terça-feira, 9 de julho de 2019

FRENTE POPULAR: UMA ESTRATÉGIA DE DERROTAS ANUNCIADAS DIANTE DAS (CONTRA)REFORMAS NEOLIBERAIS...


Após um curto período de debates e vencidos os trâmites legislativos após ser aprovada por duas comissões da Câmara dos Deputados, a (contra)reforma da Previdência já está pronta para ser votada no plenário da Casa no curso desta segunda semana de julho. Nesta altura dos acontecimentos, tanto na correlação de forças no interior do parlamento como na própria dinâmica política da luta de classes, não há muitas dúvidas de que o ajuste neoliberal exigido pelo mercado terá sua aprovação, quase que integralmente fiel ao projeto original elaborado pela equipe do rentista Paulo Guedes, garantida no Congresso Nacional. 

A rapidez do andamento do processo e até mesmo a folgada margem de votos favoráveis nas comissões, apontava claramente que a chamada “resistência” contra a reforma da Previdência não era proporcional à vontade dos grandes capitalistas em aprová-la. Mas a “chave” para decifrar o porque desta grave derrota que o proletariado e o povo trabalhador irá sofrer, com praticamente eliminação da Previdência Pública no país, não poderá ser encontrada na arena da contenda institucional ou parlamentar. Quando da iniciativa do atual gerente neofascista em aprofundar e radicalizar as “mini” reformas(sem a necessidade do quórum constitucional) levadas a cabo pelos governos Dilma e Temer, o campo da esquerda reformista afirmou que seria impossível a proposta impopular de Bolsonaro obter os 308 votos necessários na Câmara dos Deputados. Porém a necessidade da Frente Popular, suas lideranças políticas e governadores, se mostrar como uma força gestora do Estado Burguês, assim como foi durante mais de uma década no Brasil, logo fez “arrefecer”os rompantes da burocracia sindical, que sempre trabalharam na perspectiva do lobby parlamentar para “melhorar” o projeto Guedes/Bolsonaro. Os governadores do PT, PSB e PCdoB nem sequer trataram de disfarçar o desejo de incluir seus estados na famigerada (contra)reforma da Previdência, o que até agora só não aconteceu por conta da oposição dos deputados da base do próprio governo, que pretendem barganhar a aprovação plena em dois momentos temporalmente distintos. As manifestações convocadas pela Une e entidades sindicais ligadas à educação não desaguaram sequer em greves setoriais, enquanto o arremedo de “Greve Geral” da CUT, CTB e CONLUTAS não passou de uma dia nacional de protestos, sem perspectiva alguma de desembocar em uma uma paralisação total dos trabalhadores por tempo indeterminado. O que prevaleceu mesmo foi a “presão” dos burocratas sindicais “liberados” no aeroporto de Brasília e nos corredores do Congresso Nacional. 

Foi com essa estratégia de derrotas da Frente Popular que chegamos na semana decisiva para a votação da (contra)reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, e que cinicamente os burocratas querem nos convencer que devemos insistir nesta senda política cretina do lobby parlamentar. As grandes “personalidades” do PT, como o senador Paulo Paim, dizem que no Senado Federal o “quadro é mais favorável” do que na Câmara, e que lá a (contra)reforma da Previdência não tem chance de passar, mais uma ilusória cantilena para imobilizar a ação direta e radicalizada das massas contra a ofensiva neoliberal. Por sua vez os sócios sindicais menores do PT e da CUT, como o PSOL e PSTU, continuam jogando na demagogia da colaboração de classes, “aconselhando” a Frente Popular a “repreender” seus governadores, como se estes não integrassem o mesmo bloco da esquerda reformista. A questão central colocada no momento para a vanguarda classista do movimento operário, não é nem fazer pressão parlamentar e muito menos se colocar como “grilo falante” das burocracias frente populistas, a delicada hora onde se anuncia uma derrota impõe a ruptura e denúncia dos traidores de nossa classe, convocando todas as bases proletárias para a luta direta no sentido de uma verdadeira greve geral por tempo indeterminado!