PRISÃO DO HACKER “VERMELHO” REPETE 30 ANOS DEPOIS A FARSA CONTRA O PT DO SEQUESTRO DE ABÍLIO DINIZ, UM SINAL PARA O INGRESSO DE TEMPOS SINISTROS...
Para os ativistas de esquerda que militavam no final dos
anos 80 ainda deve estar bem vivo na memória a farsa montada pela Polícia
Federal no histórico caso do sequestro do empresário Abílio Diniz. Para impedir
a vitória de Lula no segundo turno das eleições de 89 o então governo Sarney,
pelas mãos de Romeu Tuma que chefiava a PF, montou uma farsa apresentando fotos
dos sequestradores junto a material de propaganda política do PT. O resultado
da “armação” foi o desastre que seguiu com a eleição de Collor e o processo de
“caça às bruxas” contra todas as correntes de esquerda, petistas ou não. 30
anos depois a história se repete como farsa, desta vez sob o comando dos
bandidos da “República de Curitiba” e do governo neofascista de Bolsonaro e
Moro. Em represália aos vazamentos da famigerada “Lava Jato”, publicitados pelo
site Intercept, a Polícia Federal armou um verdadeiro circo midiático, como o
devido respaldo da famiglia Marinho, prendendo quatro vigaristas especializados
em fraudes comerciais e bancárias na internet, como sendo os “hackers” que
teriam fornecido o material vazado para o jornalista Glenn Greenwald. A falange
policial “morista” chegou a “selecionar” a dedo um “cartãozeiro” (qualificação
que se dá no Nordeste a clonadores de cartão de crédito) com o apelido de
“vermelho”, trata-se do conhecido meliante Walter Delgatti Neto que foi preso
em Ribeirão Preto. Junto a “vermelho” foram detidos mais três caloteiros da
internet e uma quantia de cem mil reais, que segundo os criminosos oficiais da
PF seria o dinheiro pago pelo PT&Intercept pelos “serviços” dos “vazamentos
eletrônicos”. A versão do justiceiro Moro para convencer idiotas foi corroborada pelo advogado de
defesa dos “hackers”, que estranhamente já estava contratado para legitimar a
farsa da PF e não para defender seus clientes... Porém esta canastresca “ópera
bufa” resolveu criar um novo “ato”, indo além das grampos de Moro e Dallagnol,
agora os “cartãozeiros” caipiras teriam também obtidos dados do próprio
presidente neofascista, o que configura um crime contra a “Segurança Nacional”.
Um cenário político pronto para a deflagração de uma ofensiva jurídico
policial, primeiro contra o Intercept e o PT, e depois contra todos movimentos
sociais de esquerda, no curso de um fortalecimento do governo Bolsonaro no
Congresso Nacional com a folgada aprovação da (contra)reforma do fim da
Previdência.
A “Operação Spoofing”, autorizada pelo juiz federal
Vallisney de Oliveira, um já conhecido togado reacionário da máfia do
judiciário, organizou previamente o ambiente para o “circo” patrocinar o
espetáculo do punguista Walter Delgatti Neto (vermelho). Primeiro Walter passou
a seguir nas redes sociais vários militantes de esquerda, depois ele próprio
enviou ao Intercept mensagens eletrônicas trocadas pelos protagonistas da “Lava
Jato”, muito provavelmente estas mensagens “vazadas” (sem grande impacto ou consequências) foram
passadas a ele pelo próprio Moro com o objetivo de “pegar” Glenn no “contrapé”.
Desgraçadamente a estratégia de conciliação adotada por Glenn favoreceu este
tipo de “contragolpe” da PF, ao publicar os vazamentos a “conta gotas”, sem
áudios e muitos destes sem grande importância política ou jurídica, acabou
dando o fôlego necessário para a quadrilha da “República de Curitiba” retomar
uma ofensiva bonapartista que poderá se configurar de grandes proporções. A
conduta política de Glenn e do Intercept seguiu a orientação das ações
reformistas da Frente Popular, visando sempre o desgaste eleitoral do governo
neofascista e nunca a ação direta das massas para derrubar Bolsonaro de forma
não “institucional”.
O movimento operário e popular não pode perder o norte
programático do atual momento político, estamos no centro de uma ofensiva
reacionária mundial onde o Brasil é um dos “balões de ensaio”. Desde o golpe
institucional de 2016, precedido de um “vazio de poder” instalado no momento da
reeleição de Dilma no final de 2014 (quando a Frente Popular deixou de governar
de fato), o proletariado vem acumulando derrotas históricas, apesar de não ter
ainda sua espinha dorsal quebrada pela reação neoliberal. A recente vitória dos
rentistas do mercado financeiro na Câmara dos Deputados, vai “abrir a porteira” para a escalada
privatista exigida pelo imperialismo, patrocinador majoritário do regime
bonapartista. Nesta direção, os sinais políticos de um duro recrudescimento na
correlação de forças entre as classes sociais estão bem claros. A farsa da “Operação de prisão dos hackers de
Araraquara” tem a forma apenas da ponta de um imenso iceberg, que tende a
ameaçar as parcas liberdades democráticas existentes. A fase da criminalização
do conjunto da esquerda está apenas engatinhando, porém já tem uma forma bem
definida por este governo neofascista. Alertamos mais uma vez para a vanguarda
classista que não se dobrou a política de colaboração de classes, que a única
via para derrotar a ofensiva da burguesia é a vereda da revolução socialista!