A ação terrorista ocorrida no dia 7 de janeiro de 2015 em
Paris há exatos 5 anos, levando a morte 12 pessoas em sua maioria colaboradores
do jornal satírico Charlie Hebdo e de um policial, foi “debitada” na conta de
grupos “radicais” islâmicos em função das constantes provocações realizadas
pelo periódico contra a cultura árabe e muçulmana. No primeiro momento pareceu
tudo se “encaixar”, já que o jornal vinha sendo alvo de constantes ameaças
promovidas por uma ampla gama de organizações fundamentalistas. Porém sob uma
análise mais criteriosa dos trágicos fatos ocorridos na “operação militar” de
fuzilamento das vítimas podemos aferir que a “metodologia” empregada se
assemelhou muito mais a forma de atuar de grupos treinados pelo Mossad
israelense do que propriamente a de células islâmicas “infiltradas” na Europa
ou nos EUA. Isto sem falar no “oportuno” momento político para desencadear uma
frenética campanha islamofóbica, em meio à maior crise vivida pelo então governo
social- democrata (neoliberal até a medula) de François Hollande. A população
de Paris saiu às ruas para manifestar a solidariedade aos jornalistas ameaçados
e aos familiares dos mortos, mas no curso desta justa reação popular já se
desencadeia uma verdadeira “caça às bruxas” contra a esquerda revolucionária
que vem corajosamente defendendo os parcos direitos civis ameaçados dos
imigrantes árabes, além de criticar duramente a postura política provocadora do
jornal Charlie Hebdo. Naquele momento o reacionário presidente francês chamou a
“União Nacional contra o terror” e a Frente Nacional convocou “mão dura” da
repressão estatal contra tudo que pudesse se assemelhar com o “Mundo Árabe”.
Como Marxistas Revolucionários condenamos qualquer ação militar de grupos
extremistas muçulmanos que não estejam diretamente focadas em alvos
imperialistas, este sim o maior centro terrorista que a humanidade já conheceu.
Ao mesmo tempo que alertamos que as evidências apontavam para a
responsabilidade direta do gendarme sionista nesta operação contra a sede do
jornal Charlie Hebdo. Chamamos naqueles dias a mobilizar a classe operária na
busca dos verdadeiros responsáveis pela chacina de Paris, tendo como norte a
solidariedade política integral com todos os movimentos palestinos e árabes que
combatem o imperialismo e seu aliados sionistas em todo o mundo. A “comoção
nacional” criada na França após o atentado foi muito bem usada pela
extrema-direita nativa em clara ascensão eleitoral, servindo também para que a
CIA e OTAN intensificasse suas investidas guerreiristas contra a Síria e o
Líbano (Hezbolah), que possivelmente foram acusadas levianamente pela mídia
“murdochiana” de co-responsabilidade no atentado de Paris. Chamamos há 5 anos
atrás o movimento de massas na França a recusar o patético chamado governista a
“Unidade Nacional”, assim como manter muito acesa a luta contra o neofascismo,
construído a aliança classista entre a juventude oprimida, os imigrantes e seus
familiares perseguidos pelo estado racista e o combativo proletariado que já
foi capaz até historicamente de derrotar a poderosa máquina de guerra nazista
durante a ocupação alemã na Guerra Mundial. Hoje, em meio a greve geral francesa
que já dura mais de 30 dias e há 5 anos do ataque ao jornal Charlie Hebdo
defendemos reconstruir os Partisans, como uma alternativa de poder operário
contra a barbárie fascista que novamente se aproxima! O atentado em Paris esteve
situado em meio a uma profunda polarização que atravessa toda a Europa, cujo
centro é a questão da xenofobia racista contra a população não
"originária". Países centrais como Alemanha e Inglaterra estão
atravessando neste exato momento mobilizações reacionárias contra os direitos
dos imigrantes e ao mesmo tempo o crescimento de partidos de extrema-direita e
neonazistas. A contraofensiva do movimento de massas ainda é bastante limitada,
em razão do programa e estratégia das direções reformistas que se recusam a
romper os estreitos limites da institucionalidade burguesa. Sem sombra de
dúvidas o atentado em Paris fortaleceu um curso político conservador em toda
região, como vemos agora na Inglaterra e na própria França!