O “abraço de urso” da
CONLUTAS/PSTU
à greve dos rodoviários do Rio
à greve dos rodoviários do Rio
Setores importantes do
movimento de massas tem saído a luta por fora dos aparatos “oficiais” pelegos
que as representam, principalmente categorias de trabalhadores com pouca “tradição”
sindical e grevista. Este foi o emblemático caso dos garis do Rio, que sem um “histórico”
de greves ou forte representação sindical irromperam o cenário nacional em
pleno carnaval, para com uma corajosa greve arrancar um reajuste salarial bem
acima da “média” imposta às outras categorias mais “organizadas”. Agora é a vez
dos rodoviários cariocas que “atropelaram” a direção corrompida do sindicato e
deflagraram uma combativa paralisação na capital fluminense. Acontece que sem
uma estrutura “oficial” de suporte a ação direta, as oposições sindicais via de
regra acabam “batendo na porta” de aparatos tão burocráticos quanto o dos
velhos pelegos “cartoriais”, como a CUT e CONLUTAS. A combativa greve dos
rodoviários, comandada por uma comissão de base da categoria, recebeu o apoio
imediato da CONLUTAS do Rio, que logo tratou de “domesticar” o movimento,
limitando a paralisação a 48 horas, sob a pressão da justiça patronal. A
massiva greve que questiona o rebaixado acordo salarial que a pelegada do
SINTRATUB firmou com os patrões, tinha tudo para arrancar uma vitória do
tamanho da conquistada pelos garis no carnaval, mas desgraçadamente a linha
política imposta pelos burocratas da CONLUTAS está totalmente voltada para “ganhar”
o aparato sindical e catapultar os candidatos do PSTU nas próximas eleições.
Nesta “senda traidora” a greve foi suspensa quando estava em seu melhor momento
político, forçando o governo e a FETRANSPOR a sair desesperados a buscar um “acordo”
para por fim à paralisação. O movimento ainda não foi derrotado com a suspensão
da greve, mas se continuar subordinando-se às pressões da justiça e do governo
deverá ser controlado pela política de “vitórias de Pirro” da CONLUTAS. A
principal liderança de base da greve, Hélio Afonso, em entrevista ao site da
Globo de hoje (14/05), já reflete a dinâmica conciliadora que os revisionistas
do PSTU querem imprimir aos novos ativistas: “Queremos conversar com o
sindicato, mas até agora eles não vieram conversar conosco para negociar nada”.
A tarefa é justamente oposta, passar por cima dos aparatos sindicais oficiais,
para construir um amplo movimento independente em todo país, pela via da ação
direta!
A esquerda revisionista
de conjunto(PSTU, LER, CST etc...) vem afirmando que as atuais greves operárias
representam a retomada do “espírito das Jornadas de Junho”, quando agora se trata
justamente do contrário, ou seja, colocar o proletariado como protagonista do
cenário político nacional. É bem verdade que a etapa eleitoral bastante
acirrada, assim como a realização da desastrosa Copa do Mundo no país, fomentam
uma “química” política muito favorável à luta de massas. Mas a verdade é que
ainda estamos bem distantes para caracterizar a etapa da luta de classes como a
de surgimento de um “novo movimento operário”. Setores como o dos trabalhadores
da construção civil, potencializados pelos investimentos das “grandes
empreitadas” estatais, são o polo mais avançado para a formação de uma nova
vanguarda proletária, a questão é conseguir superar através de sua própria
experiência concreta os velhos pelegos mafiosos e os “novos” burocratas
traidores, maquiados de “renovação de esquerda”.
O estado do Rio atravessa
um importante ascenso de massas, tanto da juventude e educação como de setores
ligados à produção e circulação de mercadorias. A Frente de Esquerda, PSOL e
PSTU, tenta capitalizar puramente no terreno parlamentar este momento, de
relativo impasse das classes dominantes. O alinhamento burguês em torno do PMDB
(governo e prefeitura) está completamente esgotado diante da população, é
sustentado exclusivamente pelo binômio empreiteiras e Palácio do Planalto. No
campo da oposição não há uma hegemonia, predominando um relativo equilíbrio de
forças entre o PT, PSB (Rede), PSOL e o agrupamento político da família
Garotinho. Sob estas “fissuras” da burguesia vem avançando o movimento de
massas, que de forma alguma pode cair na armadilha eleitoral da esquerda revisionista,
sob pena de perder sua radicalidade transformando-se em mais um elemento de
barganha política.