Nesta última sexta-feira (24/01), milhares de trabalhadores
foram as ruas na França, as linhas de metrô de Paris tiveram grandes atrasos,
apesar do serviço ter sido quase normalizado esta semana, depois dos sindicatos
optarem por outros formatos de “protestos” contra a “reforma da previdência”
lançada pelo neoliberal Macron e seu governo conservador de direita. Ocorreu
bloqueio de portos e cortes parciais de eletricidade, já que as cúpulas
burocráticas abriram mão da greve geral com paralização total, o tráfego
ferroviário foi menos afetado e os trens internacionais funcionaram
normalmente. Na empresa pública ferroviária francesa, a Société Nationale des
Chemins de fer de France (SNCF) e na Empresa Pública Autônoma dos Transportes
Parisienses (RATP), os trabalhadores principalmente os maquinistas e condutores
de trem, realizam uma “greve por intermitência”, alternando dias trabalhados,
de repouso e de greve, sem poderem ser descontados. 0s 51 dias de grandes
mobilizações contra o presidente Emmanuel Macron coincidiram com a apresentação
no Conselho de Ministros da sua proposta de reforma da Previdência, a principal
bandeira deste governo neoliberal e que faz parte da exigência de “ajuste” dos
banqueiros e rentistas da União Europeia para a França. Em uma das mais longas
greves de sua história, que já se estende por mais de seis semanas, a
paralisação geral nas principais cidades francesas vem perdendo força, apesar
da heróica combatividade demonstrada pelo proletariado. Para a próxima
quarta-feira (29/01) os principais sindicatos do setor público francês convocaram
um novo dia de protestos, a fim de “fazer o governo recuar nas suas sombrias
pretensões”, porém sem a definição de um eixo político claro para derrotar
Macron e impor um legítimo governo dos trabalhadores no lugar do capacho do
capital financeiro. A votação da reforma da Previdência deve ser debatida pelo
parlamento somente a partir de 17 de fevereiro, com vistas a ter sua primeira
votação em março, o que aponta a necessidade de se manter vivo por uma longa
jornada o movimento grevista, mesmo com os acenos de Macron para “suavizar”
alguns itens do seu “pacote” neoliberal. O fato é que a burocracia das Centrais
Sindicais estão “fracionando” a greve por categorias , retirando seu caráter de
ação geral para toda a classe trabalhadora francesa. Sem o norte programático
da conquista do poder político, os trabalhadores ficam limitados as
reivindicações econômicas, que são importantes, porém não tem a capacidade de
galvanizar o combate revolucionário para derrubar o governo burguês. A ausência
de um genuíno Partido Revolucionário Comunista, com influência de massas,
concede a burocracia reformista um amplo palco para “desfraldar” sua demagogia
“sindicalista radical”, mas sem conteúdo algum da luta de classes contra o
regime capitalista e o Estado Burguês. Por sua vez, o amplo espectro de
correntes da esquerda revisionista existente na França, não faz mais do que
“assessorar” politicamente a burocracia sindical, sem indicar a senda da
revolução socialista como única alternativa para vitória da classe operária. Os
Marxistas Leninistas acompanhando o movimento real das massas e sem nenhum
“rompante” esquerdista, pacientemente publicitam para o proletariado francês a
necessidade da construção de uma alternativa de poder, gestado a partir das
bases do proletariado que não se deixou enganar pelas supostas “vantagens” da
democracia burguesa liberal.