, PSOL e PSTU, tenta capitalizar puramente no terreno parlamentar este momento, de relativo impasse das classes dominantes. O alinhamento burguês em torno do PMDB (governo e prefeitura) está completamente esgotado diante da população, é sustentado exclusivamente pelo binômio empreiteiras e Palácio do Planalto. No campo da oposição não há uma hegemonia, predominando um relativo equilíbrio de forças entre o PT, PSB (Rede), PSOL e o agrupamento político da família Garotinho. Sob estas “fissuras” da burguesia vem avançando o movimento de massas, que de forma alguma pode cair na armadilha eleitoral da esquerda revisionista, sob pena de perder sua radicalidade transformando-se em mais um elemento de barganha política.

Os rodoviários cariocas deram um passo importante como um exemplo independente de luta, por fora dos aparatos, para os trabalhadores de todo o país. Mas para a vitória ser completa é necessário retomar a greve, desta vez por tempo indeterminado, até o atendimento das principais reivindicações, como o reajuste salarial de 40% e o fim da dupla jornada de trabalho. Nenhuma confiança nos oportunistas eleitoreiros da CONLUTAS, que traficam a política do “cumprimento da lei e da ordem” do Estado capitalista. A tarefa prioritária para reverter esta conjuntura de “derrotas acumuladas”, onde apenas as greves dos garis, construção civil e rodoviários não conseguiram alterar a atual etapa defensiva, é construir uma nova direção revolucionária para o movimento operário e popular.