102 ANOS DO NASCIMENTO DE JOÃO SALDANHA: A TRAJETÓRIA REPLETA
DE CONTRADIÇÕES DO STALINISTA QUE FOI TÉCNICO DA SELEÇÃO BRASILEIRA EM PLENA
DITADURA MILITAR
Em 3 de julho de 1917, há exatos 102 anos, nascia João
Saldanha. O gaúcho de Alegrete veio ao mundo poucos meses antes de ser
vitoriosa a Revolução Bolchevique de Outubro na Rússia dirigida por Lênin e
Trotsky, um acontecimento histórico que influenciou diretamente sua vida, já
que seu pai era comunista e defensor da URSS. João entrou para a história por
ter sido o técnico da seleção brasileira que “peitou” a ditadura militar ao não
convocar o jogador Dario, o "Dadá maravilha" por indicação do general
carniceiro Médici, para Copa do México de 70. Recusou-se a chamar o jogador
“sugerido” pelo general e foi demitido por sua ordem.
Formando uma seleção com base nas equipes do Santos, de Pelé, e do Botafogo, de Gérson e Jairzinho, o técnico conseguiu, de fato, forjar um grupo muito forte que se classificou para o Mundial de 70 no México, jogando um futebol talentoso, empolgante e, acima de tudo, corajoso que acabou por conquistar o tricampeonato sob o comando de Zagalo. No grupo, Saldanha teve muitos atritos como Pelé. Homem de temperamento intrépido, torcedor do Grêmio e do Botafogo (passou como jogador pelas categorias de base do Glorioso e como técnico do time da “Estrela Solitária” foi campeão carioca em 1957), Saldanha foi militante orgânico do PCB já na juventude, chegando a ir a China na década de 40 para apoiar a Revolução dirigida por Mao, tanto que estava em Pequim nas comemorações do primeiro aniversário da tomada do poder pelo PCCh. Como técnico da seleção, já afastado de fato do partido e apenas na condição de simpatizante, era o que na época se chamava um “amigo do Partidão”, tendo condutas contraditórias típicas dessa condição diletante. Muito se tem escrito sobre o João Saldanha técnico, enaltecendo seu espírito de combate à ditadura, além obviamente de sua capacidade como jornalista e comentarista de futebol, mas pouco se ressalta sua contraditória militância stalinista, conduta que fazemos questão de registrar, pontuando nossas profundas divergências políticas e programáticas.
Formando uma seleção com base nas equipes do Santos, de Pelé, e do Botafogo, de Gérson e Jairzinho, o técnico conseguiu, de fato, forjar um grupo muito forte que se classificou para o Mundial de 70 no México, jogando um futebol talentoso, empolgante e, acima de tudo, corajoso que acabou por conquistar o tricampeonato sob o comando de Zagalo. No grupo, Saldanha teve muitos atritos como Pelé. Homem de temperamento intrépido, torcedor do Grêmio e do Botafogo (passou como jogador pelas categorias de base do Glorioso e como técnico do time da “Estrela Solitária” foi campeão carioca em 1957), Saldanha foi militante orgânico do PCB já na juventude, chegando a ir a China na década de 40 para apoiar a Revolução dirigida por Mao, tanto que estava em Pequim nas comemorações do primeiro aniversário da tomada do poder pelo PCCh. Como técnico da seleção, já afastado de fato do partido e apenas na condição de simpatizante, era o que na época se chamava um “amigo do Partidão”, tendo condutas contraditórias típicas dessa condição diletante. Muito se tem escrito sobre o João Saldanha técnico, enaltecendo seu espírito de combate à ditadura, além obviamente de sua capacidade como jornalista e comentarista de futebol, mas pouco se ressalta sua contraditória militância stalinista, conduta que fazemos questão de registrar, pontuando nossas profundas divergências políticas e programáticas.
