O primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, declarou ao
presidente russo, Vladimir Putin, que todo o governo russo deve renunciar.
Putin agradeceu a Medvedev pelo seu trabalho e solicitou ao primeiro-ministro e
ao gabinete a continuarem o seu trabalho até que um novo governo pudesse ser
formado. A saída de Medvedev ocorreu logo após Putin apresentar uma série de
mudanças que o presidente diz serem necessárias para a constituição da Rússia,
incluindo novos limites aos poderes de nomeação do presidente. As alterações
jurídicas incluirão o aumento dos poderes do parlamento do país na nomeação de
membros do governo. O líder máximo russo também propôs a proibição de altos
funcionários, incluindo legisladores, governadores, o primeiro-ministro e
outros de poderem ter dupla cidadania ou autorizações de residência no
exterior. Putin escolheu Dmitry Medvedev para o cargo de primeiro-ministro em
maio de 2012 e em 2018, após iniciar seu
quarto mandato presidencial. Medvedev serviu como presidente da Rússia entre
2008 e 2012, período durante o qual Putin serviu como primeiro-ministro, se
configurando na hierarquia do Estado como o “segundo homem” do poder central.
Com a inesperada crise aberta na cúpula do regime, Putin propôs imediatamente o
nome de Mikhail Mishustin para ocupar o cargo de primeiro-ministro, que aceitou
a função. Mishustin era chefe da receita federal russa, e conta com o apoio do
mercado financeiro e dos governos da União Européia que o consideram um
“moderado”. Especula-se que as manobras constitucionais de Putin serviram como
uma opção para se manter no leme do Estado após 2024 quando deixará a
presidência, o que inclui transferir poder ao parlamento e assumir um papel
mais destacado de primeiro-ministro. Outra alternativa pensada por Putin seria
liderar um Conselho Estatal, um organismo que deverá receber mais poderes da
constituição russa. Ainda é cedo para definir se o novo “desenho
constitucional” proposto por Putin surtirá o efeito desejado pelo oligarca
restauracionista, o certo é que suas manobras já abriram uma indesejada crise
interna com Medvedev em um momento de ofensiva do imperialismo ianque sobre os
aliados internacionais da Rússia. A nova burguesia russa surgida com o fim do
antigo Estado Operário Soviético, delegou a Putin o comando central do regime
para potenciar a acumulação capitalista, porém sob pressão do imperialismo
europeu (principal parceiro econômico do país) e da Casa Branca poderá exigir a renovação da poder caso os
“arriscados” passos do presidente comprometam seus lucros. O poderoso
proletariado russo, protagonista da maior revolução socialista da história
mundial, não deve depositar confiança política alguma na camarilha de Putin e
seus apêndices do atual Partido Comunista (reformista) que apoia o governo. A
tarefa da nova geração de ativistas bolcheviques será a reconstrução do genuíno
Partido Marxista de Lenin e Trotsky!