segunda-feira, 18 de julho de 2022

80 ANOS DA BATALHA DE STALINGRADO: PARA ALÉM DA “GRANDE GUERRA PATRIÓTICA”... UMA VITÓRIA MILITAR HISTÓRICA CONTRA AS TROPAS NAZISTAS EM DEFESA DAS CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO DE OUTUBRO!


A batalha de Stalingrado, iniciada há 80 anos às margens do rio Volga durou 200 dias (17 de julho de 1942 a 2 de fevereiro de 1943) decidiu os rumos da Segunda Guerra Mundial, marcando um ponto de virada favorável ao Exército Vermelho, já que, desde o início da operação Barbarossa, os soviéticos se encontravam na defensiva contra as estratégias da blitzkrieg utilizada pelos alemães nazistas. No início da ocupação, a Alemanha buscava uma invasão rápida da URSS para destruir o Estado Operário e, ao mesmo tempo, apropriar-se das riquezas naturais para alimentar sua indústria bélica. Os primeiros momentos da invasão da URSS foram positivos para os nazistas e indicavam que Hitler rapidamente alcançaria o controle do leste europeu. Contudo, a partir da batalha de Stalingrado, a resistência dos trabalhadores soviética mudou completamente o sentido da Segunda Guerra Mundial, ao impor uma grande derrota ao exército alemão e, logo em seguida, colocar de joelhos o regime nazista. 
Apesar dos “historiadores” a soldo do capital buscarem falsificar a história e para além da Grande Guerra Patriótica", a derrota do nazismo foi efetivamente uma vitória militar do Exército Vermelho fundado por Trotsky em defesa das conquistas da Revolução de Outubro. A batalha de Stalingrado foi um momento decisivo da Segunda Guerra Mundial. Foi a primeira derrota do Exército nazista, a que preparou sua derrota final. Além disso, foi o Exército Vermelho que esmagou o nazismo, enquanto os norte-americanos mediam forças com o Japão pelo controle do Pacífico e os ingleses se ocupavam prioritariamente em defender seu império colonial ameaçado. Mas esta vitória, que custou caro em vidas ao Exército Vermelho, foi obtida não graças a Stálin, mas apesar dele. A vitória soviética, como era de se esperar fortaleceu enormemente o stalinismo como principal direção política para o proletariado mundial, reduzindo a influência da IV Internacional a um pequeno círculo de propaganda, mas sem dúvida representou um golpe de morte no nazismo. Apesar das traições stalinistas, a onda revolucionária que se abriu no pós-guerra era uma evidência de que a heroica resistência do Estado operário soviético, ainda que burocratizado, foi um colossal estímulo para a luta de classes do proletariado mundial. Nos dias atuais, é fundamental resgatar o legado da vitória da resistência soviética sobre o nazismo, ainda que sob o comando de Stálin, para combater a atual ofensiva imperialista. Essa luta assume hoje na batalha contra o imperialismo que cada vez mais recorre à reação burguesa para impor seus interesses no planeta, como nas intervenções militares na Síria, provocações contra o Irã ou patrocinando os golpistas de extrema direita na Venezuela.