Em 1935, aos dezoito anos de idade, João e seu irmão
Aristides aderiram ao programa da Aliança Nacional Libertadora, atraídos pelo
movimento internacional de resistência ao nazi-fascismo e de combate aos planos
belicistas do imperialismo alemão. Do antifascismo, Saldanha evoluiu
ideologicamente até aderir ao Marxismo Leninismo, ainda que stalinizado. Em
1936, João estava na Faculdade quando a polícia de Filinto Muller entrou em
busca de seu professor de História. Em um primeiro momento, conseguiram
“colocar a polícia para correr”. No dia seguinte, com maior contingente a
polícia entrou novamente e João, entre outros, apanhou bastante e foi expulso
da faculdade. Em 1945, pouco após o estabelecimento de relações diplomáticas do
Brasil com a União Soviética e a libertação de mais de cem militantes
comunistas, Saldanha ingressou no Partido, passando a atuar num dos Comitês
Populares Democráticos criados pelo Partido, organizações de massa incumbidas
de organizar um vasto conjunto de atividades. Saldanha também ingressou no
Movimento Unificador dos Trabalhadores (MUT), organização intersindical que
resultou da aliança de comunistas e getulistas. Aos 28 anos de idade, Saldanha
era o mais jovem secretário político dos comitês distritais do PCB, no Distrito
Federal. Com o fim do Estado Novo, o PCB se fortaleceu, elegendo, para as
eleições constituintes de 1946, 14 deputados federais e um senador: Luís Carlos
Prestes. Nesse período, João assumiu a direção da União da Juventude Comunista
- UJC enquanto escrevia para a Folha do Povo. Em 1949, dentro do período da
frente populista do stalinismo, o PCB levantou como principal política a defesa
da Paz e da Cultura. João seguia como dirigente da UJC e foi um dos
responsáveis pela organização do I Congresso Brasileiro pela Paz, realizado na
emblemática sede da UNE da Praia do Flamengo, que veio a ser queimada pela
ditadura militar. Como era de se esperar, a polícia, que considerava o
congresso ilegal, invadiu o prédio e efetuou várias prisões. João foi atingido
por uma bala de fogo e por pouco não morreu. Por esse episódio, foi condenado a
6 anos de prisão, mas fugiu para São Paulo, onde utilizou o nome de João de
Souza, passando a militar na frente sindical e morar no bairro operário de Vila
Formosa, na zona leste da capital. No mesmo ano, acabou sendo preso durante o
ato do movimento “O Petróleo é Nosso”, ficando 28 dias no prédio do DOPS. Foi
libertado sem documentos. Sua situação estava bastante difícil. Resolveu então,
sob orientação do partido, mudar-se para a França. Depois se deslocou para
Praga, na então Tchecoslováquia, e depois para Pequim, meses após a tomada do
poder por Mao Tse Tung. Ficado na China cerca de dois anos. Um ano depois, se
encontrava cobrindo a Guerra da Coreia. Voltou ao Brasil em 1951 com passaporte
falso, indo mais uma vez residir em São Paulo. Escreveu para o Jornal Noticia
de Hoje, mantido pelo PCB, e foi encarregado de negociar o apoio do partido à
candidatura de Jânio Quadros, que acabou não se concretizando, pois o PCB apoiou
Adhemar de Barros, do PSP. Ele assumiu
tarefas de grande envergadura e responsabilidade do partido no Estado do Paraná
e no Estado de São Paulo, tanto na luta contra a grilagem de terra, na
organização de sindicatos no campo, quanto na aplicação da nova linha política
para o trabalho sindical, nos anos de 1952-1953, e que culminou na greve
histórica de março de 1953.
