segunda-feira, 29 de julho de 2019

PARTIDO OBRERO (PO) EM FEBRE ELEITORAL REALIZA ATO PÚBLICO COM 5 MIL PESSOAS: ALTAMIRA SE CALA SOB O IMPACTO DOS “NÚMEROS”. AFINAL PARA A FAMÍLIA REVISIONISTA “NÚMEROS” FALAM MAIS ALTO DO QUE O PROGRAMA REVOLUCIONÁRIO...


A direção majoritária do Partido Obrero (PO) da Argentina, acaba de realizar no último final de semana um ato público eleitoral onde afirma ter conseguido uma “audiência de mais de 8 mil pessoas”. Mesmo que a estimativa de presentes ao ginásio coberto do “Argentina Juniors” esteja inflada pelo CC do PO, acreditamos que pelo menos umas 5 mil pessoas compareceram ao evento, o que de cara já configura um “espetacular êxito” diante da crise interna que vive o partido, mas também em relação a outras correntes (PTS, IS, MST) que integram a FIT(U) e que realizaram atividades menores que o PO. Vale ressaltar que o PTS é quem encabeça a frente eleitoral, com o nome de Nico Del Cano, por ser considerada a maior força política na composição da FIT(U), e também realizou seu “ato eleitoral” na semana anterior com uma assistência de ativistas bem menor do que o encontro celebrado pelo PO. O fundador e dirigente histórico do PO, Jorge Altamira, que recentemente foi “excluído” do partido junto a um pequeno grupo de militantes, alimentou por décadas a “noção teórica” de que uma organização deve ser considerada revolucionária ou não pelo critério organizativo de seu número de militantes, ou no caso específico da realidade argentina, “filiados”, mesmo que não preencham os critérios básicos Leninistas. Altamira lançou sua organização nos últimos 30 anos, fundada no final da década de 60 com o nome de Política Operária, em um curso programático de ruptura aberta com o Bolchevismo, diluindo seu partido que tinha fundamentos originários no Trotskismo em uma legenda eleitoral oportunista, carente de princípios ortodoxos do Marxismo Leninismo. Sem dúvida alguma o PO “cresceu” muito nas últimas décadas, na vaga do cretinismo parlamentar, formando centenas de “militantes” que nunca ouviram de seus dirigentes que o objetivo estratégico de sua organização era a revolução socialista e não a eleição de deputados... Lenin certa vez indagado por revisionistas sobre o “pequeno” número de militantes do Partido Bolchevique, em uma etapa histórica que não era a da tomada do poder pelo proletariado afirmou que: “O partido revolucionário cresce se depurando”, ou seja, não importava somente a quantidade de militantes, mas fundamentalmente a qualidade de seus quadros, uma realidade totalmente distinta dos “grandes” partidos revisionistas, como o PO, PTS, PSOL etc... compostos atualmente por “filiados”, ou mesmo “militantes” despolitizados atraídos pela capacidade eleitoral das respectivas siglas...

Altamira permanece inerte diante da iniciativa de seus “detratores” da direção do PO, como se tivesse levado um “soco no fígado”, por uma uma razão bem simples: O ato realizado no Argentina Juniors é o corolário de toda uma estratégia política semeada por Jorge há mais de trinta anos. Desde que Altamira encabeçou a primeira formação da FIT em 2011, o “sonho” do CC do PO era tornar o partido viável do ponto de vista parlamentar, ou seja, diluindo a organização em uma frente eleitoral com outros grupos democratizantes, seria possível repetir o “sucesso” obtido pelo velho MAS (Morenista) do final da década de 80 e início dos 90, poderia enfim adotando a estratégia da colaboração de classes (disfarçada com discursos bombásticos contra o FMI), conquistar enfim uma banca de deputado nacional. O que assistimos no último sábado (27/07) diante de cerca de cinco mil “ativistas”, foram as mesmas intervenções vazias de qualquer conteúdo revolucionário por parte das atuais lideranças do PO, ataques violentos a Macri, ao “regime do FMI”, e nenhuma palavra sequer de nenhum orador em defesa da revolução proletária e da Ditadura do Proletariado. Por sinal para a direção do PO, e também para Altamira, não se trata mais de derrubar o regime da democracia burguesa pela via insurrecional proletária, a questão que se coloca é “cancelar os acordos com o FMI” votando corretamente na FIT. A única polêmica existente ente o CC do PO e a pequena fração pública de Jorge, se concentra no eixo do “Fora Macri” ou “Fora o regime do FMI”, esta última palavra de ordem, para Pitrola e seu comando oportunista, seria mais abrangente englobando o rechaço eleitoral a aliança “Los Fernández” (Christina e Alberto). Mais além da residual divergência acerca da conveniência política ou não do “Fora Macri”, ambos os bandos do PO convergem para a saída institucional diante da profunda crise argentina, Altamira chega a falar de um novo “Argentinazo”, da fatídica repetição de um “default” e expressões bombásticas do gênero que são sua marca, porém quando se trata de preparar a tomada do poder pela classe operária diante do colapso capitalista... a alternativa política apontada continua sendo... "muitos votos na FIT”.

