sábado, 7 de março de 2015


Ataque ao embaixador dos EUA em Seul: “Castigo” espontâneo da população à provocação militar do imperialismo ianque contra a Coreia do Norte! Pelo direito de autodefesa do Estado operário!

Em meio aos provocativos exercícios militares dos EUA com a Coreia do Sul como parte de uma clara ameaça ao Estado Operário norte-coreano (RPDC), o embaixador ianque Mark Lippert foi atacado em Seul pelo ativista Kim Ki-Jong, contrário a ação bélica conjunta. Ele declarou quando era preso que os exercícios militares entre os dois países desenvolvidos anualmente impedem a reaproximação com a Coreia do Norte. Os “treinamentos” duram oito semanas envolvendo ações aéreas, navais e em terra, com cerca de 200 mil soldados sul-coreanos e 3.700 norte-americanos, sempre ensaiando uma invasão. Frente ao ocorrido o governo norte-coreano corretamente declarou que o ataque com uma faca ao diplomata ianque foi um castigo espontâneo pela atitude hostil dos EUA a RPDC: “Castigo justo para os belicistas dos Estados Unidos”, disse a agência oficial da Coreia do Norte, KCNA, no título de um breve texto, no qual o ataque contra Lippert é chamado de “expressão de resistência”. Como reação a movimentação ianque na península propriamente dita, a Coreia do Norte disparou dois mísseis de curto alcance no Mar do Leste. Para completar o quadro de tensão, o chefe de Estado-Maior e General das forças armadas russas, Valery Gerasimov, acaba de anunciar que Moscou vai realizar este ano manobras militares conjuntas com a Coreia do Norte, com exercícios navais Rússia-China no Mar Mediterrâneo e também no Oceano Pacífico. O dirigente máximo, Kim Jong-un, visita a Rússia em maio para acertar uma série de acordos, o que revela o objetivo de ambos países de se oporem a investida neocolonialista dos EUA na região. A LBI reivindica a defesa incondicional da RPDC contra as provocações imperialistas e se posta pelo direito de autodefesa do Estado operário. Também nos colocamos contra a prisão do ativista Kim Ki-Jong, como dizia Trotsky “toda nossa simpatia estão com os sacrificados vingadores” apesar de nossa discordância com o método utilizado por ele. Consideramos que o verdadeiro responsável pelas tensões na região é o imperialismo ianque, gerando o justo ódio popular contra seus atos provocativos e ele deve pagar por isso. Como genuínos revolucionários jamais nos somamos à sórdida e criminosa campanha da Casa Branca que sataniza o regime político da Coreia do Norte para debilitar o Estado operário. Ao contrário, defendemos incondicionalmente suas conquistas sociais revolucionárias e reivindicamos o legítimo direito de defesa da Coreia do Norte, inclusive utilizando seu arsenal bélico nuclear, para responder às provocações imperialistas. Para tanto, é preciso o proletariado norte-coreano se opor ao processo de restauração capitalista, seja pelas mãos da China ou dos EUA, pela via de uma revolução política para colocar à frente do Estado operário um autêntico partido comunista como alternativa proletária à empedernida burocracia stalinista!

Nos últimos quinze anos a tensão entre as duas Coreias tem se elevado bastante, principalmente após o governo Bush incluir o Estado operário norte-coreano como um país “terrorista e membro do eixo do mal”. A imprensa pró-imperialista faz todo um alarde acerca dos testes nucleares promovidos pela Coreia do Norte, afirmando serem uma “ameaça à humanidade”. Oculta, criminosamente, que só na Coreia do Sul, um enclave criado e militarizado pelos EUA, há um contingente militar acima de 40 mil soldados, mais de mil ogivas nucleares apontadas para o Norte. Como explicar que a Coreia do Norte não pode lançar um satélite ou inclusive testar um míssil de longo alcance, se quem a condena, os EUA, têm 439 satélites em órbita, sendo 98 deles para uso especificamente militar? O desenvolvimento dos programas de energia nuclear e comunicação na Coreia do Norte é uma necessidade de obtenção de uma alternativa de fonte energética e de monitoramento climático-militar diante do brutal bloqueio a que o país está submetido, tecnologia fundamental para possibilitar que Estado possa desenvolver projetos nesse setor com condições de enfrentar os períodos de adversidade climática, marcado também por secas e inundações. Nesse sentido, esta estrutura de energia atômica legitimamente desenvolvida também pode e deve ser utilizada pelo Estado operário norte-coreano para se defender das ameaças do imperialismo norte-americano através de seu enclave, a Coreia do Sul e o Japão, onde os EUA mantém bases militares desde o final da Segunda Guerra Mundial.