Como Bolcheviques respeitamos a trajetória de Saldanha
quando era ativo militante do PCB mesmo ele sendo stalinista, reconhecemos que
teve coragem ao denunciar as torturas da ditadura (montou um dossiê, em que
citava mais de 3.000 presos políticos e centenas de mortos e torturados pela
ditadura brasileira, e o distribuiu a correspondentes da imprensa internacional
em sua passagem pelo México na ocasião do sorteio dos grupos da Copa, em
janeiro de 1970) e elogiamos sua capacidade de estrategista dentro das quatro
linhas. Entretanto, como Trotskistas e amantes do futebol, pontuamos quando se
comemora o seu centenário de nascimento que a queda de Saldanha do comando da
seleção não se deu fundamentalmente por seu enfrentamento político com a
ditadura militar na função de técnico do time brasileiro. Quando se abateu o
golpe de 1964 ele trabalhava no jornal Última Hora e foi demitido da Rádio Nacional,
sendo depois contratado pelas Organizações Globo. João Saldanha não foi
perseguido pela ditadura militar. Contraditoriamente nesse interregno, sua
carreira esportiva e jornalística teve ascensão. Após o fiasco completo da copa
de 1966, e com uma enxurrada de críticas à CBD (antecessora da CBF), João foi
convidado para ser treinador da seleção brasileira. Naqueles mesmos anos a
militância de esquerda era caçada e morta, muitos sendo forçados a exilar-se
para preservar a vida ou organizar a resistência de forma clandestina, como o
próprio Mariguella. Quando Saldanha foi convocado, o ditador de plantão era o
general Artur da Costa e Silva. Mas 1968 foi um ano de grandes mobilizações de
massa, especialmente do movimento estudantil, e, em dezembro, veio o AI-5. Em
agosto de 1969, Costa e Silva adoece. Assume uma Junta Militar e, a seguir, é
nomeado para a chefia da ditadura o general Emílio Garrastazu Médici. Médici e
os generais toleravam João Saldanha mesmo ele tendo a fama de “comunista” tanto
que foi chamado a comandar a seleção pela CBD, controlada por prepostos dos
militares, como o fascista João Havelange. Foi o emblemático ano de 1969. O
país vivendo uma ditadura militar sangrenta que assassinou o dirigente da ALN,
Carlos Mariguella, com presos políticos e tortura nos porões dos quartéis e do
DOPS. Foi justamente nesse período que João Saldanha comandou a seleção, uma
conduta que obviamente não é motivo de orgulho para um autêntico comunista.
Nessa época ele já não era militante orgânico do Partidão. O PCB, apesar de sua
linha de conciliação de classes, era perseguido pelos milicos, tendo vários
militantes assassinados. O próprio episódio que levou a sua queda do comando da
seleção é esclarecedor da sua relação conciliatória com Médici, justamente no auge
da repressão política. O período entre o fim da década de 60 e o começo dos
anos 70 ficou conhecido como “anos de chumbo” por conta do endurecimento da
repressão. Em três de março de 1970, um repórter da TV Gaúcha, afiliada da TV
Globo, lançou a pergunta desafiadora: “Saldanha, o presidente Garrastazu Médici
está no Rio Grande do Sul e ele parece que havia sugerido o nome de Dario para
ser convocado. O que você acha da sugestão do presidente? Saldanha respondeu:
“O Brasil tem oitenta ou noventa milhões de torcedores e gente que gosta de
futebol. É um direito que todos têm. Aliás, eu e o presidente, ou o presidente
e eu, temos muitas coisas em comum. Somos gaúchos. Somos gremistas. Gostamos de
futebol. E nem eu escalo o ministério, nem o presidente escala time. Então, tá
vendo que nós nos entendemos muito bem”. Na verdade foi Médici e Havelange que
não quiseram mais João Saldanha na seleção depois que o time estava
classificado para a copa do México de 1970, aceitando a própria sugestão dele
para que Zagalo o sucedesse. Usaram e descartaram Saldanha. Após sua demissão
ele foi plenamente acolhido pela Família Marinho, sustentáculo do regime
militar, sendo o primeiro dos “comunistas protegidos” pelo “Doutor Roberto” que
só viria a acolher figuras como Dias Gomes e Mário Lago anos depois para
fortalecer seu núcleo de tele-dramaturgia. Saldanha já estava trabalhado há
alguns anos nas Organizações Globo no mesmo período que a ditadura militar
aniquilava a esquerda que recorria à luta armada com o apoio da emissora e do
jornal de Marinho, conduta também que não abonamos. No jornal O GLOBO, assinou
uma coluna de 1970 até o final de 1973, foi comentarista esportivo da Rádio
Globo e da TV Globo, nesta última contratado desde 1966.
