segunda-feira, 13 de maio de 2013


Convenção nacional do PSDB no próximo domingo, Serra diante da “escolha de Sophia”

O PSDB realizará sua convenção nacional em Brasília no próximo domingo (18/05), onde renovará toda a direção partidária além da escolha do novo presidente da legenda. A cúpula Tucana já definiu o nome do senador Aécio Neves para presidir o partido, como um primeiro passo político de sua indicação a candidato à presidência da república pelo PSDB. Mas o consenso das lideranças tucanas de “alta plumagem” obtido em torno do nome de Aécio para comandar o PSDB produziu uma “vítima” muito importante no atual tabuleiro da sucessão ao Palácio do Planalto, estamos falando, é claro, de José Serra, hoje o principal “curinga” do jogo eleitoral a ser definido em 2014. Por ironia da história, a importância política de Serra não se encontra mais em seu próprio potencial de votos, bastante reduzido, mas na composição partidária que irá estabelecer para tentar derrotar a sequência de governos da Frente Popular. Serra é sem dúvida o “centro” de outras definições eleitorais que estão “congeladas” a espera do rumo que poderá tomar. Caso compareça à convenção do PSDB, Serra será obrigado a “coroar” seu inimigo visceral, Aécio Neves, considerado como o responsável pela sua derrota em 2010. Caso se ausente de Brasília no próximo domingo, Serra estará dando sinal verde para a decolagem com força total da postulação de Eduardo Campos, e ainda de quebra incentivará o REDE a manter a “chama” (meio apagada) das pretensões de Marina Silva. O recém-criado MD também é outro que se encontra a espera da definição política de Serra para concluir a fusão entre o PPS e PMN, patrocinada financeiramente pelo “caixa” da privataria Tucana.

Engana-se quem pensa que a Troika que hoje comanda o PSDB (FHC, Alckmin, Aécio) quer ver Serra fora do ninho Tucano, pelo contrário, estão tentando até o último momento um acordo para evitar o racha no partido. O motivo dos repetidos esforços para “acalmar” Serra não reside em nenhuma nova aposta eleitoral e sim em razões estritamente financeiras, ou no jargão da política burguesa: em quem controla o “caixa dois” do PSDB. Alckmin inclusive já cedeu parte do comando tucano de São Paulo para o grupo Serrista, cortando na “própria carne”, mas o velho decano neoliberal exige a secretaria geral (nacional) do partido, além da presidência do instituto Teotônio Vilela, entidade para formação dos quadros tucanos. Na variante de uma ruptura, Serra deixaria o PSDB com um caixa quase vazio, esvaziando as contas abertas nos paraísos fiscais no período da privataria Tucana. Disparado o “alerta vermelho” o próprio FHC entrou em cena para evitar o “desastre” de uma campanha falida de Aécio em 2014. Apesar da “boa vontade”, será muito difícil para a Troika Tucana atender todas as “reivindicações” de Serra e, ao que tudo indica, a ruptura parece irreversível, para a “felicidade geral” do PSB, MD, REDE e até do PSOL.

A entrada de Serra no MD, concluindo o restante do pagamento que falta ao PMN, consolidaria de vez a candidatura de Eduardo Campos, que na espera do veredito serrista foi obrigado a submergir no último mês. O plano inicial do PSB é lançar Serra como vice de Eduardo, para garantir um palanque forte em São Paulo. Serra gostaria mesmo é de tentar seu retorno ao Palácio dos Bandeirantes, mas neste caso suas chances são quase zero e a direção paulista do PSB não avalizaria esta aventura. Como coadjuvante de Eduardo em 2014, Serra sepultaria definitivamente seu sonho de ser presidente da república, já que todo o projeto do governador de Pernambuco está realmente focado em 2018, sendo a movimentação atual um jogo de barganha com o próprio PT. Em todo caso, postas de pé as candidaturas de Eduardo (PSB/MD) e Marina (em aliança com o PSOL/PSTU), um segundo turno seria praticamente inevitável, beneficiando o Tucano Aécio Neves, “fabricado” para perder a disputa com Dilma.

A burguesia trabalha suas variantes políticas e eleitorais em uma conjuntura de absoluta trégua social. As direções sindicais da esquerda revisionista (CONLUTAS e Intersindical) estão totalmente empenhadas na formação do chamado “terceiro campo”, um amálgama eleitoral policlassista unindo desde o PSTU até o REDE. A CUT, por sua vez, atolada até o pescoço nas verbas e patrocínios estatais, empenha-se na reeleição de Dilma, sabotando abertamente as lutas vigentes em parceria com a CONLUTAS. A vanguarda classista deve abstrair as lições desta etapa histórica, de pacto social não declarado, e partir para a ação direta das massas sem ilusões neste regime da democracia dos ricos e suas arapucas eleitorais. A construção de um instrumento de independência de classe do proletariado se coloca como tarefa prioritária para os comunistas revolucionários, galvanizando desde a propaganda marxista até o combate concreto no terreno vivo da luta de classes.