domingo, 12 de janeiro de 2020

CRISE NO IRÃ: MAIS UM REGIME BURGUÊS NACIONALISTA CAIRÁ DIANTE DA OFENSIVA IMPERIALISTA?


Mudança “da noite para o dia” no Irã: de uma situação de ofensiva contra o terrorismo imperialista para uma conjuntura de total defensiva diante da admissão por ter cometido “terrorismo involuntário”, este é o quadro político turbulento pelo qual atravessa o regime burguês nacionalista dos aiatolás na antiga Pérsia. Não demorará muito para que os protestos contra o “erro” da Guarda Revolucionária, que admitiu ser a responsável pela queda de um Boeing da aviação comercial ucraniana, se transformem em “revolta popular” exigindo a derrubada do atual regime fruto da revolução ocorrida em 1979. Um “script” anunciado e já visto em situações similares, seja no Oriente Médio ou mesmo em nossa América Latina. Não seria uma surpresa que já surjam informações vindas do Irã dando conta de divergências no alto comando militar da Guarda Revolucionária Islâmica, o bastião do regime dos aiatolás. O comandante da força aérea do Irã, Amir Ali Hajzadeh, afirmou neste sábado (11/01) que teria pedido aos generais do exército o “fechamento do espaço aéreo em torno de Teerã” logo após o ataque à base ianque de Al Asad no Iraque e que não foi atendido, gerando o erro do disparo do míssil em um Jato comercial. Por outro lado fontes de noticias da agência oficial Fars relatam que a decisão tomada pelo próprio Khamenei de anunciar o “erro” teria sido retardada em função de divergências internas no seio da Guarda Revolucionária Islâmica (GRI). Posteriormente a admissibilidade da “culpa” pelo abatimento do Boeing, Amir declarou que “gostaria de estar morto”. Por sua vez o presidente eleito do Irã, Hassan Rohani, que não pertence ao comando supremo dos aiatolás, a informou a mídia internacional que pretende “entregar” aos tribunais os militares que autorizaram o disparo do míssil que derrubou o Jato da Ukraine Airlines, não se sabe se Hassan se referia à justiça iraniana ou “tribunais multilaterais” do imperialismo. O fato é que governos reacionários como o do Canada já estão exigindo a prisão dos militares iranianos em cárceres da ONU. Este elemento poderá detonar uma profunda fissura no regime, alimentando ainda mais os “protestos populares” contra os aiatolás. Diante da crise iraniana a Casa Branca obviamente já passou a ofensiva em todos as frentes, no campo militar o Pentágono anunciou que não pensa em retirar suas tropas do Iraque, após cogitar a saída. Na arena política interna, a prisão e a rápida soltura do embaixador da Inglaterra, Rob Macaire, que liderava atos de oposição na porta de uma universidade em Teerã, mostra a fragilidade do regime, que tolera que um representante oficial de um país estrangeiro se envolva em questões nacionais iranianas. Setores da burguesia persa que apesar dos embargos mantém fortes vínculos comerciais com o ocidente, também podem impulsionar um movimento mais “agressivo” contra o regime nacionalista dos aiatolás. A dinâmica em uma conjuntura que mistura ao mesmo tempo guerra, crise interna e bloqueio econômico é totalmente imprevisível, somente os próximos dias revelarão o grau e intensidade das rachaduras (políticas e militares) abertas com o reconhecimento do “erro” iraniano que resultou na morte de 176 vidas a bordo do Boeing. Porém independente de ter havido realmente o “erro” ou não, como relatamos no artigo anterior do Blog da LBI, a inteira responsabilidade pelos trágicos acontecimentos deve ser debitado na conta do belicismo imperialista ianque e sua política de invasão e saque das nações oprimidas.