Apesar da aparente redução de
tensão militar com os Estados Unidos, com o recuo político do regime dos
aiatolás após terem reconhecido a responsabilidade pela derrubada do Boeing
ucraniano, vários relatos oficiais indicam que o Irã pretende retaliar o imperialismo
ianque na “arena digital”. Segundo o governo iraniano, pela primeira vez
começaremos a ver ataques de inteligência artificial por computador contra o
país que se arvora da total hegemonia tecnológica mundial, os alvos não serão
nenhuma surpresa: além dos Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita
poderão ser atingidos. Com a adoção desta “tática”, se for realmente levada a
frente, é muito possível que a tensão política com o reacionário governo Trump
mova-se para o terreno da guerra cibernética, uma área menos visível, mas
igualmente crucial para os iranianos, que se rearmaram nos últimos anos no
campo da computação. Um recente anúncio nos meios internacionais da cibernética
ilustra essa capacidade de ataque iraniana: dois dias após a morte do general
iraniano Qassem Soleimani, um grupo chamado "Cyber Security Group
Hackers" atacou o site da Federal Depository Library. A página inicial foi substituída por uma
imagem sangrenta de Trump. Foi um
pequeno aviso. Os aeroportos usados pelos soldados ianques no Oriente Médio
podem ficar paralisados, já que hoje o Irã tem a mesma capacidade de ataque por
computador da Rússia, China ou Coréia do Norte, países adversários que
enfrentam as grandes potências imperialistas ocidentais. O Irã começou a investir
pesadamente na guerra cibernética há dez anos por causa do ataque Stuxnet que
sofreu. A agressão da NSA agiu como um
sinal de alerta para Teerã. O aiatolá Khamenei é principal responsável no
interior do regime pela arma da informação. Sob seu comando, a Guarda Revolucionária gerencia as unidades
cibernéticas. O Stuxnet é um worm de computador desenvolvido ao longo de vários
anos sob a direção direta de Washington, com o objetivo de interromper o
programa nuclear iraniano parando as centrífugas, levando até à destruição de
várias delas. Foi um vírus que na época
causou um enorme impacto, tanto por seus efeitos quanto pela sofisticação
necessária. Desde então, o Irã entrou no contra-ataque com várias ofensivas
cibernéticas. Em 2012, ele fabricou seu
primeiro grande vírus de computador, Shamoon, que infectou cerca de 30.000
computadores na empresa petrolífera saudita Aramco, a mais poderosa do
mundo. O vírus excluiu os dados
administrativos da empresa. A unidade de
ataque foi chamada APT 33. Os ataques não pararam. Entre 2011 e 2013, sete piratas iranianos
realizaram dezenas de ataques coordenados contra mais de quarenta bancos e
instituições americanas, causando a perda de vários milhões de dólares. Estes são principalmente ataques DDOS, que
envolvem sobrecarga do servidor para impedir que funcionem corretamente. Entre
janeiro de 2017 e o verão de 2018, eles lançaram mais ataques cibernéticos
contra a Arábia Saudita e, em particular, contra a empresa de petróleo Aramco,
a fim de causar explosões nas refinarias de petróleo. Os Marxistas não deixarão
de apoiar qualquer iniciativa concreta do regime iraniano contra o imperialismo
e seus “protetorados”, porém apontamos claramente que o anúncio desta nova
“tática de enfrentamento virtual” corresponde a uma situação defensiva dos Aiatolás, que atravessam uma forte turbulência política no seu próprio país.
Por mais de três dias consecutivos Teerã presenciou “protestos populares”
exigindo o fim do regime. Obviamente que estas manifestações são induzidas diretamente
pela mídia corporativa e a própria agência de inteligência ianque: CIA. Como um
castelo de cartas desabando, o regime dos aiatolás vem acumulando reveses na
arena política, o que já pode indicar uma fissura no bloco central de poder.
Veremos se o anúncio do ataque cibernético não é mais um “blefe” dos aiatolás
contra o governo Trump e o Estado terrorista de Israel.