O verdadeiro João Saldanha que merece nosso respeito como
Marxistas Leninistas não é o que foi técnico da seleção no período mais
sangrento da ditadura militar e sim o Saldanha militante intrépido, dirigente
da UJC e apoiador da Revolução Mundial, ainda que a política do stalinismo
fosse contrária a uma orientação genuinamente internacionalista. Nos orgulha o
“João sem Medo” que em 1935 entrou para o curso de Direito da Universidade do
Distrito Federal (atual UERJ), no Largo da Carioca, onde conheceu os
universitários comunistas e a eles se ligou. O Saldanha que com a repressão
desencadeada por Vargas após o Levante Comunista de 1935, acabou expulso com
outros colegas da universidade, após enfrentar, com socos e pontapés, a polícia
que invadira o prédio da Faculdade de Direito. O João que foi recrutado para a
célula do Partido em Copacabana, passando a cumprir várias tarefas, dentre as
quais a mais importante foi servir como mensageiro do Partido em missões na
Europa e nas Américas, para denunciar as prisões e torturas do Estado Novo.
Merece nosso reconhecimento militante o João que com o fim da Segunda Guerra
Mundial, passou um tempo em Paris para estudar em cursos de Marxismo-Leninismo
e viajou pela Europa Oriental como correspondente de uma agência de notícias
que fazia reportagens sobre os campos de extermínio nazistas. Mesmo com
divergências políticas com a linha do PCB, valorizamos o Saldanha que era
responsável pela área de cultura e eventos, como seminários, debates, torneios
esportivos e festas, organizados para divulgar as ideias do PCB e recrutar
novos militantes para a Juventude e o Partido. O que foi conduzido à
presidência da UJC, já na clandestinidade imposta pelo governo de Eurico Dutra.
Nos solidarizamos retrospectivamente com o João que foi preso em 03 de agosto
de 1947, no Largo do Machado, onde promovia “comício de propaganda comunista”,
segundo ficha do DOPS. Como Trotskistas, defendemos a frente única com o PCB de
João Saldanha que estava em 1949, na sede da UNE, no Flamengo, invadida pela
polícia comandada por Cecil Bohrer. Ficamos lado a lado do João que foi ferido
a bala, teve seu apartamento arrombado e destruído pelos policiais e foi
condenado a seis anos de cadeia, sem direito a julgamento. Tem nosso apreço,
apesar do Stalinismo, o Saldanha que após ser novamente preso, decidiu partir
para a Europa, em fins de 1949 e frequentou cursos de formação política em
Praga e Moscou, visitou a China a convite da Federação Mundial da Juventude
Democrática, para participar dos festejos do primeiro aniversário da Revolução
Socialista, uma verdadeira epopeia como ele descreve “O objetivo inicialmente
seria o da chegada do exército de Mao em Pequim. Mas me atrasei um pouco na
viagem. Saí de Paris para Praga. De lá a Moscou e daí, pelo Transiberiano, até
perto de Mukden, capital da Manchúria. Como havia sido uma zona conflagrada, o
trem parava às vezes vários dias em um local qualquer. Entrei na China pela
Mongólia Interior, onde fica Chita. Dali, parando e andando de trem para
Po-He-tu, Tsar-Lan-dum, Tsi-Tsi-har. Até Harbin o trem foi relativamente
rápido. (...) Na Sibéria chegou a ter uns trinta vagões e mais os de carga. Mas
quando pulamos para a Mongólia, numa bitola bem mais estreita, não passava de
cinco ou seis carros. (...) Não aconteceu nada de anormal e fomos tomar um
ônibus velho, já perto de Chang-chun, que, aliás, estava bem destruída: as
casas e edifícios da bela cidade seriamente danificados. (...) E, caramba, já
tínhamos passado por várias cidades grandes, principalmente na Manchúria, que
estavam praticamente intactas. Harbin, importante entroncamento ferroviário,
Mukden, uma cidade moderna. Dali, nós demos um pulo até a península da China,
que dá para o Mar da China, e pude ver Port Arthur e Dairen. (...) Ouso dizer
que Dairen, por exemplo, cidade de um milhão de habitantes na época, era muito
parecida com Porto Alegre. (...) Tínhamos três intérpretes muito bons. Chegamos
