DEPOIS DE 50 ANOS DE MILITÂNCIA: JORGE ALTAMIRA É EXPULSO DO
PO PELA ATUAL DIREÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ARGENTINA. QUEM SEMEOU OPORTUNISMO POR
TANTO TEMPO ACABOU COLHENDO BUROCRATISMO...
José Saul Wermus, mais conhecido pelo seu codinome político
de Jorge Altamira, está sendo expulso do próprio partido que fundou há mais de
cinquenta anos atrás, o Partido Obrero (PO) da Argentina, atualmente integrante
da coalizão eleitoral denominada de FIT (Frente de Esquerda dos Trabalhadores).
O veterano dirigente revisionista Altamira, hoje com 77 anos, fundou com seus
irmãos em 1964 o grupo de esquerda que ficou conhecido pelo mesmo nome de sua
publicação, Política Obrera, e muitos anos mais tarde com o fim do regime
militar (em 1983) ganhou a atual personalidade jurídica de Partido Obrero. Nos
anos 70, ainda na clandestinidade, o PO integrou uma articulação internacional
para reorganizar a “IV Internacional” com o dirigente francês Pierre Lambert da
OCI.
O CORQUI, nome dado a esta tendência internacional, se rompeu em 1978 sob divergências programáticas acerca do caráter dos sindicatos nos países semi-coloniais, nesta ocasião Altamira “amargou” a primeira cisão de sua corrente, e foi justamente seu irmão mais novo, Luis Favre (Felipe Wermus) que decidiu abandonar o grupo argentino e seguir seu caminho político com os Lambertistas, criando novos grupos revisionistas na Argentina e também no Brasil (OSI/Liberdade e luta). Jorge continuou seus “esforços” para construir agrupamentos internacionais com o POR boliviano, dirigido pelo lendário Guilherme Lora, autor das teses de “duplo poder” adotadas pela COB (Central Obrera Boliviana) nos anos 50. Esta tentativa de agrupamento, batizada de TCI, fracassou em meados dos anos 80, causando um novo “racha” no PO argentino. Lora acusou Altamira de sucumbir ao eleitoralismo vulgar, após a legalização do PO e seu debut nas eleições presidenciais de 83 que acabaram por eleger Raul Alfonsin. O resultado prático da dura separação política com Lora, foi que Altamira viu surgir no seu próprio “quintal” argentino o POR, organizado pelo ex-dirigente do PO Fernando Armas (Gustavo Gamboa). Porém até bem pouco tempo atrás PO e Altamira tinham conseguido superar “taticamente” as rupturas ocorridas nos anos 70 e 80, o partido seguia firme no seu curso oportunista, em franco processo de dissolução eleitoral no interior da FIT, conformada com os egressos do Morenismo, PTS e IS (UIT). A FIT aproveitou bem a “flexibilização” ocorrida na legislação eleitoral argentina, feita exatamente para cooptar a esquerda revisionista ao regime democratizante, conseguido obter vários postos parlamentares, tanto regional como nacionalmente. Se não fosse uma insignificante e anedótica cisão ocorrida há alguns anos atrás, a TPR (Tendência Piquetera) formada por um jovem pilantra Juan Marino, poderíamos afirmar que o PO seguia incólume a “rachas” partidários, mesmo submerso no abandono completo do Marxismo Revolucionário e muito “confortável” no “alegre” circo da democracia dos ricos. Mas as poderosas forças centrífugas da luta de classes não deixariam de intervir no processo de adaptação programática do Partido Obrero, e desta vez como um furacão avassalador levou o próprio Altamira a denunciar a completa perda de “personalidade política” do mesma organização que fundou há mais de cinquenta anos atrás. A resposta da atual direção do PO (eleita com 80% dos delegados no último congresso realizado em abril) as “provocações” de Altamira foi implacável, acusou o antigo “chefe” de sabotar a atual campanha eleitoral da FIT "Unidad" (agora aliada a escória política do MST) e sofrer do “mal do sectarismo”. Era a consumação final de todos os elementos “teóricos” revisionistas semeados por Altamira nos últimos cinquenta anos, agora colhidos sem “piedade” como burocratismo contra ele próprio, o “velho ultrapassado” que já não serve mais aos propósitos da febre eleitoralista do PO...
