"Ajuste" de Levy foi quem mais convocou para encher as
ruas neste domingo 15
Não se pode "tapar o sol com a peneira", por mais
que a mídia corporativa tenha exagerado em suas estimativas de público, os atos
contra o governo Dilma deste domingo 15 galvanizaram setores sociais mais
amplos do que a tradicional e reacionária classe média que ensaiaram o
"panelaço gourmet" do último domingo. Embora o escopo central das
manifestações pelo impeachment continue sendo ultrarreacionário, englobando
segmentos fascistas que pedem o retorno do regime militar, não se pode negar
que o duro "ajuste" fiscal da equipe econômica palaciana empurrou uma
faixa de trabalhadores atingidos diretamente pelo "tarifaço Dilmista"
a engrossar os protestos. O grande número de afluência na Av. Paulista, cerca
de um milhão de pessoas, reflete esta "fusão" de elementos políticos,
ou seja, um numeroso núcleo da classe média raivosa contra o PT e simpática
ideologicamente a tucanalha somada a um setor mais popular relativamente
disperso que começa a enxergar na saída de Dilma uma "trégua" nos
ataques a seus direitos sociais. Ainda é cedo para abstrair um balanço político
mais preciso sobre o impacto destas mobilizações na perspectiva da
governabilidade da Frente Popular. Porém um questão já está cristalina, se
Dilma seguir o caminho da ofensiva neoliberal contra as massas, comandada pelo
seu timoneiro Levy, as manifestações pelo impeachment tendem a se avolumar
numérica e socialmente inviabilizando o término de sua gestão estatal. A
oposição conservadora recebeu o "recado" das ruas e agora deve
assumir claramente uma posição mais agressiva pelo impedimento da presidenta.
Neste cenário de profunda instabilidade do regime, apesar do governo contar
hoje com uma folgada maioria no Congresso Nacional tudo pode acontecer,
inclusive uma inesperada renúncia unilateral de Dilma. Resta aguardar o próximo
passo da cúpula do PT e da anturragem dilmista, se marchará em linha reta para
seu próprio cadafalso ou tentará reverter minimamente o delicado quadro da
conjuntura nacional adotando medidas elementares em favor do povo brasileiro. Com
a palavra o governo...
Mas ao que tudo aponta a trilha programática do governo
Dilma já está muito bem delineada com o norte voltado para Washington. Em meio
ao cerco político o Itamaraty acaba de anunciar um encontro entre Dilma e
Obama, sinalizando o restabelecimento pleno das relações diplomáticas e
comercias entre Brasil e os EUA, "arranhadas" com o escândalo das
escutas da CIA no Planalto e os acordos econômicos celebrados com os BRICS. Com
o "cardápio" imposto pelos barões do capital financeiro de Wall
Street será impossível para o governo Dilma reagrupar forças para reagir as
mobilizações da direita e congêneres que começam a atrair a simpatia popular.
A corja de Levy continua intocável e chega mesmo a ameaçar o
corrupto Congresso Nacional com sua renúncia caso o parlamento não avance ainda
mais no "ajuste" neoliberal. É muito provável até que estes ratos
pulem fora do barco quando pressentirem o naufrágio completo do governo Dilma,
mas ai será mesmo o "sinal" definitivo do "default"
político da Frente Popular. É bem verdade que existe ainda muita coisa a ser
feita por estes patifes do "sacrossanto" mercado ... como a
destruição da Petrobras e a entrega substancial das reservas cambias para os
piratas rentistas.
O tempo político do governo Dilma está se esgotando
rapidamente, os atos de hoje aceleraram muito este fator, que mesmo contando
com a ajuda criminosa da mídia "murdochiana" e com as "catracas
livres" do Opus Dei Alckmin não podem ser ignorados. A dinâmica dos
protestos a partir de hoje estará homogeneizada sob a "bandeira" do
impeachment. A tucanalha saliva com a renúncia de Dilma, embora sua tática do
"sangramento" deverá prosseguir até que se complete as linhas
fundamentais do "ajuste". O movimento de massas deve dar uma resposta
imediata a esta situação que pode desembocar com ataques mais profundos as
conquistas históricas do proletariado. É necessário organizar imediatamente um
dia nacional de paralisação, focado na luta por direitos sociais e contra o
"ajuste" neoliberal.