quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

POLÊMICA SOBRE AS “JORNADAS DE JUNHO” DE 2013: NÃO FOI A CIA QUEM A INICIOU COMO ACUSA LULA NEM A ANTEVÉSPERA DA “REVOLUÇÃO” COMO PREGAVA O PSTU... AUSÊNCIA DE UMA DIREÇÃO REVOLUCIONÁRIA E DA INTERVENÇÃO DO PROLETARIADO ACABOU POR JOGAR OS PROTESTOS NOS BRAÇOS DA REAÇÃO BURGUESA NEOFASCISTA


Bastou Lula atacar as “Jornadas de Junho de 2013” e os chamados “Black Blocs”, acusando-os de serem obra da CIA para desestabilizar o governo Dilma, que a Frente Popular e seus porta-vozes na blogosfera trataram de vociferar contra as organizações de esquerda (como a LBI) que participaram inicialmente dos protestos, acusando-nos de serem “aliados da direita” e “parteiros do golpe institucional” de 2016. A tática de Lula e do PT é encobrir suas próprias responsabilidades de terem eles mesmos, com sua política de colaboração de classes com direita e as oligarquias regionais (como Cabral, Renan Calheiros e Ciro Gomes), pavimentado a reação neofascista em curso no Brasil. A Frente Popular age com um “mágico”, com seu distracionismo busca enganar incautos vendando os olhos para a verdadeira realidade que pariu as “Jornadas de Junho” e os “Black Blocs”: a impotência do governo Dilma em atender as demandas populares abriu caminho para a Rede Globo pautar o movimento que acabou por ser dominado por uma plataforma programática de “moralização da política” facilmente manipulada pela direita. Este deslocamento ocorreu porque o fenômeno social das “Jornadas” nem de longe expressava um conteúdo revolucionário das camadas proletárias e mais oprimidas da população, ao contrário foram a manifestação de “indignação” da pequena burguesia com a precariedade dos serviços estatais. Neste processo multitudinal culparam o governo do PT por todas suas mazelas capitalistas e históricas, abrindo espaço para a entrada das forças neofascistas no movimento. O crescimento posterior desse espectro reacionário só confirmou nossa caracterização: estava em curso não um fenômeno eleitoral mais acima de tudo ideológico, com o fortalecimento de grupos fascistas e de extrema-direita para “combater o PT e sua ditadura comunista”, como vimos a partir de 2013, um processo que desembocou no governo do neofascista Bolsonaro! Naquele momento não fizemos apologia do movimento de “Junho” (como o PSTU-PSOL-PCB) e, muito menos, fechamos os olhos para uma realidade que exigiu dos Marxistas Revolucionários saber apontar onde nasce o Ovo da Serpente para não mensoprezar o seu perigo imediato e histórico! Ontem como hoje polemizamos tanto com a chamada “oposição de esquerda” a gerência estatal do PT que apresentava as “jornadas” como a antevéspera da revolução como também com a Frente Popular que apregoava que os protestos eram orquestrados somente pela direita e o PSDB, ou mesmo a CIA, como acusa agora Lula. Com a reeleição de Dilma o PT aprofundou seu compromisso com a agenda neoliberal não fazendo nenhuma concessão ou atendendo qualquer reivindicação das mobilizações de 2013. Foi cenário de “estelionato eleitoral” possibilitou o avanço da direita fascista e pavimentou a vitória do impeachment em 2016.

Para nós da LBI, o movimento das “ruas” só poderá significar um ascenso revolucionário quando de fato estiver “colado” à organização estrutural do proletariado e suas organizações de esquerda. Neste caso as “ruas” serão a legítima expressão política do movimento organizado nas fábricas, empresas e escolas. Como a própria luta de classes demonstrou, as “Jornadas de Junho” passaram bem longe da “revolução” e acabaram por “engordar” a direita. A ausência de uma direção classista nas jornadas abriu espaço para a direita reacionária e a Globo “pautar” as mobilizações, levando o movimento para um impasse político e arrefecimento da luta de massas. Alertamos que as heroicas lutas de resistência quase sempre ocorrem para defender o que está sendo atacado pela burguesia e desgraçadamente acabam sendo derrotadas pela ausência de uma direção revolucionária. Esta é a característica principal da atual etapa mundial da luta de classes (contrarrevolução em toda linha), aberta com a histórica derrota da classe operária soviética em 1990. Esta dinâmica internacional determinou os rumos do esvaziamento das “jornadas de junho” em nosso país, que não foram obra da CIA como acusam cinicamente Lula e o PT. Até mesmo o setor político mais radicalizado das “Jornadas”, os Black Blocs (BB), estiveram completamente à margem das justas reivindicações iniciais da “Jornada”, como o passe livre, por exemplo. Com ações isoladas do proletariado os BB permitiram facilmente a infiltração de destacamentos policiais e de agentes da repressão no movimento. A configuração política das “Jornadas”, que oscilaram entre o protagonismo das hordas fascistas e os Black Blocs, esteve bem longe de concentrar historicamente uma mobilização revolucionária ou sequer radicalmente democrática. A história política do país conhece muito bem o que é um genuíno movimento das massas, não está muito distante a campanha das “Diretas Já”, popularmente gerada a partir de um eixo democrático contra o regime militar. Milhões de pessoas saíram às ruas sob as bandeiras vermelhas da esquerda para lutar por liberdade política e quando as forças da reação acusaram a gigantesca mobilização de antipatriótica, foram cabalmente rechaçadas pelo movimento. Exatamente o inverso ocorreu nas “Jornadas de Junho”, quando as hordas conservadoras e antipartidárias hegemonizaram as “ruas” exigindo a expulsão das organizações de esquerda, obtiveram ampla aceitação e solidariedade da classe média e dos bandos neonazistas. Logo a principal reivindicação das “Jornadas” se transformou no “Fora o PT” (até então não tinham nenhum eixo central), recebendo apoio integral da mídia corporativa. Atualmente, longe da política do PT e Lula que agora pregam uma “Frente Ampla” com a burguesia para disputar as eleições de 2022 contra o neofascista Bolsonaro, defendemos que a alternativa a ser construída pacientemente pela vanguarda do proletariado não poderá ser a de uma mudança cosmética deste regime da democracia dos ricos. O “novo” só realmente surgirá a partir da ação revolucionária da classe operária, forjando na luta uma alternativa de poder que aponte a construção soviética da Ditadura do Proletariado. A demolição violenta deste staff burguês, conduzida por um partido Leninista, será a única esperança real para a libertação histórica e definitiva dos oprimidos por este sistema de acumulação do capital, que ameaça o conjunto da humanidade com a barbárie.