terça-feira, 7 de janeiro de 2020

GUERRA CIVIL ENTRE MÁFIAS ARMADAS TRATAM DE DESTRUIR O POUCO QUE RESTOU DA LÍBIA: POR TRÁS DE CADA MILÍCIA HÁ UM INTERESSE ECONÔMICO DAS POTÊNCIAS IMPERIALISTAS


Na última segunda-feira (06/01) as forças do general “rebelde” Khalifa Haftar, capturaram a importante cidade de Sirte, na Líbia, causando um duro golpe ao chamado governo de “Acordo Nacional” (GNA) sediado em Trípoli. Haftar foi um dos militares líbios que foram patrocinados pela OTAN para empreender a reacionária “insurreição” contra o regime nacionalista do coronel Kadafi. Agora o Khalifa quer a sua parte na recompensa que destruiu um país com o maior nível de desenvolvimento humano (IDH) na África, segundo a insuspeita ONU. Após a derrubada do governo Kadafi, a OTAN tratou de tentar unificar todos os bandos rebeldes mafiosos para repartir o butim do Estado, que tinha umas das maiores reservas de ouro do planeta, além da abundante prospecção de petróleo e gás natural. Entretanto a sede voraz da escória armada pela OTAN e CIA (chamada pelos revisionistas de “rebeldes”) trataram de saquear, cada uma a seu modo as riquezas da Líbia, deflagrando uma segunda “guerra civil”. No curso deste processo predatório foram se afunilando dois campos em disputa frontal: O “governo” do GNA bancado pelo imperialismo europeu e as forças de Haftar, que inicialmente contaram com o apoio da Rússia e Irã. Com o avanço militar das tropas de Haftar o “governo” do GNA não tem outra escolha a não ser pedir a chegada imediata de reforços da Turquia, sob o comando do presidente Erdogan que pretende expandir a presença otomana na região do Magreb. As tropas de Haftar entraram em Sirte quase sem combate. A operação militar anunciada anteriormente pelas forças “rebeldes” durou apenas três horas. Vários combatentes do governo do Acordo Nacional, liderados por Fayez Al-Sarraj e reconhecidos pela ONU, foram presos e sua equipe foi confiscada enquanto outros fugiam. As tropas de Sarraj mantêm o controle da cidade desde 2016, quando expulsaram o califado islâmico após vários meses de luta.  A cidade estava sob o controle da chamada "Força de Proteção de Sirte", composta principalmente por combatentes de Misrata, 250 quilômetros a oeste de Sirte. Um comandante militar em Sarraj denunciou a "traição" de uma milícia jihadista, que mudou de lado quando as forças Haftar entraram na cidade. Desde 4 de abril do ano passado, Haftar tenta apreender Trípoli e deu um ultimato aos combatentes de Misrata, que constituem a maior parte das forças do governo, para se retirar de Trípoli e Sirte. Na sexta-feira, ele também anunciou a jihad e uma mobilização geral contra uma intervenção militar. Agora Haftar tem o apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos, rivais regionais na Turquia e no Catar, se distanciando assim da influência de Moscou. A UE diretamente responsável pela derrubada contrarrevolucionária de Kadafi, juntamente com a OTAN, colocou a Líbia e ela mesma em uma encruzilhada da qual ela não pode sair, a “magia” parece escapar da mão dos “feiticeiros” imperialistas que agora assistem o protagonismo de forças locais, totalmente “descontroladas” no objetivo de repartir a Líbia em feudos reacionários. A Alemanha tenta retomar alguma a iniciativa e no próximo sábado há uma reunião em Moscou entre Merkel e Putin, o que mostra que o papel do imperialismo ianque na Líbia hoje é bastante marginal.  Merkel quer convocar uma conferência internacional, que é tão “legal” quanto a ocupação estrangeira na Líbia. Ainda precisamos esperar para saber se Putin concorda em participar desta conferência onde possivelmente se confrontará com os interesses do governo de Recep Erdogan. Desesperado, enquanto perdia Sirte, Sarraj mudou-se para Argel, onde pediu ajuda ao Ministro das Relações Exteriores da Turquia.  Mas se o regime fundamentalista da Argélia abertamente tomar partido do governo Sarraj, perderá força na conferência internacional que a Alemanha deseja reunir, onde serão necessários países que, antes, mantiveram uma certa aparência de neutralidade. De qualquer maneira o pântano de destruição ao qual a extrema direita colocou a Líbia, parece neste momento querer consumir os responsáveis internacionais pela catástrofe econômica, social e humanitária em que colocaram o país norte-africano.