SINAL DE ALERTA PARA A BURGUESIA NACIONAL: ACABOU A “GALINHA
DOS OVOS DE OURO” OU A BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA COMEÇOU A QUEBRAR?
A balança comercial brasileira, ou seja, a “galinha dos ovos
de ouro” para a burguesia nacional, fechou 2019 registrando o pior superávit
desde 2015, quando o país enfrentava a maior recessão de sua história provocada
pela preparação (sabotagem) do golpe institucional. Naquele ano, o saldo foi de
US$ 19,5 bilhões de dólares. O Brasil teve em 2019 um saldo de US$ 46,7
bilhões, mas esse resultado ficou 19,6% abaixo do registrado em 2018 (US$ 58
bilhões). Estes dados oficiais foram divulgados na quinta-feira (2/1) pela
Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do
Ministério da Economia. No acumulado de 2019, as exportações brasileiras
chegaram a US$ 224,018 bilhões, 7,5% abaixo de 2018, quando totalizaram US$
239,264 bilhões. As importações em 2019 somaram US$ 177,344 bilhões, com uma
diminuição de 3,3% sobre os US$ 181,231 bilhões de 2018. O desastre destes
resultados obrigou a equipe econômica do governo neofascista, chefiada pelo
rentista Paulo Guedes, a tentar justificar o colapso, segundo os tecnocratas do
Planalto, o Brasil sentiu diretamente os impactos da crise Argentina, principal
país comprador de manufaturados brasileiros, principalmente automóveis e
autopeças. A crise da febre suína na China também afetou as exportações de soja
para aquele país. Essa queda “nem de longe compensado pelo aumento das
exportações de carne”, afirma Lucaz Ferraz, o representante do governo. Por
outro lado a repercussão dos resultados da Balança Comercial no nicho dos
rentistas foi de total pessimismo com a evolução do quadro econômico, a
expectativa do mercado financeiro para este ano é de nova piora do saldo
comercial, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100
instituições financeiras na semana passada. Fazendo uma radiografia rigorosa
dos dados divulgados, podemos aferir que o processo de desindustrialização
imposto ao Brasil pelos trustes imperialistas é um dos principais fatores para
o pífio resultado das nossas exportações, em um cenário internacional de
desvalorização das principais comodities. Pela primeira vez em quarenta anos,
os produtos básicos representaram mais da metade das vendas brasileiras ao
exterior, ou seja, um forte retração na exportações de mercadorias
industrializadas, com alto valor agregado nas transações mundiais. A crise
capitalista que se desenha no horizonte deste governo neofascista, também pode
ser constatada nas contas do fluxo cambial brasileiro, o balanço dos dólares
que saíram e entraram no país.Faltando apenas os dias 30 e 31 de dezembro a
contabilizar, saíram, líquidos, do Brasil, US$ 43,253 bilhões, resultado de
perdas financeiras de US$ 61,154 bilhões e ganhos comerciais de US$ 17,901 bilhões.
Para se ter uma ideia, o pior resultado anterior era o de 1998, o ano que
desabou definitivamente a tal paridade de “um dólar = 1 real”, que registrou
saída de US$ 16,2 bilhões. A ausência de qualquer perspectiva de crescimento
econômico no país deverá acionar uma forte recessão nos próximos dois anos, o
que implica que na sucessão presidencial de 2022 o Brasil estará no pico da
estagnação. Esta constatação marxista vem alimentando ilusões na Frente Popular
de que o “descarte” de Bolsonaro pela burguesia será “automático”. Por isso
mesmo o PT e seus apêndices reformistas não mobilizam o proletariado para uma
reação de massas ao desastre econômico atual, “sonham” que a eleição de Lula já
“são favas contadas”... Enquanto vivem o delírio oportunista, os trabalhadores
amargam o arrocho salarial, desemprego e perda de direitos históricos diante da
ofensiva neoliberal. Porém colapso econômico e recessão profunda não são
sinônimos políticos de “descarte” de Bolsonaro, e poderão significar tempos
ainda mais sombrios de um golpe de Estado em gestação.