PSTU APOIA A LAVA JATO E DEFENDE A PRISÃO DE LULA: QUANDO O
REVISIONISMO MORENISTA VIRA UM BRAÇO DA REAÇÃO BURGUESA
Diante desta investida de caráter autoritário e repressora é
escandaloso que o PSTU defenda a prisão de Lula e ainda critique os que denunciam
essa farsa jurídica montada com o auxílio da Rede Globo. Segundo Eduardo
Almeida “Existem também os que fazem uma defesa ‘pela esquerda’ de Lula.
Admitem que Lula e o PT governaram junto com a burguesia. Admitem que foram
governos corruptos. Mas afirmam que não é por isso que Lula está sendo atacado,
mas por seu passado de líder sindical. E defendem Lula como ‘parte da classe
trabalhadora’. Afirmam que só admitiriam a prisão de Lula caso fossem os
próprios trabalhadores que o prendessem. Como comitês operários que imponham
uma justiça operária só existem em situações revolucionárias, bem mais
avançadas que a realidade brasileira atual, esse setor de esquerda assume a
defesa da impunidade de Lula”. A crítica de Eduardo é diretamente voltada a
LBI, já em novembro de 2013 alertamos no Editorial do JLO 169: “Como Marxistas Revolucionários jamais
defenderíamos que os degradados reformistas do PT (que se privilegiaram
materialmente sob o governo da frente popular) fossem entregues aos ‘modernos’
cárceres do fascismo, para quem sabe tirar algum dividendo eleitoral. Como
Lenin nos ensinou, somente os organismos independentes do proletariado
(Tribunais Populares) devem julgar e condenar a conduta de ‘companheiros que em
algum momento cruzaram nossa rota”, sejam estes ‘anarquistas, sociais-democratas
ou populistas de esquerda’". De fato, não defendemos que justiça burguesa julgue
Lula e outros dirigentes do PT. Por mais divergências que tenhamos com Lula e o
PT sabemos que não são os sinistros órgãos de repressão do Estado burguês que devem
julgar o ex-presidente petista, na medida em que como marxistas não
reconhecemos nestes organismos capitalistas o poder para perseguir e condenar
lideranças oriundas do movimento operário, por mais degeneradas e corrompidas
que sejam. Esta tarefa cabe ao movimento de massas e seus organismos políticos,
como parte da superação da plataforma de colaboração de classes da Frente
Popular. Por esta razão em nenhum momento negamos que o PT é cúmplice desse
processo de cerco as organizações políticas como, por exemplo, ao aprovar a Lei
Antiterrorista que abriu espaço para criminalizar os movimentos sociais, os
sindicatos e as lideranças populares, mas esta constatação não altera nossa
orientação principista de denunciar os ataques da MPF ao próprio Lula! Se não
podemos depositar confiança política alguma nos dirigentes petistas, artificies
da estratégia de colaboração com a burguesia nacional e setores das oligarquias
regionais corruptas, também não se pode embarcar na canoa falsamente
moralizadora da Lava Jato que abre as portas para o frenesi reacionário das
elites racistas contra o conjunto da esquerda.
Lembremos que já criticamos o PSTU em março deste ano por
aceitar o MNN no Espaço Unidade de Ação defendendo a consigna “Que Lula seja
preso!”. Na época alertamos “A Direção Nacional da LBI alerta que não se pode
vacilar diante de condutas desta natureza, que representam uma verdadeira
traição à moral e à política revolucionária. Obviamente temos divergências com
o PSTU e seu chamado ao 'Fora Todos' no qual consideramos que abre espaço para
a oposição de direita, entretanto aqui o debate é outro, muito mais sério: MNN
ultrapassa a fronteira de classe ao apoiar abertamente a caçada dos organismos
de repressão do Estado burguês contra Lula e o PT, os mesmos que no passado
chegaram a prender Lula e o próprio José Maria de Almeida! Como afirmou
literalmente Zé Maria, que já sentiu na pele estas investidas repressivas, as
atuais decisões da Justiça burguesa têm motivações políticas e não jurídicas,
devem ser repudiadas! Esperamos sinceramente que o PSTU dê consequência às
palavras de seu mais importante dirigente público, caso contrário entenderemos
que o partido desgraçadamente é cúmplice dessa política nefasta defendida pelo
MNN, que joga água no moinho da reação burguesa e aplaude a ação do sinistro
aparato político-jurídico-policial sob as ordens do Juiz Moro, o novo ‘Salvador
da Pátria’ saudado pela Rede Globo e a direita reacionária! Esperamos, pelo
contrário, que os camaradas combatam estas bestas anticomunistas conosco nas
ruas e nas lutas da classe trabalhadora, em uma frente única para defenestrar
às hordas fascistas que ganham corpo em nosso país!”. Agora está claro porque o
PSTU não expulsou o MNN do Espaço Unidade de Ação, na verdade a direção
morenista tinha acordo com essa posição, apenas não tinha coragem de
expressá-la como agora fez diante da denuncia do MPF fabricada como uma luva
para Moro prender Lula!