Desde 1937, Stálin fez de tudo para paralisar o Exército Vermelho. Em nome dos interesses de seu grupo de burocratas e de seu próprio poder, ele, entre 1937 e 1939, dizimou o alto comando do Exército Vermelho e o corpo de oficiais. Em 1939, a partir da assinatura do pacto germano-soviético, Stálin proibiu a propaganda antifascista, a ponto de bloquear a difusão na Alemanha de um panfleto antifascista do Partido Comunista Alemão, reforçando assim um pouco mais o regime de Hitler. Em 1º de dezembro de 1939, Stálin desencadeou a invasão da Finlândia por empurrar a fronteira da URSS cerca de 30 quilômetros para o norte. O Exército Vermelho, desorganizado pelos expurgos, privado de um comando experimentado, se paralisa longo tempo diante da forte linha Mannerheim (linha de defesa da Finlândia) e sofre duras perdas durante quatro meses. O Exército Vermelho perde então 126.875 homens, mortos, desaparecidos ou aprisionados, contra apenas 20 mil baixas do Exército finlandês. A URSS, revelando sua fraqueza militar, encoraja Hitler a atacar. Hitler tinha feito ataques esparsos à União Soviética algumas vezes, mas o comportamento do Exército Vermelho ajuda o nazista a convencer seu Estado Maior de que poderia atacar a URSS antes de pôr a Inglaterra de joelhos, em um momento em que a vitória parecia muito fácil… Eis porque, em dezembro, ele adota o plano Barbarossa de ataque à URSS. Mas Stálin não toma nenhuma medida para preparar a defesa da URSS. Ele espera persuadir Hitler com sua passividade e com a pontualidade pela qual atende todos os pedidos da Alemanha nazista de minerais diversos. O marechal Joukov assinala: “Até o início da agressão à União Soviética, a esperança de adiar a guerra nunca abandonou Stálin”. Sua incompreensão total da política e da psicologia de Hitler levou-o a proibir qualquer medida que o nazista pudesse ver como uma provocação. Stálin ignora todas as advertências que lhe vêm de toda parte – de seu agente no Japão, Sorge; do residente da NKVD (polícia política, depois KGB) em Kichinev, Goglidzé; e do adido soviético-ad junto em Berlim, Khlopov. Stálin não reage aos 324 casos de violação do espaço aéreo soviético pela Luftwaffe (força aérea alemã) entre 1º de janeiro e 22 de junho de 1941. Pior ainda, ele – que vê espiões por todos os lados, inclusive entre seus auxiliares próximos – autoriza grupos de especialistas alemães a entrar no território soviético para fazer levantamentos topográficos, sob o pretexto de encontrar túmulos de soldados alemães da Primeira Guerra Mundial. As violações do espaço aéreo e os levantamentos feitos no solo permitem aos alemães mapear os locais que vão bombardear impunemente em 22 de junho. Stálin declara então ao marechal Timochenko: “A Alemanha não combaterá jamais sozinha contra a Rússia”. Em 21 de junho, o chefe da NKVD, Beria, envia a Stálin duas notas. Sabendo que Stálin, julgando-se infalível, não suporta a menor crÍtica, denuncia um informante soviético “que mente, afirmando que Hitler concentrou 170 divisões contra nós sobre nossa fronteira ocidental”, e conclui: “Mas eu e meus homens, Iossif Vissarionovicht [Stálin], nos apegamos firmemente em vossa sagaz previsão: Hitler não nos atacará em 1941”. Assim que Stálin é informado, em 22 de junho de 1941, às 3 horas da manhã, que a Wermacht (Forças Armadas da Alemanha) havia entrado na URSS, ele se recusa durante horas a ordenar uma reação, e permite assim à aviação alemã destruir sem dificuldades cerca de mil aviões soviéticos em solo. Ele envia Molotov para verificar com o embaixador da Alemanha se seu país realmente declarou guerra à URSS antes de tomar a menor providência! O avanço relâmpago da Wehrmacht, em face do despreparo de Stálin, permite que os alemães capturarem centenas de milhares de soldados soviéticos pegos de surpresa. Stálin, recolhido em seu escritório no Kremlin, qualifica de traidores essas vítimas de sua irresponsabilidade. Centenas de milhares de outros soldados se desorientam e fogem. Numa estratégia “genial”, Stálin proíbe qualquer recuo em face da ataque em massa alemão. Em 29 de julho, Jukov, constatando que o Exército da frente