sexta-feira, 16 de setembro de 2016

PSTU APOIA A LAVA JATO E DEFENDE A PRISÃO DE LULA: QUANDO O REVISIONISMO MORENISTA VIRA UM BRAÇO DA REAÇÃO BURGUESA

Acabamos de ter acesso à posição escandalosa do PSTU apoiando a denúncia do procurador protofascista Deltan Dallagnol contra Lula, uma artimanha jurídica reacionária que deve desembocar na prisão do ex-presidente pelo Juiz “nacional” Sergio Moro. Eduardo Almeida, dirigente máximo do partido, afirma textualmente seu apoio a Lava Jato e a ação repressiva do Estado burguês contra o dirigente do PT: “Lula foi denunciado pelo MPF e existe a possibilidade de que seja preso... Nós defendemos a prisão e expropriação dos bens de todos os corruptos. E isso significa exigir a prisão de Lula e também de Aécio e Renan pelo envolvimento na Lava Jato, de Alckmin pelo roubo da merenda escolar, e assim por diante. Ter uma política diferente nos tornaria cúmplices de Lula, e enfraqueceria completamente a luta contra a corrupção também do PSDB e do PMDB”. O PSTU tenta cinicamente justificar sua posição apoiando-se no conceito de que “todos são corruptos, logo todos devem ser presos” pelos organismos repressores do Estado capitalista. Para os Marxistas Revolucionários não se trata de adotar os conceitos típicos da pequena-burguesia moralista, a mesma que é base para os protestos da direita contra o PT que desembocou no Golpe Institucional contra Dilma, mas compreender que a justiça no Estado capitalista tem um caráter de classe. Justamente por esse “detalhe” desprezado pelo PSTU é que somente o PT está sendo de fato alvo da Operação Lava Jato, seus dirigentes históricos vêm sendo presos e Lula deve ir para a prisão em breve, enquanto os ratos da política burguesa como FHC, Temer, Aécio e Renan continuam livres. A denúncia do MPF é claramente um show midiático reacionário para atacar inicialmente Lula e o PT para na sequência perseguir toda a esquerda, inclusive os setores revolucionários que nunca apoiaram ou integraram os governos da Frente Popular. Esses fatos demostram que está em curso um processo de recrudescimento repressivo do regime político que tem como alvo não só o PT, mas o conjunto da esquerda e os movimentos sociais. O objetivo estratégico desta operação é cercear as parcas liberdades democráticas e criar um ambiente político propício para alinhar servilmente o Palácio do Planalto às ordens do imperialismo ianque e da Casa Branca na rapinagem da economia nacional. O descaramento oportunista do PSTU é ainda mais vergonhoso porque tem "duas caras", enquanto defende a Lava Jato para "ficar de bem" com a opinião pública da classe média "ética", no campo político dos movimentos sociais continua chamando de "companheiros de luta" os dirigentes do PT e da CUT para não "ficar mal" com o ativismo que segue a enorme influência da Frente Popular.

Diante desta investida de caráter autoritário e repressora é escandaloso que o PSTU defenda a prisão de Lula e ainda critique os que denunciam essa farsa jurídica montada com o auxílio da Rede Globo. Segundo Eduardo Almeida “Existem também os que fazem uma defesa ‘pela esquerda’ de Lula. Admitem que Lula e o PT governaram junto com a burguesia. Admitem que foram governos corruptos. Mas afirmam que não é por isso que Lula está sendo atacado, mas por seu passado de líder sindical. E defendem Lula como ‘parte da classe trabalhadora’. Afirmam que só admitiriam a prisão de Lula caso fossem os próprios trabalhadores que o prendessem. Como comitês operários que imponham uma justiça operária só existem em situações revolucionárias, bem mais avançadas que a realidade brasileira atual, esse setor de esquerda assume a defesa da impunidade de Lula”. A crítica de Eduardo é diretamente voltada a LBI, já em novembro de 2013 alertamos no Editorial do JLO 169: “Como Marxistas Revolucionários jamais defenderíamos que os degradados reformistas do PT (que se privilegiaram materialmente sob o governo da frente popular) fossem entregues aos ‘modernos’ cárceres do fascismo, para quem sabe tirar algum dividendo eleitoral. Como Lenin nos ensinou, somente os organismos independentes do proletariado (Tribunais Populares) devem julgar e condenar a conduta de ‘companheiros que em algum momento cruzaram nossa rota”, sejam estes ‘anarquistas, sociais-democratas ou populistas de esquerda’". De fato, não defendemos que justiça burguesa julgue Lula e outros dirigentes do PT. Por mais divergências que tenhamos com Lula e o PT sabemos que não são os sinistros órgãos de repressão do Estado burguês que devem julgar o ex-presidente petista, na medida em que como marxistas não reconhecemos nestes organismos capitalistas o poder para perseguir e condenar lideranças oriundas do movimento operário, por mais degeneradas e corrompidas que sejam. Esta tarefa cabe ao movimento de massas e seus organismos políticos, como parte da superação da plataforma de colaboração de classes da Frente Popular. Por esta razão em nenhum momento negamos que o PT é cúmplice desse processo de cerco as organizações políticas como, por exemplo, ao aprovar a Lei Antiterrorista que abriu espaço para criminalizar os movimentos sociais, os sindicatos e as lideranças populares, mas esta constatação não altera nossa orientação principista de denunciar os ataques da MPF ao próprio Lula! Se não podemos depositar confiança política alguma nos dirigentes petistas, artificies da estratégia de colaboração com a burguesia nacional e setores das oligarquias regionais corruptas, também não se pode embarcar na canoa falsamente moralizadora da Lava Jato que abre as portas para o frenesi reacionário das elites racistas contra o conjunto da esquerda.