A República Democrática e Popular da Coreia (norte) foi fundada em 1948 após a derrota militar do Japão (país que ocupava o território coreano desde 1910) na Segunda Guerra Mundial. Seguindo a política do Stalinismo de dividir o mundo em zonas de influência, a península coreana foi dividida entre o “norte socialista” e o Sul capitalista. Em 1950, guerrilheiros norte-coreanos iniciam uma ofensiva militar para reunificar o país, uma guerra é deflagrada e mais uma vez a URSS intervém para conter a iniciativa popular coreana, costurando um acordo internacional com os EUA de reconhecimento “definitivo” das duas Coreias em 1953. Com o crescimento da influência política e militar da China no final dos anos 60, a Coreia Popular passa a intensificar suas relações econômicas com a república mandarim, o que persistia até os dias de hoje, mas sob uma intensa pressão da burocracia chinesa para que os coreanos sigam o mesmo caminho restauracionista dos ex-Maoistas convertidos agora a “gerentes capitalistas”. É exatamente esta a questão central que explica o aumento da “temperatura” na região, abrindo a possibilidade concreta de uma guerra nuclear, entre um Estado operário ultradeformado e uma nação imperialista e seu gendarme sulista.

As ameaças do jovem e inexperiente Kim Jong (neto do fundador da República popular Kim Il Sung) sobre um ataque à costa americana do Pacífico carecem de fundamento bélico, os mísseis balísticos norte-coreanos não possuem esta capacidade tecnológica, mas podem atingir facilmente o enclave do Sul e muito provavelmente o Japão, outro protetorado militar ianque. Um conflito destas proporções obrigaria os EUA a deslocar um enorme contingente de forças para a região, levando a China para uma posição de completo “desconforto” em seu próprio “quintal”. Com um leque de opções nada atraente para a burocracia restauracionista chinesa, em caso de uma guerra, Pyongyang continua a receber a “contragosto” ajuda econômica de Pequim “alimentando” assim as relações socializadas de produção (planificação central em oposição ao “livre” mercado do Sul) da Coreia Popular que ainda se mantém como um Estado operário, produto histórico da revolução popular que derrotou a ocupação do imperialismo japonês em seu território.

Como marxistas revolucionários, não podemos assumir diante da iminência de uma guerra de proporções nucleares a “posição de avestruz” da maioria das correntes revisionistas, por isto declaramos em “alto e bom som” nosso apoio incondicional a Coreia Popular, apesar da infame burocracia dinástica que a governa. Devemos mobilizar amplos setores do proletariado e da juventude para repudiar as provocações militares do império ianque contra a Coreia e apontar o governo Obama como o único responsável em caso de guerra. Não devemos nutrir a menor confiança política na capacidade de resistência da burocracia stalinista coreana, pronta para capitular a qualquer momento em troca de sua própria sobrevivência enquanto uma casta social privilegiada. A tarefa que se impõe no momento é o chamado ao conjunto do proletariado asiático que se unifique na bandeira da derrota do imperialismo ianque e seus protetorados militares da região, em particular convocando a classe operária do Sul para cerrar fileiras na luta pela reunificação socialista do país. Para os marxistas leninistas a tarefa da unificação socialista da Coreia se mantém tão vigente como na década de 50, mas sabemos muito bem que o primeiro passo para concretizar este objetivo passa pela derrota política e militar do imperialismo ianque, obstinado em liquidar as conquistas operárias ainda existentes na RDPC. Convocar o proletariado mundial, em particular a poderosa classe operária sul-coreana a defender incondicionalmente a Coreia do Norte, o que não significa em hipótese alguma depositar a menor confiança política no regime stalinista, como nos ensinou o “velho” Trotsky, “lutamos lado a lado de Stalin contra os inimigos da revolução, para depois acertarmos nossas próprias contas”. Como genuínos revolucionários, jamais nos somamos à sórdida e criminosa campanha da Casa Branca que sataniza o regime político da Coreia do Norte para debilitar o Estado operário; ao contrário, defendemos incondicionalmente suas conquistas sociais revolucionárias.