segunda-feira, 5 de maio de 2014


Proposta do PSTU para “engolir” Randolfe e qualquer vice indicado pelo PSOL: Abrir a coligação eleitoral no Rio

A Frente de Esquerda, originalmente montada em 2006 sem o menor critério de classe para apoiar a candidatura da ex-senadora Heloísa Helena ao Planalto, vive hoje momentos “difíceis” com a recusa do PSOL em abrir a coligação no Rio para seus outros parceiros, PSTU e PCB. Considerado o “pote de ouro” eleitoral para o PSOL o estado do Rio pode “fornecer” ao partido pelo menos três parlamentares federais, uma “oportunidade” única que não pode ser em hipótese alguma compartilhada com as outras organizações da Frente de Esquerda, segundo a ótica de Ivan Valente e seu agrupamento. Até este ponto da “equação eleitoral” nenhuma surpresa, “novidade” mesmo foi a deslavada proposta do PSTU para “engolir” a candidatura burguesa do senador Randolfe e abrir mão da indicação de um vice Morenista na chapa presidencial: “Reivindicamos a abertura da coligação no Rio”. A oportunista proposta do PSTU acabou “vazando” pelas informações dadas por Ivan Pinheiro da direção do PCB e pelo próprio presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, que obviamente rejeitou o “pedido” de formar uma coligação de “esquerda” no estado fluminense. Segundo Ivan Pinheiro, o PCB não “rastejará” por uma vaga em uma possível coligação com o PSOL, já que seu partido está empenhado em impulsionar uma frente política anticapitalista, baseada na ação direta e não nas próximas eleições. Está bastante claro para qualquer ativista classista que uma frente política encabeçada por uma figura degenerada como Randolfe (amigo “íntimo” dos Demos-Tucanos no Congresso) e com um programa neoliberal como o do PSOL não poderá se conformar nunca uma Frente realmente de esquerda e anticapitalista. Porém, para o PSTU, para além da demagogia que faz para a “sua plateia”, a questão central não é o programa ou a composição política e social de uma possível aliança eleitoral, mas sim o cálculo oportunista que lhe permita eleger um parlamentar. Neste afã de cretinismo parlamentar, os Morenistas já trabalham com o “plano B” colocado na mesa pelo PSOL, permitir pelo menos a coligação entre os dois partidos revisionistas no Rio Grande do Norte abrindo chances para a eleição da vereadora Amanda Gurgel para a Câmara dos Deputados. Neste cenário o PSTU se comprometeria a não atacar Randolfe e tampouco sua plataforma burguesa em troca da “janela” aberta “generosamente” pelo PSOL...

Na verdade, as coligações estaduais no campo da Frente de Esquerda já estão sendo oficializadas em várias regiões do país, independente da definição da composição nacional da chapa presidencial. Ao que parece a resistência política maior ao nome de Randolfe vem das “bases” do próprio PSOL, enquanto para o PSTU a questão fundamental continua sendo a eleição de algum parlamentar e em segundo plano a indicação do vice no “bonde” da corrida ao Planalto. Este último elemento serve mais como uma questão de barganha para o PSTU do que mesmo uma “reivindicação” fechada para as negociações entre as legendas.

Os Morenistas sentem uma profunda identidade programática com o PSOL, afinal foram eles que introduziram na esquerda revisionista o “conceito” antimarxista do “socialismo com liberdade” negando a formulação elaborada por Lenin da Ditadura do Proletariado, como uma etapa histórica necessária para eliminar a capacidade de reação da burguesia após a revolução socialista. Com o patamar comum da apologia da democracia burguesa, disfarçada politicamente de “socialismo com liberdade”, a Frente de Esquerda sobrevive em crise com o seu reformismo no seio do movimento de massas, mesmo com seu fracionamento eleitoral nacional, que poderá se repetir neste ano. Esta “interseção” política permitiu por exemplo que o PSOL e PSTU realizassem um despolitizado ato unificado de Primeiro de Maio em conjunto com a Igreja Católica na praça da Sé em São Paulo.

Os Marxistas Revolucionários não compartilham em nada com os métodos de “organização” frentista e tampouco com o programa de reformas capitalistas proposto pela Frente de esquerda. Portanto, a escolha do senador Randolfe (parlamentar calejado no tráfico do estado burguês) para encabeçar este projeto é uma consequência natural de todo o processo político que deu origem à Frente de Esquerda, um ajuntamento sem princípios programáticos focado centralmente na disputa institucional. Por isto mesmo, as “queixas” dos parceiros do PSOL no campo da Frente, e também de algumas tendências internas, ao nome de Randolfe se “desmancham no ar” na primeira “oferta” de algum posto parlamentar.