O partido MAS (Movimento Ao Socialismo), do reformista Evo
Morales que renunciou à presidência da Bolívia no processo do golpe de Estado
ocorrido após as eleições de outubro passado que renovariam seu mandato,
definiu neste domingo (19.01) em uma plenária de dirigentes a chapa presidencial
para concorrer nas eleições que acontecerão no início de maio deste ano.
Encabeçando a chapa do MAS vai para a disputa eleitoral de “cartas marcadas” o
economista Luis Arce, ministro de Finanças do governo Morales entre 2006 e 2017
(e que tinha voltado ao cargo em 2019). Seu companheiro na chapa para ocupar a
vice-presidência será o diplomata David Choquehuanca, chanceler do governo
anterior, no mesmo período. Anteriormente tinha sido anunciado por Evo que a
chapa seria formada pelo chanceler David tendo como vice o jovem líder sindical
camponês (cocalero) Andrónico Rodríguez, de 30 anos. As pesquisas de opinião de
voto, realizadas nas últimas semanas, apontavam que o sindicalista Rodríguez
liderava todas as sondagens com mais de 20% dos votos, expressando desta forma
o repúdio dos setores mais oprimidos da Bolívia com o governo golpista de
Jeanine Añez. Luis Arce foi um dos principais artífices da política econômica
neoliberal de “esquerda” que deu a tônica por mais de uma década no governo
“masista”. Parte da cúpula do MAS que se encontra na Bolívia ocupando altos
cargos públicos e cúmplice política do golpe de Estado, teria vetado o nome de
Andrónico para comandar a disputa eleitoral. O atual presidente da Câmara dos
Deputados, Sérgio Choque, afirmou que a escolha por Arce “garantirá o apoio da classe média a uma política
macroeconômica de estabilidade”, leia-se seguir o “ajuste” ditado pelos
rentistas internacionais. Na mesma linha de pensamento neoliberal, Evo declarou
que Andrónico “seria muito inexperiente para o cargo de presidente”, bancando o
nome de Arce para acalmar o mercado. Como “prêmio de consolação”, Evo ofereceu
ao jovem dirigente dos camponeses de Chapare um posto de senador na lista do
MAS. Ainda é cedo para saber se a burocrática exclusão de Andrónico poderá
provocar uma cisão no interior do MAS, porém já é nítido o curso direitista e
de completa adaptação ao golpe por parte de Evo e Linera. Além de Arce, estão
confirmadas as candidaturas do ex-presidente Carlos Mesa (centro neoliberal), o
ex-presidente Jorge Quiroga (direita), o líder do movimento cívico de Santa
Cruz de la Sierra, Luis Fernando Camacho (extrema direita) e o pastor
evangélico Chi Hyun Chung (fascista). O movimento operário da Bolívia não pode esperar
nada destas novas eleições que não seja uma fraude e estelionato político para
legitimar o golpe e um novo governo neofascista. A tarefa dos Marxistas
Leninistas será a de conduzir as massas na perspectiva revolucionária, em sua
cotidiana rebelião latente contra o regime entreguista imposto no país pelo
imperialismo ianque.