PARTIDO OBRERO (PO) EM FEBRE ELEITORAL REALIZA ATO PÚBLICO
COM 5 MIL PESSOAS: ALTAMIRA SE CALA SOB O IMPACTO DOS “NÚMEROS”. AFINAL PARA A
FAMÍLIA REVISIONISTA “NÚMEROS” FALAM MAIS ALTO DO QUE O PROGRAMA
REVOLUCIONÁRIO...
A direção majoritária do Partido Obrero (PO) da Argentina,
acaba de realizar no último final de semana um ato público eleitoral onde
afirma ter conseguido uma “audiência de mais de 8 mil pessoas”. Mesmo que a
estimativa de presentes ao ginásio coberto do “Argentina Juniors” esteja
inflada pelo CC do PO, acreditamos que pelo menos umas 5 mil pessoas
compareceram ao evento, o que de cara já configura um “espetacular êxito”
diante da crise interna que vive o partido, mas também em relação a outras
correntes (PTS, IS, MST) que integram a FIT(U) e que realizaram atividades
menores que o PO. Vale ressaltar que o PTS é quem encabeça a frente eleitoral,
com o nome de Nico Del Cano, por ser considerada a maior força política na
composição da FIT(U), e também realizou seu “ato eleitoral” na semana anterior
com uma assistência de ativistas bem menor do que o encontro celebrado pelo PO.
O fundador e dirigente histórico do PO, Jorge Altamira, que recentemente foi
“excluído” do partido junto a um pequeno grupo de militantes, alimentou por
décadas a “noção teórica” de que uma organização deve ser considerada
revolucionária ou não pelo critério organizativo de seu número de militantes,
ou no caso específico da realidade argentina, “filiados”, mesmo que não
preencham os critérios básicos Leninistas. Altamira lançou sua organização nos
últimos 30 anos, fundada no final da década de 60 com o nome de Política
Operária, em um curso programático de ruptura aberta com o Bolchevismo,
diluindo seu partido que tinha fundamentos originários no Trotskismo em uma
legenda eleitoral oportunista, carente de princípios ortodoxos do Marxismo
Leninismo. Sem dúvida alguma o PO “cresceu” muito nas últimas décadas, na vaga
do cretinismo parlamentar, formando centenas de “militantes” que nunca ouviram
de seus dirigentes que o objetivo estratégico de sua organização era a
revolução socialista e não a eleição de deputados... Lenin certa vez indagado
por revisionistas sobre o “pequeno” número de militantes do Partido
Bolchevique, em uma etapa histórica que não era a da tomada do poder pelo
proletariado afirmou que: “O partido revolucionário cresce se depurando”, ou
seja, não importava somente a quantidade de militantes, mas fundamentalmente a
qualidade de seus quadros, uma realidade totalmente distinta dos “grandes”
partidos revisionistas, como o PO, PTS, PSOL etc... compostos atualmente por
“filiados”, ou mesmo “militantes” despolitizados atraídos pela capacidade eleitoral das
respectivas siglas...
Altamira permanece inerte diante da iniciativa de seus
“detratores” da direção do PO, como se tivesse levado um “soco no fígado”, por
uma uma razão bem simples: O ato realizado no Argentina Juniors é o corolário
de toda uma estratégia política semeada por Jorge há mais de trinta anos. Desde
que Altamira encabeçou a primeira formação da FIT em 2011, o “sonho” do CC do
PO era tornar o partido viável do ponto de vista parlamentar, ou seja, diluindo
a organização em uma frente eleitoral com outros grupos democratizantes, seria
possível repetir o “sucesso” obtido pelo velho MAS (Morenista) do final da
década de 80 e início dos 90, poderia enfim adotando a estratégia da
colaboração de classes (disfarçada com discursos bombásticos contra o FMI),
conquistar enfim uma banca de deputado nacional. O que assistimos no último
sábado (27/07) diante de cerca de cinco mil “ativistas”, foram as mesmas
intervenções vazias de qualquer conteúdo revolucionário por parte das atuais
lideranças do PO, ataques violentos a Macri, ao “regime do FMI”, e nenhuma
palavra sequer de nenhum orador em defesa da revolução proletária e da Ditadura
do Proletariado. Por sinal para a direção do PO, e também para Altamira, não se
trata mais de derrubar o regime da democracia burguesa pela via insurrecional
proletária, a questão que se coloca é “cancelar os acordos com o FMI” votando
corretamente na FIT. A única polêmica existente ente o CC do PO e a pequena
fração pública de Jorge, se concentra no eixo do “Fora Macri” ou “Fora o regime
do FMI”, esta última palavra de ordem, para Pitrola e seu comando oportunista,
seria mais abrangente englobando o rechaço eleitoral a aliança “Los Fernández”
(Christina e Alberto). Mais além da residual divergência acerca da conveniência
política ou não do “Fora Macri”, ambos os bandos do PO convergem para a saída
institucional diante da profunda crise argentina, Altamira chega a falar de um
novo “Argentinazo”, da fatídica repetição de um “default” e expressões
bombásticas do gênero que são sua marca, porém quando se trata de preparar a
tomada do poder pela classe operária diante do colapso capitalista... a
alternativa política apontada continua sendo... "muitos votos na FIT”.
