sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

SINAL DE ALERTA PARA A BURGUESIA NACIONAL: ACABOU A “GALINHA DOS OVOS DE OURO” OU A BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA COMEÇOU A QUEBRAR?


A balança comercial brasileira, ou seja, a “galinha dos ovos de ouro” para a burguesia nacional, fechou 2019 registrando o pior superávit desde 2015, quando o país enfrentava a maior recessão de sua história provocada pela preparação (sabotagem) do golpe institucional. Naquele ano, o saldo foi de US$ 19,5 bilhões de dólares. O Brasil teve em 2019 um saldo de US$ 46,7 bilhões, mas esse resultado ficou 19,6% abaixo do registrado em 2018 (US$ 58 bilhões). Estes dados oficiais foram divulgados na quinta-feira (2/1) pela Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia. No acumulado de 2019, as exportações brasileiras chegaram a US$ 224,018 bilhões, 7,5% abaixo de 2018, quando totalizaram US$ 239,264 bilhões. As importações em 2019 somaram US$ 177,344 bilhões, com uma diminuição de 3,3% sobre os US$ 181,231 bilhões de 2018. O desastre destes resultados obrigou a equipe econômica do governo neofascista, chefiada pelo rentista Paulo Guedes, a tentar justificar o colapso, segundo os tecnocratas do Planalto, o Brasil sentiu diretamente os impactos da crise Argentina, principal país comprador de manufaturados brasileiros, principalmente automóveis e autopeças. A crise da febre suína na China também afetou as exportações de soja para aquele país. Essa queda “nem de longe compensado pelo aumento das exportações de carne”, afirma Lucaz Ferraz, o representante do governo. Por outro lado a repercussão dos resultados da Balança Comercial no nicho dos rentistas foi de total pessimismo com a evolução do quadro econômico, a expectativa do mercado financeiro para este ano é de nova piora do saldo comercial, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras na semana passada. Fazendo uma radiografia rigorosa dos dados divulgados, podemos aferir que o processo de desindustrialização imposto ao Brasil pelos trustes imperialistas é um dos principais fatores para o pífio resultado das nossas exportações, em um cenário internacional de desvalorização das principais comodities. Pela primeira vez em quarenta anos, os produtos básicos representaram mais da metade das vendas brasileiras ao exterior, ou seja, um forte retração na exportações de mercadorias industrializadas, com alto valor agregado nas transações mundiais. A crise capitalista que se desenha no horizonte deste governo neofascista, também pode ser constatada nas contas do fluxo cambial brasileiro, o balanço dos dólares que saíram e entraram no país.Faltando apenas os dias 30 e 31 de dezembro a contabilizar, saíram, líquidos, do Brasil, US$ 43,253 bilhões, resultado de perdas financeiras de US$ 61,154 bilhões e ganhos comerciais de US$ 17,901 bilhões. Para se ter uma ideia, o pior resultado anterior era o de 1998, o ano que desabou definitivamente a tal paridade de “um dólar = 1 real”, que registrou saída de US$ 16,2 bilhões. A ausência de qualquer perspectiva de crescimento econômico no país deverá acionar uma forte recessão nos próximos dois anos, o que implica que na sucessão presidencial de 2022 o Brasil estará no pico da estagnação. Esta constatação marxista vem alimentando ilusões na Frente Popular de que o “descarte” de Bolsonaro pela burguesia será “automático”. Por isso mesmo o PT e seus apêndices reformistas não mobilizam o proletariado para uma reação de massas ao desastre econômico atual, “sonham” que a eleição de Lula já “são favas contadas”... Enquanto vivem o delírio oportunista, os trabalhadores amargam o arrocho salarial, desemprego e perda de direitos históricos diante da ofensiva neoliberal. Porém colapso econômico e recessão profunda não são sinônimos políticos de “descarte” de Bolsonaro, e poderão significar tempos ainda mais sombrios de um golpe de Estado em gestação.