Mudança “da noite para o dia” no Irã: de uma situação de
ofensiva contra o terrorismo imperialista para uma conjuntura de total
defensiva diante da admissão por ter cometido “terrorismo involuntário”, este é
o quadro político turbulento pelo qual atravessa o regime burguês nacionalista
dos aiatolás na antiga Pérsia. Não demorará muito para que os protestos contra
o “erro” da Guarda Revolucionária, que admitiu ser a responsável pela queda de
um Boeing da aviação comercial ucraniana, se transformem em “revolta popular”
exigindo a derrubada do atual regime fruto da revolução ocorrida em 1979. Um
“script” anunciado e já visto em situações similares, seja no Oriente Médio ou
mesmo em nossa América Latina. Não seria uma surpresa que já surjam informações
vindas do Irã dando conta de divergências no alto comando militar da Guarda
Revolucionária Islâmica, o bastião do regime dos aiatolás. O comandante da
força aérea do Irã, Amir Ali Hajzadeh, afirmou neste sábado (11/01) que teria
pedido aos generais do exército o “fechamento do espaço aéreo em torno de
Teerã” logo após o ataque à base ianque de Al Asad no Iraque e que não foi
atendido, gerando o erro do disparo do míssil em um Jato comercial. Por outro
lado fontes de noticias da agência oficial Fars relatam que a decisão tomada
pelo próprio Khamenei de anunciar o “erro” teria sido retardada em função de
divergências internas no seio da Guarda Revolucionária Islâmica (GRI).
Posteriormente a admissibilidade da “culpa” pelo abatimento do Boeing, Amir
declarou que “gostaria de estar morto”. Por sua vez o presidente eleito do Irã,
Hassan Rohani, que não pertence ao comando supremo dos aiatolás, a informou a
mídia internacional que pretende “entregar” aos tribunais os militares que
autorizaram o disparo do míssil que derrubou o Jato da Ukraine Airlines, não se
sabe se Hassan se referia à justiça iraniana ou “tribunais multilaterais” do
imperialismo. O fato é que governos reacionários como o do Canada já estão
exigindo a prisão dos militares iranianos em cárceres da ONU. Este elemento
poderá detonar uma profunda fissura no regime, alimentando ainda mais os “protestos
populares” contra os aiatolás. Diante da crise iraniana a Casa Branca
obviamente já passou a ofensiva em todos as frentes, no campo militar o
Pentágono anunciou que não pensa em retirar suas tropas do Iraque, após cogitar
a saída. Na arena política interna, a prisão e a rápida soltura do embaixador
da Inglaterra, Rob Macaire, que liderava atos de oposição na porta de uma
universidade em Teerã, mostra a fragilidade do regime, que tolera que um
representante oficial de um país estrangeiro se envolva em questões nacionais
iranianas. Setores da burguesia persa que apesar dos embargos mantém fortes
vínculos comerciais com o ocidente, também podem impulsionar um movimento mais
“agressivo” contra o regime nacionalista dos aiatolás. A dinâmica em uma
conjuntura que mistura ao mesmo tempo guerra, crise interna e bloqueio
econômico é totalmente imprevisível, somente os próximos dias revelarão o grau
e intensidade das rachaduras (políticas e militares) abertas com o
reconhecimento do “erro” iraniano que resultou na morte de 176 vidas a bordo do
Boeing. Porém independente de ter havido realmente o “erro” ou não, como
relatamos no artigo anterior do Blog da LBI, a inteira responsabilidade pelos
trágicos acontecimentos deve ser debitado na conta do belicismo imperialista
ianque e sua política de invasão e saque das nações oprimidas.