A covardia política de Altamira e seu fiel escudeiro Ramal, ex-legislador “propositivo” de Buenos Aires, diante do ato eleitoral da direção “oficialista” do PO, começou mesmo quando a fração minoritária sequer compareceu ao ginásio do Argentina Juniors, apesar de sempre declarar incondicionalmente todo seu “amor” a FIT. Muito provavelmente a atitude abstencionista da fração pública em relação ao “grande” evento do PO teve como base a incapacidade do grupo em organizar uma imponente coluna de militantes “altamiristas” para adentrar no ginásio com seu próprio slogan reformista: “Fora Macri, Por uma Assembleia Constituinte”. Porém existem razões programáticas ainda mais profundas para explicar a paralisia do grupo de Altamira. Quando da ruptura com o PO, obviamente a fração minoritária tentou apresentar-se a militância partidária com um verniz mais a esquerda, criticando o excesso de eleitoralismo do atual Comitê Central. Mas a nova “fachada combativa” de Altamira não resiste sequer a prova de sua conduta política em relação a ampliação da FIT, com a incorporação do MST, uma organização de larga trajetória de integração a burguesia nacional “progressista”( estiveram no suporte da antiga “Frente Grande” com o senador Pino Solanas). Altamira e Ramal não só apoiaram a entrada do MST na FIT quando ainda pertenciam ao PO, como hoje enquanto fração minoritária continuam defendendo os parceiros frente populistas, Bodart e Vilma Ripoll da cúpula do MST.

Nós da LBI não queremos posar de “ave agourenta” sobre as perspectivas futuras do grupo de Altamira, o qual respeitamos como um dirigente da esquerda apesar de nossas profundas divergências, entretanto não precisa ter uma “bola de cristal” para prognosticar que sua débil fração não tem a menor chance de sobrevivência política se permanecer no mesmo pântano da família revisionista. Este campo de colaboração de classes, completamente integrado a institucionalidade democrática do Estado Burguês, fez crescer exatamente o PTS, corrente que melhor expressa o “pós modernismo” acadêmico antimarxista, em consonância com a etapa histórica de retrocesso na consciência socialista do proletariado. Foi justamente no momento em que o PTS superou o PO na medição de forças no interior da FIT, “surfando” na onda ideológica da pequeno-burguesia, que começou a crise pessoal de Altamira resultando primeiro em seu afastamento do CC e posterior exclusão do partido que fundou há mais de cinquenta anos atrás. Este curso inexorável da luta de classes, que hoje aproxima programática e organizativamente PO do PTS, é produto da renúncia de ambas organizações no combate para reconstruir a IV Internacional sob as bases do método Bolchevique e do Programa de Transição. Se Altamira e seus poucos seguidores que resistiram ao “canto sedutor” do oficialismo do CC do PO, não compreenderem que utilizando o mesmo programa revisionista e a mesma estratégia democratizante que ele mesmo fundamentou em seu partido durante décadas, serão em breve reduzidos a uma pequena seita oportunista e sem a menor viabilidade eleitoral, ao contrário de seus “parentes próximos” da FIT.