A covardia política de Altamira e seu fiel escudeiro Ramal,
ex-legislador “propositivo” de Buenos Aires, diante do ato eleitoral da direção
“oficialista” do PO, começou mesmo quando a fração minoritária sequer
compareceu ao ginásio do Argentina Juniors, apesar de sempre declarar
incondicionalmente todo seu “amor” a FIT. Muito provavelmente a atitude
abstencionista da fração pública em relação ao “grande” evento do PO teve como
base a incapacidade do grupo em organizar uma imponente coluna de militantes “altamiristas”
para adentrar no ginásio com seu próprio slogan reformista: “Fora Macri, Por
uma Assembleia Constituinte”. Porém existem razões programáticas ainda mais
profundas para explicar a paralisia do grupo de Altamira. Quando da ruptura com
o PO, obviamente a fração minoritária tentou apresentar-se a militância
partidária com um verniz mais a esquerda, criticando o excesso de eleitoralismo
do atual Comitê Central. Mas a nova “fachada combativa” de Altamira não resiste
sequer a prova de sua conduta política em relação a ampliação da FIT, com a
incorporação do MST, uma organização de larga trajetória de integração a
burguesia nacional “progressista”( estiveram no suporte da antiga “Frente
Grande” com o senador Pino Solanas). Altamira e Ramal não só apoiaram a entrada
do MST na FIT quando ainda pertenciam ao PO, como hoje enquanto fração
minoritária continuam defendendo os parceiros frente populistas, Bodart e Vilma
Ripoll da cúpula do MST.
Nós da LBI não queremos posar de “ave agourenta” sobre as
perspectivas futuras do grupo de Altamira, o qual respeitamos como um dirigente
da esquerda apesar de nossas profundas divergências, entretanto não precisa ter
uma “bola de cristal” para prognosticar que sua débil fração não tem a menor
chance de sobrevivência política se permanecer no mesmo pântano da família
revisionista. Este campo de colaboração de classes, completamente integrado a
institucionalidade democrática do Estado Burguês, fez crescer exatamente o PTS,
corrente que melhor expressa o “pós modernismo” acadêmico antimarxista, em
consonância com a etapa histórica de retrocesso na consciência socialista do
proletariado. Foi justamente no momento em que o PTS superou o PO na medição de
forças no interior da FIT, “surfando” na onda ideológica da pequeno-burguesia,
que começou a crise pessoal de Altamira resultando primeiro em seu afastamento
do CC e posterior exclusão do partido que fundou há mais de cinquenta anos
atrás. Este curso inexorável da luta de classes, que hoje aproxima programática
e organizativamente PO do PTS, é produto da renúncia de ambas organizações no
combate para reconstruir a IV Internacional sob as bases do método Bolchevique
e do Programa de Transição. Se Altamira e seus poucos seguidores que resistiram
ao “canto sedutor” do oficialismo do CC do PO, não compreenderem que utilizando
o mesmo programa revisionista e a mesma estratégia democratizante que ele mesmo
fundamentou em seu partido durante décadas, serão em breve reduzidos a uma
pequena seita oportunista e sem a menor viabilidade eleitoral, ao contrário de
seus “parentes próximos” da FIT.