O governo golpista da Bolívia anunciou que irá promover
novas eleições para presidente e o parlamento no próximo dia 3 de maio, mais de
seis meses depois do golpe de Estado que provocaram a renúncia “forçada” de Evo Morales e a posse da reacionária Jeanine Áñez como
presidente interina. Para orquestrar a farsa da “volta da democracia”, toda uma
operação de expurgos políticos foi montada, a começar pela destituição dos
membros do antigo Tribunal Supremo Eleitoral, que agora será presidido pelo direitista Salvador Romero. O TSE até já
determinou um eventual segundo turno que ocorrerá no prazo de até 45 dias após
a primeira votação do início de maio. Depois de “depurarem” o TSE com todas as
novas indicações inteiramente afinadas com o golpe de Estado, o regime de
exceção tratou de proscrever a figura eleitoral de Evo Morales, que não poderá
ser novamente candidato, apesar de estar mantido o registro do seu partido o
Movimento ao Socialismo (MAS). Até o momento já se lançaram vários
pré-candidatos para concorrer a farsa eleitoral, porém o líder nas pesquisas é
o jovem líder “cocalero” Andrónico Rodríguez, considerado o herdeiro político
de Morales, com 23% das intenções de voto, seguido pelo ex-presidente Carlos
Mesa, com 21%, segundo colocado na eleição de outubro. Os dirigentes
neofascistas Luis Fernando Camacho e Marco Antonio Pumari, fundamentais no
suporte político ao golpe de Estado que derrubou Morales, aparecem com 13% e
10% das intenções de voto, respectivamente, mas já acertaram uma aliança da
extrema direita e devem lançar uma chapa comum. No campo da esquerda existe uma
grave crise, com uma possível fissura do MAS, que tem sua origem antes mesmo da
renúncia de Morales. Um setor da Social Democracia aceitou e até mesmo
impulsionou os protestos “populares” contra a suposta “fraude eleitoral” que
resultaram na derrocada do MAS. Nesta trincheira por “eleições limpas”
comandadas pelos “ratos” da OEA, se agruparam os fascistas, a direita
neoliberal, a direção da COB, um setor do próprio MAS e por último os cretinos
revisionistas do POR, que antes bradaram cinicamente contra o “eleitoralismo da
esquerda”. Na expectativa reformista de ganhar as eleições manipuladas se
encontra Rodríguez do MAS, que ainda aguarda uma decisão final do seu partido.
Morales informou que no próximo dia 19/01 anunciará, em Buenos Aires, onde se
encontra exilado, qual será a chapa presidencial do MAS. A “trampa” dos
golpistas assim vai se legitimando com a valorosa colaboração do MAS, que
desgraçadamente não conseguiu abstrair as trágicas lições do golpe de Estado,
que vem penalizando as massas bolivianas com a severa “pauta do mercado” ditada
pelo imperialismo ianque. Os reformistas do MAS sonham agora em repetir o
fracassado ciclo histórico da Frente Popular no governo, enquanto o poder real
do Estado continua sob o controle de uma burguesia totalmente submissa as
ordens da Casa Branca em Washington. Os revisionistas do POR novamente irão
fazer uma agitação vazia contra o “eleitoralismo”, até que ecloda o primeiro
movimento reacionário nas ruas onde ingressarão sem o menor escrúpulo
programático. A heróica classe operária boliviana, que já foi por muitas vezes
a vanguarda revolucionária da América Latina, tem a tarefa de reconstruir seu
verdadeiro partido Marxista Leninista!