terça-feira, 5 de julho de 2022

"DEUS MERCADO" COMEMORA... PETRO INDICA UM NEOLIBERAL COMO MINISTRO DAS FINANÇAS REAFIRMANDO SEU COMPROMISSO COM O GRANDE CAPITAL

O social-democrata Gustavo Petro indicou o neoliberal José Antonio Ocampo como novo ministro da Fazenda da Colômbia, cumprindo o acordo de fazer um governo voltado para atender os interesses do grande capital. Ocampo já foi ministro da Fazenda, durante o governo do liberal Ernesto Samper, em meados da década de 1990, em meio a uma das piores crises políticas do país. Em 2012 chegou à lista final para liderar o Banco Mundial tamanho seu compromisso com a ordem burguesa. Se Petro queria dar um sinal claro de submissão ao "Deus Mercado" Ocampo foi sua melhor aposta.

Assim como Petro e o presidente chileno Gabriel Boric, José Antonio Ocampo alinha-se com uma visão do Fórum de Davos que a economia capitalista deve ser mais ambientalmente responsável e menos dependente de hidrocarbonetos, o tal "capitalismo verde". 

O setor empresarial comemorou a decisão de colocar Ocampo no comando do ministro das Finanças. "Ele é uma pessoa séria, uma pessoa que inspira confiança", disse o presidente da Associação Nacional de Empresários Colombianos, ou Andi, Bruce Mac Master. "A nomeação de José Antonio Ocampo dá confiança no caráter técnico e ponderado da política macroeconômica do governo", disse Hernando José Gómez, presidente da Asobancaria, sindicato que reúne o setor financeiro. 

Assim como fez o chileno Gabriel Boric ao nomear o renomado economista Mario Marcel, Petro encontrou em Ocampo a carta para reafirmar seus compromisso com os empresários. Isso lhe rendeu a valorização do peso colombiano, depois que a moeda norte-americana quase atingiu um preço recorde após as eleições.

A mídia colombiana define Ocampo como um "liberal progressista" e destaca que ele tem um grande diálogo com o mundo dos negócios. Em outras palavras, ele é um homem do coração do capitalismo colombiano. Ele é um homem de confiança do imperialismo, especialmente dos Estados Unidos, que temiam a aproximação de Petro à Venezuela.

Segundo especialistas, o primeiro grande desafio de Ocampo será a reforma tributária, com a qual buscará arrecadar 50 bilhões de pesos. A última tentativa de reforma tributária anunciada por Duque acabou provocando uma rebelião popular no ano passado. As contas públicas estão no vermelho. A dívida privada atinge 724 bilhões de pesos colombianos e equivale a 61,5% do PIB colombiano.

Além disso, Ocampo anunciou que a reforma tributária sairá do braço de "um ajuste fiscal de cerca de três pontos do PIB". Em um país onde o desemprego gira em torno de 11%, a informalidade 45% e a pobreza atinge 39%, um ajuste dessas proporções seria brutal. A contrapartida será um "programa social ambicioso" do qual ele não especificou uma única vírgula. A inflação continua a reduzir os salários reais, enquanto a burocracia sindical ainda está faltando.

A reforma agrária, questão central e histórica na Colômbia, foi apagada de todos os portais, exceto por uma vaga menção sobre "incorporar claramente o compromisso do Acordo de Paz de redistribuir três milhões de hectares", sem dizer quando ou como o governo pretende estabelecê-la. 

Enquanto isso, gangues paramilitares continuam operando. A Colômbia detém o recorde mundial de refugiados internos e dos assasinatos de ativistas e militantes sindicais.

Este é o roteiro do governo Petro. O "Capitalismo Progressivo" mostra, mais uma vez, seus limites intransponíveis e sua submissão à pátria financeira. É incapaz de resolver suas próprias contradições e jogará mais uma vez o ônus da crise capitalistas nas costas dos trabalhadores.