A crise do Partido Obrero e o ocaso da liderança de Altamira
tiveram como ponto de inflexão a perda do protagonismo político do PO no
interior da FIT. A coalizão eleitoral das “três irmãs revisionistas”, criada em
2011, desde sua gênese não se pautou por nenhum acordo programático de
princípios, seu único norte era mesmo “conquistar as bancas” no parlamento. No
começo o peso político do PO era bem superior do que o PTS, segunda força da
FIT e desproporcional em relação a IS (Izquierda Socialista), Altamira foi
facilmente indicado para encabeçar a primeira fórmula presidencial, tendo
Christian Castilho do PTS como vice. Mas já nas eleições de 2015 a correlação
de forças no seio da FIT tinha se alterado bastante, na disputa interna do
bloco o PTS conseguiu vencer uma inusitada aliança entre PO e IS, colocando o
novato Nicolas Del Cano como cabeça de chapa. Era um sinal claro da decadência
do PO, obrigando o “sultão” (apelido dado a Jorge pela esquerda) Altamira a
“lamber as feridas” e praticamente entregar o Comitê Central do partido que
tinha fundado nas mãos do dirigente “sindicalista” Nestor Pitrola, um velho
quadro ainda dos tempos de Política Obrera. No plano da conjuntura mundial,
apesar do aguçamento da crise capitalista, as tentativas do PO em conformar uma
tendência internacional fracassaram integralmente. Até mesmo as seitas
oportunistas que gravitaram ao longo de décadas em torno do PO, como é o caso
do PCO brasileiro, abandonaram Altamira para abraçar diretamente o projeto
Social Democrata. Altamira foi responsabilizado pelos novos dirigentes do PO
por cada fracasso internacional ou fiasco local do partido, acusado de
“personalismo” e “catastrofismo” tanto por camaradas da legenda como por
adversários da esquerda. Com a eleição de Macri e o consequente colapso
econômico do país, provocado por sua agressiva agenda neoliberal, os delírios
eleitorais do CC ganharam características de “surto” político, avaliaram que o
Peronismo vivia uma crise terminal e a oposição veiculada ao Kirchnerismo estava profundamente desgastada
por conta dos “escândalos” fabricados pela mídia envolvendo a ex-presidenta
Cristina. Nestor Pitrola em pleno delírio, chegou a afirmar que o PO poderia
conquistas “dez bancas” nas próximas eleições gerais de outubro deste ano.
Altamira e seu “grupo” de quadros mais próximos, com destaque para Marcelo
Ramal, foi afastado das listas da FIT, para ceder espaço para os candidatos do
MST. Era o estopim para que a crise interna do PO ganhasse contornos públicos,
única alternativa para Altamira ganhar “voz”, já que tinha sido “esmagado” no
recente congresso nacional da organização.O CORQUI, nome dado a esta tendência internacional, se rompeu em 1978 sob divergências programáticas acerca do caráter dos sindicatos nos países semi-coloniais, nesta ocasião Altamira “amargou” a primeira cisão de sua corrente, e foi justamente seu irmão mais novo, Luis Favre (Felipe Wermus) que decidiu abandonar o grupo argentino e seguir seu caminho político com os Lambertistas, criando novos grupos revisionistas na Argentina e também no Brasil (OSI/Liberdade e luta). Jorge continuou seus “esforços” para construir agrupamentos internacionais com o POR boliviano, dirigido pelo lendário Guilherme Lora, autor das teses de “duplo poder” adotadas pela COB (Central Obrera Boliviana) nos anos 50. Esta tentativa de agrupamento, batizada de TCI, fracassou em meados dos anos 80, causando um novo “racha” no PO argentino. Lora acusou Altamira de sucumbir ao eleitoralismo vulgar, após a legalização do PO e seu debut nas eleições presidenciais de 83 que acabaram por eleger Raul Alfonsin. O resultado prático da dura separação política com Lora, foi que Altamira viu surgir no seu próprio “quintal” argentino o POR, organizado pelo ex-dirigente do PO Fernando Armas (Gustavo Gamboa). Porém até bem pouco tempo atrás PO e Altamira tinham conseguido superar “taticamente” as rupturas ocorridas nos anos 70 e 80, o partido seguia firme no seu curso oportunista, em franco processo de dissolução eleitoral no interior da FIT, conformada com os egressos do Morenismo, PTS e IS (UIT). A FIT aproveitou bem a “flexibilização” ocorrida na legislação eleitoral argentina, feita exatamente para cooptar a esquerda revisionista ao regime democratizante, conseguido obter vários postos parlamentares, tanto regional como nacionalmente. Se não fosse uma insignificante e anedótica cisão ocorrida há alguns anos atrás, a TPR (Tendência Piquetera) formada por um jovem pilantra Juan Marino, poderíamos afirmar que o PO seguia incólume a “rachas” partidários, mesmo submerso no abandono completo do Marxismo Revolucionário e muito “confortável” no “alegre” circo da democracia dos ricos. Mas as poderosas forças centrífugas da luta de classes não deixariam de intervir no processo de adaptação programática do Partido Obrero, e desta vez como um furacão avassalador levou o próprio Altamira a denunciar a completa perda de “personalidade política” do mesma organização que fundou há mais de cinquenta anos atrás. A resposta da atual direção do PO (eleita com 80% dos delegados no último congresso realizado em abril) as “provocações” de Altamira foi implacável, acusou o antigo “chefe” de sabotar a atual campanha eleitoral da FIT "Unidad" (agora aliada a escória política do MST) e sofrer do “mal do sectarismo”. Era a consumação final de todos os elementos “teóricos” revisionistas semeados por Altamira nos últimos cinquenta anos, agora colhidos sem “piedade” como burocratismo contra ele próprio, o “velho ultrapassado” que já não serve mais aos propósitos da febre eleitoralista do PO...
