segunda-feira, 27 de maio de 2013


“VEJA” uma boa notícia: Morre o facistóide Roberto Civita

Morreu neste domingo aos 76 anos um dos principais comandantes do PIG, o facistóide Roberto Civita, presidente do Grupo Abril, responsável pela publicação da revista Veja, ícone do que há de mais reacionário da imprensa nacional. Para os que lutam contra a burguesia e seus meios de alienação de massa, só temos o que comemorar com o falecimento do chefe do maior conglomerado editorial da América Latina, criado na década de 50, hoje em relativa decadência. Veja e a “famiglia” Civita sempre se postaram em defesa dos interesses dos setores da classe dominante ligados diretamente ao imperialismo, seja apoiando na década de 60 a ditadura militar com suas famosas capas ajudando na perseguição ao que chamava de “terroristas de esquerda” ou em plena democracia dos ricos, patrocinando as campanhas mais reacionárias contra os direitos dos trabalhadores, Cuba e os governos da centro-esquerda do continente. Em sua sanha como dono de uma revista que virou porta-voz da reação, Roberto Civita acumulou uma fortuna pessoal de US$ 4,9 bilhões, tornando-se um dos 300 homens mais ricos do mundo. Uma marca da “gestão” de Roberto Civita a frente do Grupo Abril nos últimos 20 anos, depois que sucedeu seu pai, foi seu aberto engajamento político na busca de centralizar ideologicamente a ala da burguesia mais alinhada com o imperialismo ianque, disseminando os mais odiosos preconceitos de classe. Nesse sentido, teve papel de destaque, junto com a Rede Globo, no apoio à Nova República advinda com o governo Sarney, apoiando a transição lenta e gradual para a chamada “democracia”, que na verdade golpeava os mais elementares direitos democráticos e sociais do povo. Com ACM no Ministério das Telecomunicações, Civita conseguiu concessões de TV a cabo, montou alguns canais, que não lograram se desenvolver. Logo depois veio a campanha pela eleição de Collor de Melo. Frente a instabilidade criada pelo “Caçador de Marajás”, Veja apoiou o “impeachment” preparando o terreno, depois do mandato tampão de Itamar, para a chegada do tucano FHC ao Planalto, com a revista sempre representando os “valores” da classe média facistoíde, racistas e de direita. Foi durante os oitos anos do mandato do PSDB que a revista teve seu auge, inclusive se recuperando economicamente em função de várias negociatas envolvendo benesses do Estado e sua intermediação via empréstimos de grupos capitalistas estrangeiros. Até então em péssima situação financeira, a Abril recebeu aporte de capital do grupo Nasper, da África do Sul, mais 20% de empresas offshare de Delaware, afrontando a própria legislação brasileira.


No último período, Veja ficou conhecida por sua campanha aberta contra Lula e o núcleo histórico do PT encabeçado por Dirceu, que foi condenado no julgamento do “mensalão” na farsa montada no STF sob pressão do PIG. Ao mesmo tempo, Veja levou uma campanha odiosa contra o governo Chávez e a gestão dos Kirchner na Argentina, acusando-os de desejarem acabar com a “liberdade de imprensa”. Civita para melhor articular suas posições patrocinou recentemente a criação do chamado Instituto Milleniun com vários figurões da mídia e que visava criar uma rede articulada de colunistas e formadores de opinião para sustentar as posições políticas e ideológicas da direita no país. Não por acaso, abrigava em sua revista figuras de ponta da reação como Reinaldo Azevedo e Diogo Mainard, conhecidos por suas posições abertamente fascistas.

Mesmo depois de levar a frente sua cruzada contra o PT, via denúncia do “mensalão”, Civita conseguiu que um de seus redatores chefes, Policarpo Júnior, responsável de montar escândalos artificialmente para o Grupo Abril tirar dividendos políticos e financeiros, se livrasse até mesmo depor na CPI do Cachoeira, valendo-se da covardia do próprio PT chantageado pelos seus compromissos com a estabilidade do regime político. Neste episódio ficou mais que evidente que Civita era o “Murdoch” brasileiro, já que vieram à tona os acordos de Veja e seu diretor da sucursal de Brasília com arapongas a serviço do empresário/contraventor goiano que pautava as matérias da revista e depois usava políticos ligados à oposição demo-tucana para, através da revista Veja, plantar e capitalizar escândalos que lhe rendiam poder de barganha em novos esquemas. Para nós marxistas, entretanto, não há “grande surpresa” neste esquema, é justamente assim que funciona a relação da imprensa burguesa com os governos de plantão e seus representantes no balcão de negócios que são o parlamento e as empresas estatais. Neste exato momento, o Grupo Record de comunicação presta para o PT e o governo Dilma exatamente os mesmos serviços que a Veja e a Rede Globo faz para a “oposição conservadora" demo-tucano, ou seja, manipular a população trabalhadora em troca de favores e benesses oriundas das relações comerciais legais e ilegais com o Estado capitalista e seus gerentes de turno. São concessões de TV, empréstimos bilionários e negociatas...

A tão propalada “sanha golpista” da oposição burguesa que tem na arquirreacionária Revista Veja, até então comanda por Civita, seu principal aliado, é na verdade uma busca de correlação de forças minimamente tolerável na manutenção da hegemonia política da frente popular, haja vista que o Planalto goza de pleno apoio de grande parte da burguesia nacional, completamente identificada com a tranquilidade proporcionada pelo atual governo. Na verdade, a frente popular tenta se apoiar em outros grupos jornalísticos para atacar a Veja e de quebra retomar o debate sobre a necessidade de um “marco regulatório da mídia”, que dá “Ibope” na base social do petismo mais engajado na cruzada da “ética na política e nas comunicações”.

Morreu Roberto Civita, sem dúvida trata-se de uma boa notícia. Ao lado do recém-falecido Ruy Mesquita, o arquirreacionário diretor-executivo do Estadão, se vai mais um representante dos grandes meios de alienação de massas. Segundo as palavras de Civita em recente palestra no Instituto Milleniun, “A imprensa livre é o alicerce da democracia e instrumento essencial para aprofundá-la. A mídia dá voz a quem não tem e joga luz na sociedade. Em hipótese alguma ela pode ser censurada”. Toda esta frase é uma farsa, ainda mais vinda da boca de quem veio. Ao comemorarmos a morte do chefe do Grupo Abril, reafirmamos que é necessária a expropriação dos meios de comunicação capitalistas, que manipulam a população segundo seus interesses de classe, como faz corriqueiramente a revista Veja e a Rede Globo. A defesa do marco regulatório como a via para a “democratização das mídias” (jornal, revista, TV e internet) feita por alguns setores do PT não passa de uma burla, na medida em que visa um acordo político e econômico com o grande capital que controla o setor, reservando uma parcela do orçamento estatal para beneficiar os grupos jornalistas burgueses minoritários e as chamadas “mídias alternativas”, como os blogs “chapa branca”, que apoiam incondicionalmente o governo da frente popular. A única forma de ter uma mídia comprometida com os interesses dos trabalhadores e do povo pobre é lutando pela liquidação do próprio Estado burguês, que através de seu “quarto poder” aliena as massas para manter a exploração capitalista e a hegemonia do imperialismo sobre os povos do planeta, como de forma esmerada fazia o fascistóide Civita.