sexta-feira, 22 de julho de 2022

A FARSA DA PANDEMIA COVID: A CRISE DO SISTEMA CAPITALISTA DISFARÇADA DE “EMERGÊNCIA SANITÁRIA”

O modo de produção capitalista precisa continuar se expandindo ou criando novos mercados para potencializar a acumulação de capital para compensar a tendência histórica e estrutural da queda da taxa geral de lucro. O capitalista precisa acumular capital (riqueza) para poder reinvesti-lo e obter mais lucros. Ao pressionar para baixo a produção (lockdown) e os salários dos trabalhadores, o rentista financeiro que hoje é o capitalista majoritário extrai mais-valia suficiente para poder investir nos mercados parasitários do título bursátil que mais lhe auferir rendimentos.

Mas quando o capitalista não pode reinvestir o suficiente (devido à diminuição da demanda por commodities, falta de oportunidades de investimento e mercados, etc.), a riqueza (capital) se acumula em excesso, é desvalorizada e o sistema entra em crise. Para evitar crises, o capitalismo requer crescimento constante, mercados e demanda suficiente. De acordo com o economista Ted Reese, a taxa de lucro capitalista caiu de cerca de 43% na década de 1970 para cerca de 17% na década de 2000. Embora os salários e os impostos corporativos tenham sido reduzidos, a exploração do trabalho foi cada vez mais insuficiente para atender às demandas de acumulação de capital.

No final de 2019,  um ano antes da pandemia, muitas empresas não conseguiram gerar lucro suficiente. O volume de negócios em queda, fluxos de caixa limitados e balanços altamente alavancados prevaleceram. O crescimento econômico estava enfraquecendo no período que antecedeu o enorme colapso do mercado de ações em fevereiro de 2020, que viu trilhões a mais injetados no sistema sob o pretexto de “alívio Covid”.

Para evitar o colapso até aquele momento, várias táticas foram empregadas pelo Fórum de Davos, uma espécie de “quartel general” do rentismo. Os mercados de crédito se expandiram e a dívida pessoal aumentou para acompanhar a demanda do consumidor à medida que os salários dos trabalhadores se contraíam.  A desregulamentação financeira se seguiu e o capital especulativo foi autorizado a explorar novas áreas e oportunidades de investimento, principalmente o da dívida pública dos Estados nacionais. Ao mesmo tempo, recompras de ações, economia da emergência sanitária, flexibilização trabalhista quantitativa, resgates e subsídios maciços para as corporações, além da disseminação do militarismo ajudaram a sustentar o crescimento econômico temporalmente, evitando um colapso capitalista semelhante ao que ocorreu em 2008.

Houve também uma forte ascensão da governança global do capital financeiro com uma estratégia que viu sistemas de produção nativos deslocados por corporações globais, principalmente no setor farmacêutico e Estados pressionados a se retirarem de áreas de atividade econômica, deixando atores transnacionais para ocupar o espaço deixado em aberto.

Embora essas estratégias do Fórum de Davos  produzissem bolhas especulativas e levassem a ativos supervalorizados e aumentassem as dívidas pessoais e governamentais, elas ajudaram a continuar a garantir ganhos viáveis ​​e retornos de investimentos da Big Pharma e Big Tech, já planejados anteriormente para uma política de “Isolado Social”.

Mas ainda 2019, o ex-presidente do Banco da Inglaterra, Mervyn King, alertou que o mundo estava caminhando como sonâmbulo para uma nova crise econômica e financeira que teria consequências devastadoras. O rentista argumentou que a economia mundial caiu na armadilha do baixo crescimento e que a recuperação da crise de 2008 foi mais fraca do que a da “Grande Depressão”.

King concluiu que era hora de o Federal Reserve e outros bancos centrais iniciarem conversas a portas fechadas com os políticos e autoridades neoliberais. Foi exatamente isso que aconteceu quando os principais “players”, incluindo a BlackRock, o fundo de hedge mais poderoso do mundo, se uniram para traçar estratégias para o futuro. Isso tudo “coincidentemente” ocorreu no período pré-Covid.

Além de aprofundar a dependência dos países mais periféricos do capital imperialista, a pandemia permitiu que os bloqueios e a suspensão global das transações econômicas levassem o Federal Reserve dos EUA a inundar  os mercados corporativos em dificuldades (sob o disfarce de Covid) com dinheiro recém-impresso enquanto fechava a economia real. Para evitar hiperinflação os bloqueios suspenderam momentaneamente as transações comerciais, drenando a demanda por crédito e interrompendo o consumo.

A Pandemia forneceu cobertura para um resgate de vários bilhões de dólares para a economia capitalista que estava em crise antes do Covid. Apesar de uma década ou mais de “flexibilização quantitativa”, esse novo resgate veio na forma de trilhões de dólares injetados nos mercados financeiros pelo Federal Reserve dos EUA (nos meses que antecederam março de 2020) e o subsequente “alívio Covid”.

O FMI, o Banco Mundial e o Fórum de Davos, com a cobertura dos líderes burgueses mundiais, sabiam muito bem qual seria o impacto sobre os trabalhadores e o povo pobre do mundo acerca do “desligamento” da economia mundial por meio de bloqueios relacionados ao coronavírus. No entanto, os rentistas financeiros “sancionaram” a pandemia e agora existe a possibilidade de que mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo caiam em níveis extremos de pobreza somente em 2022.

Em abril de 2020, o Wall Street Journal afirmou que o FMI e o Banco Mundial enfrentaram uma enxurrada de pedidos de ajuda de dezenas de países mais pobres em busca de resgates e empréstimos de instituições financeiras com US$ 1,2 trilhão para emprestar. Além de ajudar a reiniciar o sistema financeiro, o desligamento da economia capitalista global aprofundou deliberadamente a dependência dos países mais atrasados em relação aos interesses dos conglomerados financeiros internacionais.

Os bloqueios econômicos também ajudaram a acelerar a reestruturação do capitalismo que envolve empresas menores sendo expulsas do mercado ou compradas por monopólios e cadeias globais, garantindo assim lucros viáveis ​​contínuos para Big Tech, gigantes de pagamentos digitais e corporações globais online como Meta e Amazon e a erradicação de milhões de empregos.

Embora os efeitos do conflito na Ucrânia não possam ser descartados, agora que a economia global está aberta novamente, a inflação está aumentando e causando uma crise de “custo de vida”. Com uma economia endividada, há espaço limitado para aumentar as taxas de juros para controlar a inflação.

Mas agora esta crise capitalista é inevitável, a inflação atual não é apenas induzida pela liquidez injetada no sistema financeiro, também é alimentada pela especulação nos mercados de commodities alimentares e pela ganância corporativa, pois a energia e os alimentos continuam a acumular enormes lucros às custas das pessoas que possuem renda ordinária. Por outro lado a Big Pharma com suas doses “eternas” de vacinas, e a produção de novas epidemias(terrorismo sanitário), como a da varíola que recém se inicia, continua sendo o grande lastro fiador da frágil estabilização econômica do capitalismo nesta convulsionada etapa histórica.