sudoeste corre o risco de ser cercado pela Wehrmacht, propõe reagrupá-lo atrás do rio Dnieper e abandonar Kiev, a seu ver indefensável. Stálin o demite das funções de chefe do grande quartel-general do Exército Vermelho e exige de Khruschov que ele não recue de Kiev custe o que custar. Em 10 de setembro, os blindados alemães abrem uma cunha no Exército Vermelho e ameaçam Kiev. Stálin proíbe que se evacue a cidade. Resultado: meio milhão de soldados soviéticos é feito prisioneiro. E foi assim até a batalha de Stalingrado. Um relatório encaminhado a Beria pelo comissário da NKVD, Milstein, em outubro de 1941, informa que 657.364 desertores abandonaram suas unidades militares e foram capturados pelas seções especiais do NKVD, que fuzilaram 10.201. Quem é responsável por esta debandada, senão aquele que esperou a invasão para tomar alguma providência? Sem os erros catastróficos de Stálin, “o maior homem de todos os tempos e de todos os povos”, segundo a propaganda oficial, jamais as tropas alemães poderiam ter se aproximado da cidade. Em 1946, Jukov será acusado de haver declarado a alguns generais soviéticos: “Stálin era e ainda é um zé ninguém”. À sua incompetência militar se somava uma prática política que consistia em resolver os problemas somente pelo terror. Os aviões soviéticos voam mal? Ele fez fuzilar Rytchagov, o chefe da aviação soviética. No entanto, os aviões não passaram a voar melhor! Em 1942, Stálin mandou fuzilar 32 generais acusados de serem os culpados por todas as derrotas que suas decisões causaram, e assim por diante… Durante os cinco meses da batalha de Stalingrado, 13.500 soldados e oficiais acusados de covardia, deserção, recuo sem autorização e automutilação foram fuzilados pela NKVD.

A campanha militar de Hitler não havia sofrido um só revés até dezembro de 1941, quando fracassou a tentativa de conquistar Moscou. Porém, a batalha decisiva da Segunda Guerra só ocorreu no ano seguinte, na famosa Stalingrado. Em agosto os alemães fizeram a primeira investida contra a cidade com pesados bombardeios. Mas os combates que determinaram a derrota nazista ocorreram a partir de novembro. Em 30 de janeiro de 1943, no décimo aniversário de sua ascensão ao poder, Hitler, fazendo um solene pronunciamento pelo rádio, declarou: “Daqui a mil anos os alemães falarão sobre a Batalha de Stalingrado com reverência e respeito, e se lembrarão que a despeito de tudo, a vitória da Alemanha foi ali decidida”. Ocorreu justamente o contrário! Em 31 de janeiro de 1943, cercadas em Stalingrado desde o fim de novembro do ano anterior, as tropas alemãs se rendem ao Exército Vermelho. A aviação alemã já nem conseguia mais abastecer seus soldados imobilizados no lugar que chamavam de “caldeirão”. Hitler, em desespero, tentou evitar a capitulação de Paulus, elevando-o à patente de marechal do Reich. Em 28 de janeiro, o que restara de um grande exército dividiu-se em três pequenos bolsões. Na manhã do dia 30 (décimo aniversário da chegada dos nazistas ao poder), segundo uma testemunha ocular, o comandante sentou-se em seu leito de campanha, mergulhado em profunda depressão, e telegrafou de novo para Hitler: “Não se pode protelar o colapso final por mais 24 horas”. O final foi tétrico! Na manhã do dia 31, Paulus enviou sua última mensagem ao quartel-general em Berlim: “O 6º Exército, fiel ao seu juramento e ciente da grande importância de sua missão, manteve até o fim sua posição, até o último homem e o último cartucho, pelo Führer e pela Pátria”. O radiotelegrafista acrescentou, por conta própria: “Os russos encontram-se à porta de nosso abrigo. Estamos destruindo nosso equipamento. CL”. No código internacional telegráfico, a sigla CL significa: “esta estação não mais fará transmissões”. Um esquadrão de soldados soviéticos, comandados pelo General Chuikov, espreitou o porão escuro onde estava Paulus. O chefe do Estado-Maior, general Schmidt, o recebeu. Os soviéticos exigiram a rendição incondicional. Schmidt consultou Paulus, deitado em sua cama de campanha. A resposta foi o silêncio. Schmidt, sem hesitar, assinou a rendição que oficialmente ocorreu em 3 de fevereiro de 1943.