sábado, 14 de março de 2015


Em atos de apoio ao governo, CUT defende "unidade nacional para o Brasil"

Apesar do grande esforço para disfarçar politicamente o caráter governista das mobilizações do dia 13, inclusive com o "apagão" nacional dos dirigentes do PT nestes atos, os protagonistas da CUT e CTB não pouparam esforços para a intransigente defesa do mandato neoliberal da presidente Dilma. Nas palavras do próprio presidente da CUT, Vagner Freitas, presente na maior manifestação de todo país (SP): "Agora precisamos de uma unidade nacional para o Brasil ter crescimento. E uma política econômica voltada para o crescimento". Restaria perguntar a Vagner, "unidade nacional" com os rentistas para aplicar o programa neomonetarista de "ajuste" conduzido por Levy? Pelo menos a CTB/ PCdoB procurou ser mais "honesta" em seus objetivos para a mobilização oficialista: "A defesa da presidenta Dilma foi muito expressiva. O PCdoB sempre mostrou que estamos diante de uma grande ameaça golpista, por isso, devemos defender a democracia e o mandato de Dilma Rousseff" (Renato Rabelo, 13/03). Por sua vez coube ao MST, que confluiu massivamente com sua militância nos atos de ontem, uma posição "centrista" de tangenciar o debate central: "Temos que defender a reforma política, alterar o financiamento privado de campanha e a representatividade do Congresso”, defendeu Gilmar Mauro. Será que a direção do MST não está "informada" que já está em marcha no Congresso Nacional uma reforma política ultraconservadora e que restringirá ainda mais as liberdades democráticas. Um balanço político minimamente rigoroso deste 13 de março aponta na direção de um sentimento latente da classe trabalhadora em rechaçar um possível retorno da tucanalha privateira ao Planalto, porém está muito distante de se mobilizar massivamente em apoio a um governo que promove os mais duros ataques as conquistas sociais. Este elemento explica a ausência de setores populares e do proletariado de base nesta mobilização, mais além da grande presença da burocracia sindical "liberada". Particularmente em São Paulo a unificação do ato com a assembleia geral dos professores estaduais imprimiu um outro caráter a marcha, apesar da "manobra" cutista ser efêmera e oportunista para logo após resguardar o governo Alckmim. Como já defendemos por várias vezes anteriormente na imprensa partidária da LBI, a tarefa que se coloca no momento é a necessidade da organização de um verdadeiro dia nacional de paralisação rumo a Greve Geral contra o covarde ajuste neoliberal do governo Dilma. Em tempos onde a esquerda revisionista procura confundir o justo combate de classe contra a direita pró-imperialista com a legitimação política do mandato de um governo burguês de Frente Popular, não é demais reafirmar a correta posição histórica de oposição operária e revolucionária aos ciclos de governos petistas, meros gerentes da crise estrutural do modo de produção capitalista.

A CUT concentrou todos seus esforços na atividade da Av. Paulista, deixando o ato realizado no Rio, sede da Petrobras, com a mesma e pequena média nacional de participação: algo em torno de 2 a 3 mil pessoas. É evidente que não se trata de uma questão "regional", embora em São Paulo a concentração foi marcada em frente do escritório da estatal, o eixo das falações cutistas esteve centrado na defesa da integridade institucional do mandato da presidenta com o slogan despolitizado: " as eleições já acabaram". Quanto ao abraço simbólico da Petrobras no centro do Rio, que deveria ser a atividade política mais importante desta jornada do 13, foi solenemente ignorado pelas "estrelas" nacionais do PT e da CUT.

O enfático retorno da apologia de colaboração de classes por parte da CUT é reflexo direto da crise atual produto do esgotamento do "milagre" petista, ou seja uma gerência estatal lastreada no farto crédito e no amplo consumo mercantil dos setores populares. Agora a burocracia cutista "apela" para a burguesia nacional salvar o modelo de gestão da colaboração de classes, onde "todos ganham". O "detalhe" é que a aguda crise capitalista mundial não é mais capaz de lastrear a "farra" brasileira. Nesta conjuntura sai de cena o roteiro "todos ganham" para entrar "só os trabalhadores perdem!". Não adianta tentar "convencer" a burguesia de que ela foi beneficiada com grande acúmulo de capital nas gerências do PT, para as classes dominantes o momento é de "ajustar" as contas do Estado nas costas do proletariado.

Como a gordura das reservas cambiais do país estão sendo queimadas com a alta do Dólar, sob a conivência criminosa da turma do Levy e Tombini, as perspectivas são bastantes sombrias para a retomada de qualquer "surto" de crescimento econômico no médio ou curto prazo. O "último bastião" econômico do governo Dilma (cerca de 400 bilhões de Dólares) está sendo literalmente doado aos rentistas internacionais com o ataque especulativo que a moeda brasileira vem sofrendo. Este elemento vital é que pode ser considerado o verdadeiro sangramento do governo Dilma, "manipulado" pela sua própria equipe econômica. Para o movimento de massas seria um suicídio político em pleno pico da crise social "convocar os sentimentos de solidariedade" dos grandes capitalistas, como fez a CUT e CTB neste dia 13 de março. A construção de uma alternativa revolucionária do proletariado neste momento passa bem longe da "unidade nacional" tanto alardeada pela burocracia sindical da Frente Popular.