Em atos de apoio ao governo, CUT defende "unidade
nacional para o Brasil"
Apesar do grande esforço para disfarçar politicamente o
caráter governista das mobilizações do dia 13, inclusive com o "apagão"
nacional dos dirigentes do PT nestes atos, os protagonistas da CUT e CTB não
pouparam esforços para a intransigente defesa do mandato neoliberal da
presidente Dilma. Nas palavras do próprio presidente da CUT, Vagner Freitas,
presente na maior manifestação de todo país (SP): "Agora precisamos de uma
unidade nacional para o Brasil ter crescimento. E uma política econômica
voltada para o crescimento". Restaria perguntar a Vagner, "unidade
nacional" com os rentistas para aplicar o programa neomonetarista de
"ajuste" conduzido por Levy? Pelo menos a CTB/ PCdoB procurou ser
mais "honesta" em seus objetivos para a mobilização oficialista:
"A defesa da presidenta Dilma foi muito expressiva. O PCdoB sempre mostrou
que estamos diante de uma grande ameaça golpista, por isso, devemos defender a
democracia e o mandato de Dilma Rousseff" (Renato Rabelo, 13/03). Por sua
vez coube ao MST, que confluiu massivamente com sua militância nos atos de
ontem, uma posição "centrista" de tangenciar o debate central: "Temos
que defender a reforma política, alterar o financiamento privado de campanha e
a representatividade do Congresso”, defendeu Gilmar Mauro. Será que a direção
do MST não está "informada" que já está em marcha no Congresso
Nacional uma reforma política ultraconservadora e que restringirá ainda mais as
liberdades democráticas. Um balanço político minimamente rigoroso deste 13 de
março aponta na direção de um sentimento latente da classe trabalhadora em
rechaçar um possível retorno da tucanalha privateira ao Planalto, porém está
muito distante de se mobilizar massivamente em apoio a um governo que promove
os mais duros ataques as conquistas sociais. Este elemento explica a ausência
de setores populares e do proletariado de base nesta mobilização, mais além da
grande presença da burocracia sindical "liberada". Particularmente em
São Paulo a unificação do ato com a assembleia geral dos professores estaduais
imprimiu um outro caráter a marcha, apesar da "manobra" cutista ser
efêmera e oportunista para logo após resguardar o governo Alckmim. Como já
defendemos por várias vezes anteriormente na imprensa partidária da LBI, a
tarefa que se coloca no momento é a necessidade da organização de um verdadeiro
dia nacional de paralisação rumo a Greve Geral contra o covarde ajuste
neoliberal do governo Dilma. Em tempos onde a esquerda revisionista procura
confundir o justo combate de classe contra a direita pró-imperialista com a
legitimação política do mandato de um governo burguês de Frente Popular, não é
demais reafirmar a correta posição histórica de oposição operária e
revolucionária aos ciclos de governos petistas, meros gerentes da crise
estrutural do modo de produção capitalista.
A CUT concentrou todos seus esforços na atividade da Av.
Paulista, deixando o ato realizado no Rio, sede da Petrobras, com a mesma e
pequena média nacional de participação: algo em torno de 2 a 3 mil pessoas. É
evidente que não se trata de uma questão "regional", embora em São
Paulo a concentração foi marcada em frente do escritório da estatal, o eixo das
falações cutistas esteve centrado na defesa da integridade institucional do
mandato da presidenta com o slogan despolitizado: " as eleições já
acabaram". Quanto ao abraço simbólico da Petrobras no centro do Rio, que
deveria ser a atividade política mais importante desta jornada do 13, foi
solenemente ignorado pelas "estrelas" nacionais do PT e da CUT.
O enfático retorno da apologia de colaboração de classes por
parte da CUT é reflexo direto da crise atual produto do esgotamento do
"milagre" petista, ou seja uma gerência estatal lastreada no farto
crédito e no amplo consumo mercantil dos setores populares. Agora a burocracia
cutista "apela" para a burguesia nacional salvar o modelo de gestão
da colaboração de classes, onde "todos ganham". O "detalhe"
é que a aguda crise capitalista mundial não é mais capaz de lastrear a "farra"
brasileira. Nesta conjuntura sai de cena o roteiro "todos ganham"
para entrar "só os trabalhadores perdem!". Não adianta tentar "convencer"
a burguesia de que ela foi beneficiada com grande acúmulo de capital nas
gerências do PT, para as classes dominantes o momento é de "ajustar"
as contas do Estado nas costas do proletariado.
Como a gordura das reservas cambiais do país estão sendo
queimadas com a alta do Dólar, sob a conivência criminosa da turma do Levy e
Tombini, as perspectivas são bastantes sombrias para a retomada de qualquer
"surto" de crescimento econômico no médio ou curto prazo. O
"último bastião" econômico do governo Dilma (cerca de 400 bilhões de
Dólares) está sendo literalmente doado aos rentistas internacionais com o
ataque especulativo que a moeda brasileira vem sofrendo. Este elemento vital é
que pode ser considerado o verdadeiro sangramento do governo Dilma,
"manipulado" pela sua própria equipe econômica. Para o movimento de
massas seria um suicídio político em pleno pico da crise social "convocar
os sentimentos de solidariedade" dos grandes capitalistas, como fez a CUT
e CTB neste dia 13 de março. A construção de uma alternativa revolucionária do
proletariado neste momento passa bem longe da "unidade nacional"
tanto alardeada pela burocracia sindical da Frente Popular.