Não queremos "tapar o sol com a peneira" e a
verdade é que Lula estabeleceu várias relações comerciais com grandes
burgueses, seguindo a prática política de colaboração de classes instituída por
ele mesmo no interior do Partido dos Trabalhadores. Este programa da Frente
Popular também buscou o financiamento eleitoral do PT a partir de grandes
grupos econômicos, que se sentiram contemplados com a plataforma de governo do
partido. A vitória de Lula em 2002 em uma chapa de composição com um dos
maiores empresários do país, José Alencar do PL, "coroou" esta
estratégia "reformista" do PT que se avolumou até hoje. No início do
primeiro mandato de Lula parecia que reinava a confiança de que a aliança com a
burguesia e os barões da mídia corporativa nunca seria desfeita. A Rede Globo
chegou a ser tratada como uma das TV's que dariam suporte ao governo Lula, é lógico
que para os Marinhos não faltou uma generosa linha de crédito aberta pelo BNDES
e uma gigantesca verba estatal de publicidade. Porém veio o escândalo do
"Mensalão" e a lealdade dos Marinho não pareceu tão firme assim...
Mas Lula foi preservado para a reeleição de 2006 e uma nova depuração política
ocorreu no PT, só que desta vez comandada pela mão dos "parceiros" da
burguesia que exigiram a cabeça de Dirceu, Genoino, Gushiken, Delúbio e outros
dirigentes processados e posteriormente condenados na ação penal 470 do STF.
Agora chegou a vez do próprio Lula.
Combater o embuste da Operação “Lava Jato” assim como a LBI
combateu o julgamento farsa do “Mensalão” representa neste momento unificar na
mesma pauta programática a luta contra a ofensiva neoliberal que pretende
subtrair nossos direitos sociais e políticos, tarefa que deve ser combinada com
a defesa incondicional de todos os militantes políticos da esquerda que se
postam no campo nacional, democrático e popular. A vanguarda classista deve
abstrair todas as lições programáticas destes episódios e jamais empunhar a
bandeira da “ética e moralidade pública” como faz o PSTU. Como afirmou Lenin, o
Estado burguês não pode ser “democratizado” ou tornar-se “público”, deve ser
demolido pela ação violenta e revolucionária da classe operária. A corrupção
não é um fenômeno episódico no regime capitalista, faz parte dos seus próprios
mecanismos de acumulação privada de mais-valor. Somente a imposição de outra
ditadura de classe, desta vez de caráter proletário, será capaz de iniciar a
construção de uma nova sociedade e para alcançar esse objetivo estratégico é
preciso edificar um partido operário revolucionário em nosso país, que supere o
PT e não seja sua reedição piorada como o PSOL.
Ao contrário do PSTU convocamos a militância de base do PT e da CUT para
somar forças na ação direta pela liberdade de todos os presos políticos deste
autocrático regime democrático-burguês. A classe operária mesmo não
reconhecendo o PT como um partido seu, deverá saber diferenciar seus inimigos
principais e seus possíveis aliados circunstanciais, que neste caso se
materializa na militância de base do partido e da CUT. Somente a mobilização
permanente, com os métodos revolucionários da ação direta do proletariado, será
capaz de libertar todos os presos políticos das masmorras do Estado
capitalista. Ilusões disseminadas na defesa de em um suposto “estado de
direito” no quadro desta república dos novos “barões” do capital só servirá
para o movimento de massas acumular mais derrotas e retrocessos como estes que
estamos assistindo agora. Nesse combate de classe o PSTU encontra-se no outro
lado da barricada, de mãos dadas com a reação burguesa, a Rede Globo e a
justiça reacionária!