quinta-feira, 18 de julho de 2019

25 ANOS DO ATENTADO A AMIA NA ARGENTINA: PARTIDO OBRERO, DIRIGIDO NA ÉPOCA POR JORGE ALTAMIRA, CONVOCOU A SOLIDARIEDADE COM OS SIONISTAS APRESENTANDO O GERDAME ASSASSINO DE ISRAEL COMO UMA SEMICOLÔNIA IANQUE


Hoje fazem 25 anos do atentado a AMIA (Associação de Ajuda Mútua aos Judeus) ocorrido na Argentina em 18 de julho de 1994. Esta data marca também a escandalosa política do Partido Obrero, na época dirigido por Jorge Altamira, de capitulação vergonhosa ao sionismo. Altamira, hoje afastado da direção do próprio partido que fundou por uma nova camarilha ultra-revisionista dirigida por Nestor Pitrola, Romina del Plá e Gabriel Solano, está apenas colhendo o que plantou com sua política que rompe com as tradições Trotskistas. O histórico do PO desde o atentado da AMIA vai desde a solidariedade com os sionistas na Argentina até a apresentação do gerdame assassino de Israel como uma merca colônia explorada pelos EUA. 

A LBI denunciou no artigo “A Questão Palestina a Queima Roupa” (Novembro de 1995), a posição pró-imperialista assumida pelo PO, neste texto pontuamos que após o atentado à AMIA em Buenos Aires no ano de 1994, o PO não só compareceu, como também convocou, entusiasticamente, em conjunto com a embaixada israelense e os sionistas portenhos, uma caminhada em apoio ao Estado de Israel, exigindo por parte do governo Menem medidas repressivas enérgicas contra os possíveis responsáveis pelo atentado, ou seja, ativistas vinculados de alguma forma a organizações que lutam contra o enclave terrorista de Israel. Longe de ser uma calúnia ou um exagero de nossa parte foi o próprio PO que reivindicou sua atitude a época “O Partido Obrero foi a única corrente de esquerda que não só participou do ato contra o atentado, mas também chamou a fazê-lo com antecipação.... No dia 20, garantimos a mobilização do nosso partido no ato, destacando a consigna: ‘a autêntica solidariedade é fazer justiça’, por sua relação com a consigna histórica ‘justiça e castigo para todos os culpados’” (Prensa Obrera, nº 424). Parece inacreditável, mas o PO e Altamira exigiram que Menem “fizesse justiça” e o criticam pela lentidão como agiu no caso. Seria possível acreditar que alguém que se diga “revolucionário” possa confiar ao Estado burguês e seus tribunais a tarefa de “fazer justiça” contra organizações ou militantes que se utilizam do método equivocado do terrorismo, como forma de luta política? A posição assumida pelo Partido Obrero no caso AMIA, gerou o repúdio da vanguarda de esquerda na Argentina, o que lhe obrigou a uma série de retificações teóricas em seu arsenal programático. Segundo Altamira, o Estado sionista de Israel não seria mais um enclave do imperialismo na região, passando agora à condição de semicolônia oprimida, da mesma forma que os outros países do Oriente Médio. Em polêmica com o MAS, vejamos qual é a afirmação do PO sobre o caráter do Estado de Israel: “Que Israel é um Estado terrorista como afirma o MAS, no Solidariedade Socialista nº 479, é uma afirmação justa, mas dentro de determinadas condições." (Prensa Obrera, nº 426) para depois concluir: "O Estado de Israel é uma nação artificialmente criada por um acordo internacional entre o imperialismo norte-americano e a burocracia russa, que nasceu como uma semicolônia ianque... É também o caso do Líbano que até 1975 foi uma colônia do imperialismo francês."(idem). 

É o caso mais espetacular de mudança de posição que se tem conhecimento no movimento trotskista. Israel passa a ser considerada como uma semicolônia do imperialismo ianque, igual ao Líbano ou outros países oprimidos. Desta forma, o conflito palestino versus Estado sionista torna-se um conflito de iguais. "Pena" que os palestinos não tenham recebido mais de 500 bilhões de dólares em ajuda financeira e militar do imperialismo ianque, sem falar das armas nucleares estacionadas em território israelense apontadas para as cabeças de todos os povos árabes. Quais seriam as "determinadas condições" que o Estado de Israel, após exterminar mais de cem mil palestinos e árabes em todas suas beligerâncias pela região, deixaria de ser terrorista? Cabe ao próprio PO responder aos combatentes palestinos e árabes, sendo que diferente de 1994 agora Altamira foi expulso do PO, cujos “discípulos” levaram até as últimas consequências as posições revisionistas do seu antigo “guru”, tendo aprofundado a aliança com o PTS, IS e até mesmo com o MST (ala mais à direita do revisionismo) na FIT-Unidad. Não por acaso, esses quatro agrupamentos homogeneizaram suas posições nos últimos anos em torno de uma política ultra-revisionista que em nome de uma suposta “revolução árabe” também apoiaram os “rebeldes” a serviço do sionismo na Síria, Irã e Líbano!