Os preços e serviços disparam em seu valor no mercado, mas
segundo os dados oficiais “a inflação está sob controle”, o IPCA fechou o ano
de 2019 em 4,31%, uma manipulação fraudulenta para achacar os salários e
benefícios previdenciários do povo brasileiro no primeiro ano do governo
neofascista de Bolsonaro. Porém, para a esmagadora maioria do povo brasileiro,
estes dados falsos estão muito longe de explicar os seguidos aumentos nos
alimentos em geral, nos transportes públicos, nos combustíveis (já tem cidades
vendendo gasolina a mais de R$ 5,00), nos aluguéis, planos de saúde, remédios,
na conta de luz e o impacto no custo de vida nas famílias de milhões de
trabalhadores brasileiros. “Inflação sob controle” é o mote da equipe econômica
chefiada pelo rentista Paulo Guedes, mas não é o que diz e sente na carne o
proletariado que assiste a volta diária das “maquininhas virtuais” de preços
nos supermercados e armazéns deste imenso e desigual país. Não foi só o preço
da carne que disparou em 2019, os itens da cesta básica que no ano passado
consumiam a metade de um salário mínimo subiram mais de 17 capitais neste
período. Os números são do próprio Dieese (Departamento Intersindical de
Estatísticas e Estudos Socioeconômicos): Vitória, +23,64%; Goiânia, +16,94%; Recife,
+ 15,63%; Natal, +12,41%; Rio de Janeiro, +10,75%; Belo Horizonte, +8,86%; São
Paulo, +7,44%. Para os trabalhadores, ou para os 11,2 milhões de desempregados,
ou os 38,8 milhões de brasileiros que estão na informalidade os preços estão
batendo no teto e não há nada de “natural e nem de controlado” nisso. Os
índices oficiais de inflação não refletem a carestia, o encarecimento do custo
de vida. Isto porque a inflação manipulada da qual se fala nos corredores dos
supermercados ou à mesa do almoço pouco tem a ver com a renda real arrochada e
congelada dos trabalhadores, dos aposentados do INSS ou daqueles que estão
vivendo simplesmente de “bico”. Os preços dos combustíveis também dispararam no
ano passado. A gasolina ficou, em média, 5,85% mais cara nas bombas dos postos
depois do primeiro ano do governo neofascista de Bolsonaro. O preço médio do
litro subiu de R$ 4,34 no fim de 2018 para R$ 4,55 no final de 2019. O etanol
sofreu o maior reajuste dentre os combustíveis, somando 11,51% no ano. O litro
do óleo diesel teve aumento de 8,7% no ano, passando de R$ 3,451 em 2018 para
R$ 3,751 em 2019. A energia elétrica continua à mercê das bandeiras tarifárias
e da boa vontade de “São Pedro”, mas faça chuva ou faça sol o consumidor paga
uma das mais caras tarifas do mundo. E o transporte público, com vetor em alta,
está em média na casa de R$ 4 reais nas grandes cidades. Enquanto isso, o
reajuste no salário mínimo não chegou nem perto do que percentualmente o
crescimento dos preços significa. Em vigor a partir de 1º de fevereiro, o novo
salário mínimo será de R$ 1.045 (+4,71% sobre o salário de 2019). Parece
impossível para uma família sobreviver nessas condições e no governo de
Bolsonaro há 54 milhões de pessoas que vivem com menos que isso. Este quadro de
degradação social e econômica por que passa o Brasil, massacrando o seu povo
mais oprimido pelas classes dominantes, não é propriamente um “fato histórico
novo” ocorrido após o golpe institucional que desembocou neste governo
neofascista, porém o cenário nacional vem se agravando a cada dia com o
prolongamento da recessão econômica por mais de cinco anos consecutivos. A
farsa montada pela mídia corporativa, a mesma que critica as “barbaridades” do
energúmeno Bolsonaro e que elogia a eficiência neoliberal da equipe econômica
de Guedes, deve ser desmascarada pela ação direta da classe operária. Mas para
romper a paralisia das lutas e a enganação da burguesia é necessário construir
uma nova ferramenta política para a classe trabalhadora.