Um bombardeio norte-americano ontem à noite (02.01) em
Bagdá, no Iraque, matou Qassem Soleimani, General-chefe da Guarda
Revolucionária iraniana. O ataque ianque ocorreu quando o militar estava voltando da
visita às milícias iranianas que estão no Iraque. Teve como alvo o comboio de
veículos dentro do perímetro no Aeroporto Internacional de Bagdá e matou pelo
menos sete pessoas. Entre as vítimas, além de Qassem Soleimani está Abu Mahdi
al-Muhandis, chefe das Forças de Mobilização Popular do Iraque, milícia apoiada
pelo Irã que combate os grupos terroristas pró-ianques no país. O Pentágono informou que o bombardeio tinha a missão de matar o
general iraniano e foi uma ordem do presidente Donald Trump. O líder supremo do
Irã, o aiatolá Ali Khamenei e o presidente Hassan Rouhani anunciaram
que responderão ao ataque que matou Qassem Soleimani. Em comunicado divulgado
pela TV, o Aaitalá Ali Khamenei declarou que “Todos os inimigos devem saber que
a jihad de resistência continuará com uma motivação dobrada, e uma vitória
definitiva aguarda nossos”. Por sua vez Rouhani afirmou “O martírio de
Soleimani tornará o Irã mais decisivo para resistir ao expansionismo americano
e defender nossos valores islâmicos. Sem dúvida, o Irã e outros países que
buscam a liberdade na região se vingarão”. Como Marxistas Revolucionários
denunciamos o ataque militar do imperialismo ianque e defendemos que o regime
de Teerã deve responder energicamente a agressão que levou à morte um herói
nacional de seu povo. Defendemos mobilizar os trabalhadores do mundo árabe,
particularmente do Iraque, Irã e Síria, em rechaço ao bombardeio ianque.
Lembremos que sob liderança de Soleimani, o Irã reforçou o apoio ao Hezbollah
no Líbano, expandiu a presença militar do Irã no Iraque e na Síria e organizou
a ofensiva da Síria contra grupos terroristas rebeldes durante a guerra civil
patrocinada pela OTAN e a Casa Branca. Esse ataque demonstra que o objetivo
central do Pentágono continua sendo retomar o controle do Iraque,
desestabilizar a Síria para neutralizar o regime da oligarquia Assad, debilitar
o Hezbollah no Líbano, acabar com a resistência palestina e seguir sem maiores obstáculos em seu plano de atacar
Irã. O imperialismo ianque e Israel exigem a rendição completa do Irã,
perspectiva que sofre grande resistência interna, particularmente pelas massas
iranianas que viram a barbárie imposta à Líbia e a destruição em curso na
Síria. Frente a esta situação, defendemos integralmente o direito deste país
oprimido a possuir todo arsenal militar para responder a agressão ianque. Como
Marxistas Revolucionários não dissimulamos em um só momento o caráter burguês e
obscurantista do regime nacionalista do Irã. Sempre declaramos que os
revolucionários não são partidários do Regime dos Aitolás no Irã, embora
reconheçamos os avanços anti-imperialistas conquistados pelas massas em 1979.
Mas estes fatos em nada mudam a posição comunista diante da agressão
imperialista contra uma nação oprimida. Não nos omitimos em estabelecer uma
unidade de ação com o Regime dos Aiatolás, diante do ataque imperialista. Por
esta mesma razão, chamamos o proletariado persa a construir uma alternativa
revolucionária dos trabalhadores que possa combater consequentemente o
imperialismo. É bom lembrar que os Marxistas já estabeleceram uma frente única
com os aiatolás na derrubada do Xá Reza Pahlevi e seu regime pró-imperialista,
apesar de conhecermos o caráter de classe da direção religiosa muçulmana. A agressão
desferiada ontem, mesmo com todas as concessões feitas pelo regime dos Aiatolás
e o governo Rohani, embutem uma vingança contra a humilhação sofrida pelos EUA
na desastrosa tentativa de intervenção militar no Irã, ainda sob o governo
democrata de Jimmy Carter. Não temos nenhuma dúvida que o império pretende
somar para suas empresas transnacionais as reservas de petróleo do Irã às da
Líbia e do Iraque para, desta forma, deter a hegemonia absoluta do controle
energético do planeta. Somente idiotas úteis à Casa Branca podem ignorar estes
fatos e declarar “solidariedade” às ações militares da OTAN contra os “bárbaros
ditadores” que se recusam a aceitar a “democracia made in USA”. Os Marxistas
Revolucionários defendem integralmente o direito do Irã a possuir todo arsenal
militar atômico ao seu alcance para se defender do imperialismo e do sionismo.
Porém, compreendem que a tarefa de defender o Irã inclusive contra sua
burguesia nativa está, antes de tudo, nas mãos do proletariado mundial e das
massas árabes. Somente elas podem lutar consequentemente pela derrota do
imperialismo em todo o Oriente Médio, abrindo caminho para sepultar a
exploração capitalista interna que condena a miséria os explorados da região.