Com o camaleão Afif no governo, Dilma consolida guinada ainda mais à direita fechando espaços para a “troika” Serra, Campos e Marina
Um “gol de placa”, assim definiram os analistas políticos da mídia reacionária a “jogada” da presidente Dilma em criar um novo ministério sob encomenda para ser ocupado pelo direitista PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab. O “premiado” com a nova pasta da Micro e pequena empresa foi nada menos que Guilherme Afif Domingos, atual vice-governador de São Paulo (eleito pelo DEM), um velho camaleão da política burguesa que já prestou serviços da ARENA ao atual PSD. Com a entrada do PSD no governo da Frente Popular abre-se as portas para alianças políticas com a direita mais recalcitrante do país, herdeira direta do regime militar, não por coincidência o PT já admite a possibilidade de uma coligação com o DEM para disputar a recondução do governo da Bahia. Mas a movimentação de Dilma em direção ao PSD tem objetivos bem mais pragmáticos do que a decomposição ideológica do PT, visa fechar as portas para uma possível coalizão partidária formada em torno da candidatura de Eduardo Campos ao Palácio do Planalto. O PSD, criatura original de José Serra para se contrapor a hegemonia de Alckmin no PSDB, escapou ao seu controle após forte investida estatal, agora debuta como base do governo com uma “nutrida” bancada de mais de cinquenta deputados federais. Restou a Serra gerar outra “criatura” mais fiel às suas pretensões presidenciais, que desta vez leva o nome de MD com a chancela do arrivista Roberto Freire. Dilma, “jogando” desta maneira, consegue “trabalhar” com paciência o isolamento de Campos no interior do próprio PSB, cooptando com as mesmas verbas estatais que fascinaram Kassab a oligarquia dos Ferreira Gomes, também originária da ARENA e do PDS do general Figueiredo. O REDE de Marina Silva sofre com a possibilidade de perder tempo de propaganda gratuita na TV, mesmo que consiga filiar parlamentares de outras legendas, neste caso seria obrigado a aceitar em sua coligação os partidos da “oposição de esquerda”, ávidos por conseguirem uma vaguinha no Parlamento burguês. De qualquer maneira com o “aluguel” do PSD pelo Planalto, só resta ao PSB caso leve a frente o desejo de Campos em concorrer a presidência, uma aliança eleitoral com o MD, que nesta variante forçaria um apoio da “troika” ao Tucano Aécio Neves caso venha a ocorrer um segundo turno em 2014.
Com a conclusão da “mini” reforma ministerial encerrada após a nomeação de Afif, cai por terra as falsas ilusões, disseminadas pela esquerda chapa branca, de algum resquício progressista do governo Dilma. A política neoliberal de aprofundar as privatizações de setores estatais estratégicos tem sua correspondência política na aliança do governo Dilma com frações capitalistas ligadas diretamente ao imperialismo ianque. Até mesmo a chamada “ala nacionalista” do PMDB, representada pelo senador Roberto Requião, vem denunciando a guinada privatista do governo neopetista. É claro que ao mesmo tempo que Dilma cada vez mais se alinha politicamente com a Casa Branca, procura reforçar os vínculos econômicos do país com o bloco dos BRICs, em uma demonstração de puro pragmatismo, desprovido de qualquer tendência ideológica de “esquerda”. Neste sentido, o Itamaraty acaba de “emplacar” um brasileiro na presidência da poderosa OMC, derrotando a candidatura de um mexicano apoiado por Obama.
A “insustentável leveza” política da gerentona Dilma em defenestrar seus adversários, não é produto de nenhum grande talento pessoal, baseia-se no confortável colchão monetário em que repousa a economia do país. Somente alguns ignorantes revisionistas, como o PCO por exemplo, ainda insistem em afirmar que o Brasil “caminha para a bancarrota”. O crash financeiro imperialista ocorrido em 2008, ao contrário de produzir o apocalipse econômico para o país, abriu novas perspectivas para a exportação de nossas commodities agrominerais, somada a atração de uma imensa massa de crédito internacional para aquecer o mercado interno. Se o governo neoliberal dos neopetistas (desculpem a redundância) é incapaz programaticamente de apresentar uma agenda nacional de desenvolvimento econômico, mostrou-se bastante astuto em “driblar” a crise financeira mundial e inserir nossa burguesia em uma nova corrente mundial, liderada pela China em plena transição para uma economia de mercado e acumulação originária. Em resumo, mesmo com um “pibinho” medíocre o Brasil, sob a égide da Frente Popular, se tornou um porto seguro para investidores (fugindo do alto risco europeu) e rentistas de Wall Street criarem para a população nativa a sensação da falsa “prosperidade” social.
A esquerda revisionista (PSTU, PCO e afins) que oscila entre um catastrofismo vulgar e o mais puro oportunismo político, encontra na borda da oposição conservadora sua única possibilidade de sobrevivência política eleitoral. Por isto, costuram o apoio em 2014 ao REDE, caso este não se encaminhe para uma coligação como vice na chapa de Eduardo Campos. Embora remota a possibilidade, caso o Senado confirme a votação da nova lei eleitoral hoje trancada por uma ação no STF, Marina sem muitas alternativas poderia compor com o governador pernambucano atuando como coadjuvante do projeto “socialista” de mercado. Outra vertente possível seria uma aliança entre o REDE e a “Frente de esquerda”, neste caso sem a menor expectativa de levar Marina a um segundo turno, mas com grande potencial de eleição parlamentar. O nascimento do chamado “terceiro campo” (burguês como os outros) tão sonhado pelos revisionistas do PSTU agora só depende de uma resolução política do REDE, que por sua vez aguarda os desdobramentos institucionais de sua própria gênese. Nós marxistas leninistas da LBI alertamos a vanguarda classista que o único campo que interessa ao proletariado construir é o campo da revolução socialista, não tendo nada a ver com o estabelecimento de uma aliança “tática” com os carreiristas pequeno-burgueses do PSOL e nem tampouco com os eco-capitalistas do REDE.