Altamira é o retrato da “desolação” revisionista...
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Altamira e Marcelo Ramal: “Não saio nem a tiros”
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Somente quando o cretinismo parlamentar já ameaçava abolir
formalmente a própria história “trotskista” de mais de meio século do PO, foi
que Altamira reivindicou para si a tarefa de resgatar alguma “ortodoxia” da
organização que fundou, mas já era tarde demais. Os novos e antigos dirigentes,
como Gabriel Solano, Romina Del Plá, Rafael Santos e Pitrola não aceitaram mais
os “conselhos” espalhafatosos e sem conteúdo algum de Marxismo do velho
“mestre” Altamira, que isolado decide por convocar uma “assembleia de
militantes” para a formação de uma fração pública. Foi o que bastou para o
Comitê Central do PO considerar esta ação como a ruptura definitiva com o
Partido, excluindo organicamente Altamira e seu pequeno núcleo dirigente que se
manteve fiel. Por sua vez, o CC ironicamente caracterizou que Altamira estava
defendendo um curso “direitista” para o Partido, ao levantar a bandeira do
“Fora Macri!”, sem agregar nenhuma palavra de ordem contra o regime vigente em
seu conjunto. Altamira respondeu que seus detratores do PO são contra o “Fora
Macri!” por tentar uma aproximação com um “eleitorado mais conservador”, na
busca a “qualquer preço” pela ampliação de postos parlamentares. No meio da
“roupa suja” das duas alas revisionistas, existe uma disputa feroz pelo espólio
material do PO, o que inclui o controle de sua própria personalidade jurídica.
Altamira denunciou que sua fração foi alvo de “espionagem”, enquanto a direção
oficial do PO fala até em “roubo de equipamentos”. No meio da “guerra”
intestina e burocrática, sem grandes divergências de fundo programático,
Altamira já avisou que: “No me sacan ni a tiros”, enquanto Pitrola (o atual
mandatário do CC) “considera que o grupo dirigido por Altamira resolveu romper
com o Partido Obrero para formar sua própria organização“. Nós da LBI que já
tivemos uma experiência política com o antigo PO, quando este ainda podia ser
considerado como um agrupamento “centrista” com alguns pontos progressivos,
como foi a corajosa defesa que fez da ocupação do exército soviético do Afeganistão
nos anos 70, enquanto a esmagadora maioria do revisionismo gritava “Fora a
URSS!”, podemos concluir que nenhum dos dois bandos oportunistas em fricção
frontal possui hoje ao menos algum traço revolucionário. É necessário organizar
uma outra fração política no interior do PO, que inicie por questionar as bases
históricas do próprio Altamirismo, presente nas duas alas do partido.
Aproveitar a crise atual para estabelecer uma reflexão programática profunda,
passando necessariamente por uma autocrítica do suporte de “esquerda” que deram
ao imperialismo quando da destruição contrarrevolucionária da antiga URSS,
“contaminando” assim outras correntes nacionais que seguiam a referência
política das posições do PO. Foi neste marco que fundamos a LBI a quase vinte e
cinco anos atrás, na defesa incondicional dos Estados Operários frente às
investidas do imperialismo para suprimir as conquistas históricas da revolução
bolchevique. Esperamos sinceramente que ainda exista algum “sopro”
revolucionário na “tempestade” oportunista em que naufraga o PO.