Uma decisão completamente arbitrária do desembargador
Benedicto Abicair, da 6ª Câmara Cível do Rio de Janeiro, obrigou a produtora
Porta dos Fundos e a Netflix a retirar do ar o “Especial de Natal Porta dos
Fundos: A Primeira Tentação de Cristo”. A decisão atendeu a um pedido feito pela
Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura. Trata-se de um novo ataque às
liberdades democráticas no curso da ofensiva neofascista em curso no Brasil.
Não por coincidência, o desembargador responsável pela decisão votou em 2017 pela
absolvição do então deputado federal e atual presidente da República Jair
Bolsonaro por conta de comentários homofóbicos proferidos no programa “CQC”, da
TV Bandeirantes. Depois do atentado perpetrado pela extrema-direita no dia
24/12 agora a justiça burguesa entra em cena para punir o “Porta dos Fundos”.
Independente de concordarmos com o conteúdo do filme, porque a arte deve ser
livre do “gostar ou não” do público, os Marxistas Revolucionários rechaçamos
primeiro o ataque fascista e agora a censura estatal! O ataque terrorista
recente foi produto da reação de grupos de extrema direita, ligados ao
bolsonarismo e hordas evangélicas de diversas denominações nas redes sociais,
por conta da maneira como retratou Jesus Cristo no programa especial de final de
ano. Agora, em uma ação cinicamente casada, a Justiça burguesa atende a um
pedido de entidade religiosa reacionária para calar o “Porta dos Fundos”. A
censura ao grupo de humor e o covarde ataque ao “Porta dos Fundos” não é um
fato isolado, é parte da atual ofensiva neofascista contra as liberdades
democráticas, a esquerda e a população pobre de uma maneira geral por parte de
grupos da extrema-direita em que se apoio socialmente o regime de exceção
Bonapartista que avança no Brasil. Como já alertamos anteriormente, o avanço da
extrema direita no país não será detido com “apelos” as autoridades policiais e
tampouco recorrendo à justiça burguesa golpista e reacionária até a medula, que
ao contrário, é parte do aparelho estatal de repressão ao movimento operário e
as liberdades democráticas. Defendemos que o movimento operário, popular e
estudantil deve adotar uma estratégia de autodefesa, como um embrião da
construção de seu próprio poder político. Somente com iniciativas políticas
totalmente independentes do Estado Burguês e suas instituições, as massas
poderão sedimentar o caminho da revolução socialista! Para a LBI, a arte tem
sua função histórica e revolucionária, como afirmou Trotsky: “Consideramos que
a tarefa suprema da arte em nossa época é participar consciente e ativamente da
preparação da revolução. No entanto, o artista só pode servir à luta
emancipadora quando está compenetrado subjetivamente de seu conteúdo social e
individual, quando faz passar por seus nervos o sentido e o drama dessa luta e
quando procura livremente dar uma encarnação artística a seu mundo interior”.
(Manifesto por uma Arte Revolucionária Independente, 1938). Nesse caminho, a
defesa de uma arte livre e independente da censura do Estado burguês é parte da
luta programática dos comunistas pela emancipação social, econômica, política,
cultural e ideológica dos trabalhadores!