Lembremos que já criticamos o PSTU em março deste ano por aceitar o MNN no Espaço Unidade de Ação defendendo a consigna “Que Lula seja preso!”. Na época alertamos “A Direção Nacional da LBI alerta que não se pode vacilar diante de condutas desta natureza, que representam uma verdadeira traição à moral e à política revolucionária. Obviamente temos divergências com o PSTU e seu chamado ao 'Fora Todos' no qual consideramos que abre espaço para a oposição de direita, entretanto aqui o debate é outro, muito mais sério: MNN ultrapassa a fronteira de classe ao apoiar abertamente a caçada dos organismos de repressão do Estado burguês contra Lula e o PT, os mesmos que no passado chegaram a prender Lula e o próprio José Maria de Almeida! Como afirmou literalmente Zé Maria, que já sentiu na pele estas investidas repressivas, as atuais decisões da Justiça burguesa têm motivações políticas e não jurídicas, devem ser repudiadas! Esperamos sinceramente que o PSTU dê consequência às palavras de seu mais importante dirigente público, caso contrário entenderemos que o partido desgraçadamente é cúmplice dessa política nefasta defendida pelo MNN, que joga água no moinho da reação burguesa e aplaude a ação do sinistro aparato político-jurídico-policial sob as ordens do Juiz Moro, o novo ‘Salvador da Pátria’ saudado pela Rede Globo e a direita reacionária! Esperamos, pelo contrário, que os camaradas combatam estas bestas anticomunistas conosco nas ruas e nas lutas da classe trabalhadora, em uma frente única para defenestrar às hordas fascistas que ganham corpo em nosso país!”. Agora está claro porque o PSTU não expulsou o MNN do Espaço Unidade de Ação, na verdade a direção morenista tinha acordo com essa posição, apenas não tinha coragem de expressá-la como agora fez diante da denuncia do MPF fabricada como uma luva para Moro prender Lula!

Não queremos "tapar o sol com a peneira" e a verdade é que Lula estabeleceu várias relações comerciais com grandes burgueses, seguindo a prática política de colaboração de classes instituída por ele mesmo no interior do Partido dos Trabalhadores. Este programa da Frente Popular também buscou o financiamento eleitoral do PT a partir de grandes grupos econômicos, que se sentiram contemplados com a plataforma de governo do partido. A vitória de Lula em 2002 em uma chapa de composição com um dos maiores empresários do país, José Alencar do PL, "coroou" esta estratégia "reformista" do PT que se avolumou até hoje. No início do primeiro mandato de Lula parecia que reinava a confiança de que a aliança com a burguesia e os barões da mídia corporativa nunca seria desfeita. A Rede Globo chegou a ser tratada como uma das TV's que dariam suporte ao governo Lula, é lógico que para os Marinhos não faltou uma generosa linha de crédito aberta pelo BNDES e uma gigantesca verba estatal de publicidade. Porém veio o escândalo do "Mensalão" e a lealdade dos Marinho não pareceu tão firme assim... Mas Lula foi preservado para a reeleição de 2006 e uma nova depuração política ocorreu no PT, só que desta vez comandada pela mão dos "parceiros" da burguesia que exigiram a cabeça de Dirceu, Genoino, Gushiken, Delúbio e outros dirigentes processados e posteriormente condenados na ação penal 470 do STF. Agora chegou a vez do próprio Lula.

Combater o embuste da Operação “Lava Jato” assim como a LBI combateu o julgamento farsa do “Mensalão” representa neste momento unificar na mesma pauta programática a luta contra a ofensiva neoliberal que pretende subtrair nossos direitos sociais e políticos, tarefa que deve ser combinada com a defesa incondicional de todos os militantes políticos da esquerda que se postam no campo nacional, democrático e popular. A vanguarda classista deve abstrair todas as lições programáticas destes episódios e jamais empunhar a bandeira da “ética e moralidade pública” como faz o PSTU. Como afirmou Lenin, o Estado burguês não pode ser “democratizado” ou tornar-se “público”, deve ser demolido pela ação violenta e revolucionária da classe operária. A corrupção não é um fenômeno episódico no regime capitalista, faz parte dos seus próprios mecanismos de acumulação privada de mais-valor. Somente a imposição de outra ditadura de classe, desta vez de caráter proletário, será capaz de iniciar a construção de uma nova sociedade e para alcançar esse objetivo estratégico é preciso edificar um partido operário revolucionário em nosso país, que supere o PT e não seja sua reedição piorada como o PSOL.  Ao contrário do PSTU convocamos a militância de base do PT e da CUT para somar forças na ação direta pela liberdade de todos os presos políticos deste autocrático regime democrático-burguês. A classe operária mesmo não reconhecendo o PT como um partido seu, deverá saber diferenciar seus inimigos principais e seus possíveis aliados circunstanciais, que neste caso se materializa na militância de base do partido e da CUT. Somente a mobilização permanente, com os métodos revolucionários da ação direta do proletariado, será capaz de libertar todos os presos políticos das masmorras do Estado capitalista. Ilusões disseminadas na defesa de em um suposto “estado de direito” no quadro desta república dos novos “barões” do capital só servirá para o movimento de massas acumular mais derrotas e retrocessos como estes que estamos assistindo agora. Nesse combate de classe o PSTU encontra-se no outro lado da barricada, de mãos dadas com a reação burguesa, a Rede Globo e a justiça reacionária!