a ser quinze, mas normalmente não passávamos de seis. Os outros foram até
Pequim, no dia 2 de outubro de 49, e se mandaram de volta. Os intérpretes
falavam bastante bem o Francês e o Inglês. Um deles falava Russo. (...) A
chegada em Pequim das tropas de Mao foi muito bem programada. Quando lá
aportamos, no dia 2 de outubro, eles já estavam lá há muito tempo e Chiang
Kai-shek tinha escapado para Hainan, ilha perto de Cantão, no extremo sul”. Sua
admiração por Mao Tsé Tung virou até motivo de anedota, quando supostamente ele
se aproximou tanto do líder chinês que pisou no seu pé e Mao teria dito “pôlla
João”. O Saldanha que devemos lembrar com respeito é o que regressou ao Brasil
em 1951, quando foi designado pelo Comitê Central para a tarefa mais árdua de
sua vida: dar assistência aos militantes do PCB que dirigiam a luta dos
camponeses pela terra em Porecatu, no norte do Paraná. Grandes grileiros agiram
com violência, através de jagunços, pistoleiros e o apoio da polícia do
governador, para expulsar dali os posseiros, o que provocou a resistência
armada dos camponeses. Aquele João que em tarefa partidária foi morar em
Londrina e, além de dar assistência política aos revoltosos, levava dinheiro
arrecadado pela rede de solidariedade ao movimento e organizava cursos de
formação de quadros para os camponeses. Em nossa memória temos o João que em
1953 teve presença destacada na coordenação das ações dos comunistas junto à
Greve dos 300 Mil, histórico movimento iniciado com a Passeata da Panela Vazia
em 18 de março daquele ano, quando 60 mil trabalhadores foram às ruas em
protesto contra a carestia. Foram 29 dias de greve que deixaram São Paulo sem
transporte e sem fábricas funcionando, ao paralisar 270 empresas.
No futebol apreciamos o João Saldanha que em 1957 foi
campeão carioca dirigindo o Botafogo, o Glorioso, com a ajuda dos craques
Garrincha, Didi e Nilton Santos. Um time de respeito, que derrotou o Fluminense
de Telê Santana dentro das Laranjeiras, colocando João Saldanha em evidência.
Com esse trio, pelo qual tinha sincera admiração - principalmente por
Garrincha, a quem completava o salário com dinheiro de seu próprio bolso - o
Botafogo ganhou tudo. Nesse período de seu auge passou a condição de “amigo do
Partidão” e seguiu sua carreira jornalística ascendente. Em 1959, deixou a
função de técnico e começou a trabalhar como comentarista esportivo de rádio,
profissão que o consagraria como “celebridade”. Tanto que em 1966, foi
contratado pela TV Globo que começava a ascender com a ajuda dos militares
golpista de 1964, rivalizando com a TV Tupi. Não celebramos ou exaltamos o João
que com o prestígio adquirido como comentarista e técnico de futebol aceitou o
convite do facínora João Havelange e assumiu a direção da Seleção Brasileira
para reconquistar a confiança e o apoio popular ao time após o fiasco de 1966.
Desgraçadamente naquele momento o fortalecimento da seleção era parte da
estratégia dos generais para alienar o país enquanto a esquerda revolucionária
e seus militantes eram alvo de tortura, perseguição e morte. Registramos ainda
que com o fim da ditadura João compôs, na condição de candidato a
vice-prefeito, a chapa com Marcello Cerqueira (PSB) à Prefeitura do Rio de
Janeiro, no ano de 1985. Marcello, que antes era do PMDB, tinha sido nomeado
consultor jurídico do Ministério da Justiça, na gestão de Fernando Lira, no
governo Sarney. O PT lançaria chapa pura e era atacado duramente pelo
Stalinismo (PCB, PCdoB e MR-8). Venceu o Brizolismo com Saturnino Braga, sendo
o PDT apoiado pelo PCdoB. João Saldanha
faleceu em 12 de julho de 1990, em Roma, cobrindo a Copa do Mundo na Itália.
Reafirmamos antes de mais nada que o homem que merece nosso respeito como
Marxistas Leninistas é o “João sem Medo”, o dedicado militante ainda que
stalinista e não o “celebrado” técnico da seleção brasileira que caiu por ordem
de Médici por um mero capricho "esportivo" do chacal fascista!