Governo Obama já executa pena de morte “automática”, sem nenhum julgamento para os suspeitos de “terrorismo”
Parece que os EUA
abandonaram definitivamente todas as formalidades jurídicas elementares de um
Estado que se diz democrático e passaram a executar (automaticamente) a pena de
morte, em pleno processo de interrogatórios realizados pela sua polícia federal,
o FBI. O caso foi noticiado no dia 22/05 sem nenhum prurido pela mídia “murdochiana”
ianque, como sendo o método mais adequado a ser adotado pela polícia (FBI) para
“agilizar” a execução sumária de suspeitos de “terrorismo”. Trata-se do
assassinato de Ibragim Todashev, um jovem de 27 anos residente em Orlando,
preso pelo FBI sob a acusação de “simpatizar” com a suposta “causa” dos
recentes atentados de Boston. Durante o interrogatório de Ibragim pelo FBI, um
agente deste organismo policial “simplesmente” decidiu matar o jovem com um
tiro na cabeça, supostamente por ter se sentido ameaçado por um “terrorista”
algemado e cercado por mais quatro policiais. A ligação de Ibragim com os
irmãos Tsarnaev, acusados de explodir uma bomba caseira na maratona de Boston, era
absolutamente inexistente, o único elo entre eles era o fato de Ibragim também
ser filho de imigrantes e praticar luta de artes marciais. A histeria ianque
contra os imigrantes de origem muçulmana, todos suspeitos de simpatizar com o “terrorismo
internacional”, retomou seu curso maior após o FBI responsabilizar dois jovens
de origem chechena de terem planejado e operado as explosões na maratona de Boston.
O irmão mais velho dos Tsarnaev, Tarmelan foi morto durante a “caçada”
promovida pelo FBI, enquanto o mais novo, Dzhokhar, sobreviveu após ter levado
um tiro no pescoço. Segundo a versão surrealista do FBI, Dzhokhar mesmo em
estado gravíssimo e sem poder nem mesmo falar reconheceu a autoria dos
atentados, além do seu “ódio” a “sacrossanta” civilização ocidental. A partir
daí os organismos de repressão do governo Obama resolveram eliminar todas as
etapas constitucionais que conduzem a odiosa pena de morte, no país que reclama
ser o mais democrático do mundo, e como senhores da “vida e da morte”
realizaram o fuzilamento de Ibragim, inaugurando uma novo período de franco
recrudescimento dos direitos civis norte americanos, na atual etapa de reação
mundial.
Contra a histeria
fascista “antiterror” ianque nenhuma das “tradicionais” vozes “democráticas” se
levantam, as mesmas que em Cuba se “enojam” com prisão de mercenários
sabotadores, nos EUA cinicamente silenciam diante da execução (sem direito
sequer a um julgamento) de um preso político acusado de “terrorismo”. Os barões
da mídia noticiam o covarde assassinato de um preso, sendo interrogado nas
dependências do FBI, sem revelar a menor defesa dos direitos humanos mais
elementares de um cidadão, mas se o fato tivesse ocorrido na Venezuela “Chavista”
seria até o caso de pregarem uma intervenção internacional da OEA, apoiada é
claro pelos Marines ianques. Por sua vez, o governo do “Partido Democrata”,
após a reeleição, atravessa seu pior momento político, acossado pelo
reacionário Tea Party que o acusa de utilizar o Fisco federal para coagir e
intimidar seus dirigentes. Na verdade, o “sinal verde” dado por Obama para a
CIA e o FBI realizarem os chamados “assassinatos seletivos” não contempla mais
as reivindicações da extrema-direita Republicana, que exige uma mudança mais
profunda no próprio regime institucional norte-americano. Obama deve sua
reeleição ao fato ter sabido conduzir a suposta “revolução árabe” na direção da
derrubada dos governos nacionalistas burgueses adversários dos interesses
ianques na região, mas agora se encontra empantanado na guerra civil na Síria e
com a falta de perspectiva militar e política na preparação da invasão ao Irã.
Não foi por outro motivo que a “cabeça” da madame Clinton, braço direito de
Obama, teve que ser cortada de seu governo.
Se por um lado Obama é
forçado internamente a impulsionar a histeria antiterror, criminalizando todos
os islâmicos que vivem nos EUA, na arena internacional se vê obrigado a
recorrer a aliança com grupos armados fundamentalistas para levar a frente sua
estratégia de consolidar um Oriente Médio “livre” do nacionalismo pan-árabe. A
política do Departamento de Estado ianque, agora dirigido por John Kerry, tem
celebrado acordos com organizações consideradas “terroristas”, como a Al-Qaeda
e o Hamas palestino, tudo em nome de combater os “inimigos principais” no
momento: Assad e o Hezbollah libanês. No Irã preparam uma estratégia mais “fina”,
com suporte político na oposição burguesa pró-ocidental, avessa ao regime dos
Aiatolás. A “dualidade” contraditória do discurso e prática do governo Obama
tende a se esgotar com o fim do ciclo Democrata na gerência do imperialismo
ianque, já está em plena gestação a formação de um novo governo da extrema-direita
Republicana, que iniciará uma nova correlação de forças abertamente fascista em
nível mundial.
Os marxistas
revolucionários devem compreender com muita clareza que a completa supressão
das liberdades democráticas no país mais poderoso do planeta não é uma questão
menor. O proletariado norte-americano pela sua importância política mundial
deve estar bastante atento a esta nova conjuntura nacional pré-contrarrevolucionária
que se abriu com o 11 de setembro na gestão Bush e que, todavia, ainda não foi
encerrada com os Democratas no comando estatal. A burguesia ianque acionou a “válvula
de escape” com Obama logo após o crash financeiro de 2008, hoje estabilizada
minimamente a economia afastando o temor da “catástrofe”, prepara-se a nova
transição para uma ofensiva imperial ainda mais agressiva e violenta contra os
povos e a classe operária mundial. Recai particularmente sobre os ombros do
genuíno Trotsquismo norte-americano uma tremenda responsabilidade histórica de
combater corretamente, com o programa revolucionário ao lado da vanguarda
proletária, este sinistro cenário que se avizinha.