segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NA BOLÍVIA APÓS O GOLPE: EVO DEFINE UM NEOLIBERAL COMO CANDIDATO DO MAS EXCLUINDO LÍDER CAMPONÊS QUE PONTEAVA AS PESQUISAS DE INTENÇÃO DE VOTO


O partido MAS (Movimento Ao Socialismo), do reformista Evo Morales que renunciou à presidência da Bolívia no processo do golpe de Estado ocorrido após as eleições de outubro passado que renovariam seu mandato, definiu neste domingo (19.01) em uma plenária de dirigentes a chapa presidencial para concorrer nas eleições que acontecerão no início de maio deste ano. Encabeçando a chapa do MAS vai para a disputa eleitoral de “cartas marcadas” o economista Luis Arce, ministro de Finanças do governo Morales entre 2006 e 2017 (e que tinha voltado ao cargo em 2019). Seu companheiro na chapa para ocupar a vice-presidência será o diplomata David Choquehuanca, chanceler do governo anterior, no mesmo período. Anteriormente tinha sido anunciado por Evo que a chapa seria formada pelo chanceler David tendo como vice o jovem líder sindical camponês (cocalero) Andrónico Rodríguez, de 30 anos. As pesquisas de opinião de voto, realizadas nas últimas semanas, apontavam que o sindicalista Rodríguez liderava todas as sondagens com mais de 20% dos votos, expressando desta forma o repúdio dos setores mais oprimidos da Bolívia com o governo golpista de Jeanine Añez. Luis Arce foi um dos principais artífices da política econômica neoliberal de “esquerda” que deu a tônica por mais de uma década no governo “masista”. Parte da cúpula do MAS que se encontra na Bolívia ocupando altos cargos públicos e cúmplice política do golpe de Estado, teria vetado o nome de Andrónico para comandar a disputa eleitoral. O atual presidente da Câmara dos Deputados, Sérgio Choque, afirmou que a escolha por Arce “garantirá  o apoio da classe média a uma política macroeconômica de estabilidade”, leia-se seguir o “ajuste” ditado pelos rentistas internacionais. Na mesma linha de pensamento neoliberal, Evo declarou que Andrónico “seria muito inexperiente para o cargo de presidente”, bancando o nome de Arce para acalmar o mercado. Como “prêmio de consolação”, Evo ofereceu ao jovem dirigente dos camponeses de Chapare um posto de senador na lista do MAS. Ainda é cedo para saber se a burocrática exclusão de Andrónico poderá provocar uma cisão no interior do MAS, porém já é nítido o curso direitista e de completa adaptação ao golpe por parte de Evo e Linera. Além de Arce, estão confirmadas as candidaturas do ex-presidente Carlos Mesa (centro neoliberal), o ex-presidente Jorge Quiroga (direita), o líder do movimento cívico de Santa Cruz de la Sierra, Luis Fernando Camacho (extrema direita) e o pastor evangélico Chi Hyun Chung (fascista). O movimento operário da Bolívia não pode esperar nada destas novas eleições que não seja uma fraude e estelionato político para legitimar o golpe e um novo governo neofascista. A tarefa dos Marxistas Leninistas será a de conduzir as massas na perspectiva revolucionária, em sua cotidiana rebelião latente contra o regime entreguista imposto no país pelo imperialismo ianque.