APROVAÇÃO DA CONTRARREFORMA, AMEAÇA DA LSN E DEPORTAÇÕES, ASSASSINATOS DE LIDERANÇAS INDÍGENAS: AINDA HÁ NA ESQUERDA QUEM NEGUE A OFENSIVA NEOFASCISTA EM PLENO CURSO ASCENDENTE...
Para os Marxistas Leninistas caracterizar a correlação de
forças entre as classes sociais, em cada período histórico, não representa um
mero exercício acadêmico ou diletantismo intelectual. A consequência lógica de
aferir cientificamente, sob o método do materialismo histórico, a etapa que
atravessamos, sempre será no sentido falar a verdade as massas, por mais
“amarga” que esta seja. Na absoluta contramão deste princípio revolucionário
está o economicismo vulgar, ou na linguagem prosaica o “sindicalismo rasteiro”,
esta vertente oportunista do movimento operário sempre fala das “grandes
vitórias”, do “ascenso permanente” das massas, chegando a afirmar nos
bastidores que caracterizar uma “derrota ou retrocesso” do proletariado
ajudaria a fortalecer nossos inimigos de classe... No Brasil podemos afirmar que
a melhor representação política do “sindicalismo rasteiro e atrasado” no seio
da esquerda que ainda se reivindica Trotskista é o PSTU. Os Morenistas do PSTU
são a expressão maior dos graves equívocos cometidos no último período da nossa
conjuntura nacional, e a raiz “teórica” de seus profundos erros reside
justamente no fato de negarem a etapa de ofensiva imperialista mundial
desencadeada há exatamente 30 anos atrás, com a queda do Muro de Berlim. De lá
para cá, é verdade que os Morenistas não estiveram sozinhos nos seus delírios
oportunistas, foram seguidos por varias correntes como o PCO, DS, POR etc.. na
efusiva comemoração do fim da URSS em 1991, considerada como “A revolução que
liquidou com o stalinismo”, só não disseram que esta suposta “revolução” foi
dirigida exatamente pela ofensiva do imperialismo ianque.. que não acabou com o
stalinismo (está mais vivo que nunca em sua política de colaboração de classes)
e sim com as conquistas sociais da revolução socialista de 17! Seguindo esta
mesma trilha do oportunismo ufanista e “sindicaleiro”, o PSTU apoiou o
impeachment do governo Dilma, um verdadeiro golpe parlamentar, como uma
“vitória das massas”, aplaudindo
abertamente a famigerada “Lava Jato”, considerada pelos Morenistas como um
“movimento progressista inconcluso”... muito similar ao Tenentismo dos anos
20...
Mas o pior ainda estava por vir, para o PSTU o triunfo
estatal do curso da ofensiva reacionária, baseada no estelionato eleitoral de
Bolsonaro, foi classificada como um “voto de protesto contra o PT”, ou seja, os
Morenistas consideraram a eleição do neofascista como o resultado de uma
espécie de “voto contra a corrupção”, portanto “progressivo na consciência das
massas”, embora por pura covardia política terem optado por sufragar Haddad, ao
contrário de seus conselheiros do “Negação da Negação” que foram mais
consequentes na linha golpista até o final. Neste mesmo cenário os Morenistas
continuam defendendo a prisão de Lula pelo regime bonapartista hoje vigente,
obviamente que as atuais características draconianas do atual regime político
são completamente desconsideradas pelo PSTU que continua afirmando que vivemos
na “democracia burguesa plena” como se ainda estivéssemos na década dos
governos de colaboração de classes da Frente Popular. Muito provavelmente o
PSTU continue a sustentar sua absurda tese de que “nada mudou no país”, em
função dos sindicatos (“Conlutas”) que controlam ainda manejarem alguns
“benefícios” estatais da época dos governos do PT, mas mesmo estas pequenas
“vantagens” da burocracia sindical estão cada vez mais ameaçadas, e só não
foram eliminadas totalmente pela “ajuda” prestada na aprovação da
(contra)reforma da Previdência Pública, com a desmarcação da Greve Geral no
país.
Como a definição do ingresso do Regime Bonapartista no
cenário político não é algo abstrato, nem tampouco uma mera categoria
“professoral”, estamos cruzados por uma ofensiva da extrema direita em toda
linha, tanto no plano da economia nacional como do ponto de vista
institucional, ou seja, das garantias democráticas e de organização da classe
operária e seus aliados históricos. Quem não consegue enxergar isto, como o
PSTU e seus “parceiros mais ortodoxos”, semeia confusão política e profundas
derrotas no movimento de massas. Em somente seis meses do governo neofascista
de Bolsonaro, podemos comprovar que a “pauta do mercado” será implementada
integralmente pela “via à frio” de um Congresso Nacional totalmente controlado
pelos rentistas. Somente tolos ou a esquerda reformista continua acreditando
que por meio do lobby parlamentar poderemos barrar a ofensiva neoliberal do
imperialismo ditada para o Brasil. Neste vasto arco do reformismo, o PSTU
cumpre a função política de ser sua “cobertura de esquerda”, principalmente
pelas mãos da Conlutas, um pequeno apêndice da burocracia cutista
compartilhando a mesma estratégia de ação da Frente Popular. Porém quando
passamos para o plano da “política pura”, os Morenistas dão um salto de
qualidade no seu surto oportunista, defendendo a imaginária escaladas de
vitórias acumuladas desde o golpe institucional de 2016. Neste sentido aqueles
que sustentam, como a LBI, que a farsa da “Lava Jato” é uma operação engendrada
nos porões do Departamento de Estado dos EUA para atacar nossa economia e
aprofundar o curso bonapartista do regime, são acusados pelo PSTU de
patrocinarem “teorias da conspiração”... enquanto avança a “caça às bruxas”
contra as lideranças da esquerda e a entrega de nossa parca soberania
energética aos EUA. É impressionante que diante da ameaça feita pelo presidente
neofascista de “enquadrar” os supostos “hackers de Araraquara” na Lei de
Segurança Nacional (LSN), os Morenistas tenham ficado calados. Por sinal, o surgimento
destes vigaristas de pequenos golpes na internet, apresentados como os “grampeadores
da república”, configura uma clara armação montada pela PF morista para
criminalizar a esquerda e o conjunto da imprensa alternativa. Aqui cabe uma
observação importante, desde que surgiram as primeiras denúncias públicas do
site Intercept contra o engodo jurídico da Lava Jato para “legitimar” a prisão
política de Lula, outras correntes de esquerda (inclusive Morenistas como a CST
e o MES) que embarcaram na “canoa” de Moro, passaram a rever suas posições, aderindo
ao “Lula Livre”. Já o PSTU que apostando na desmemória nacional, declarou
recentemente que “nunca confiou em Moro”, continua sustentando o encarceramento
de Lula e ainda por cima afirma que o “Lula Livre não unifica o movimento”, só
não diz que movimento seria esse... talvez o movimento
tucano&bolsonarista...Em resumo o PSTU continua vivendo seu “mundo próprio”
do sindicalismo oportunista, pontuando algumas “arbitrariedades” cometidas pelo
governo neofascista, que vem se avolumando exponencialmente na medida que se
acentua o bonapartismo do regime, mas sem enfrentar programaticamente de
conjunto a brutal ofensiva reacionária do capital, a qual nem sequer reconhece
a existência...