Ataque ao embaixador dos EUA em Seul: “Castigo” espontâneo
da população à provocação militar do imperialismo ianque contra a Coreia do
Norte! Pelo direito de autodefesa do Estado operário!
Em meio aos provocativos exercícios militares dos EUA com a
Coreia do Sul como parte de uma clara ameaça ao Estado Operário norte-coreano
(RPDC), o embaixador ianque Mark Lippert foi atacado em Seul pelo ativista Kim
Ki-Jong, contrário a ação bélica conjunta. Ele declarou quando era preso que os
exercícios militares entre os dois países desenvolvidos anualmente impedem a
reaproximação com a Coreia do Norte. Os “treinamentos” duram oito semanas
envolvendo ações aéreas, navais e em terra, com cerca de 200 mil soldados sul-coreanos
e 3.700 norte-americanos, sempre ensaiando uma invasão. Frente ao ocorrido o
governo norte-coreano corretamente declarou que o ataque com uma faca ao
diplomata ianque foi um castigo espontâneo pela atitude hostil dos EUA a RPDC:
“Castigo justo para os belicistas dos Estados Unidos”, disse a agência oficial
da Coreia do Norte, KCNA, no título de um breve texto, no qual o ataque contra
Lippert é chamado de “expressão de resistência”. Como reação a movimentação
ianque na península propriamente dita, a Coreia do Norte disparou dois mísseis
de curto alcance no Mar do Leste. Para completar o quadro de tensão, o chefe de
Estado-Maior e General das forças armadas russas, Valery Gerasimov, acaba de
anunciar que Moscou vai realizar este ano manobras militares conjuntas com a
Coreia do Norte, com exercícios navais Rússia-China no Mar Mediterrâneo e
também no Oceano Pacífico. O dirigente máximo, Kim Jong-un, visita a Rússia em
maio para acertar uma série de acordos, o que revela o objetivo de ambos países
de se oporem a investida neocolonialista dos EUA na região. A LBI reivindica a
defesa incondicional da RPDC contra as provocações imperialistas e se posta
pelo direito de autodefesa do Estado operário. Também nos colocamos contra a
prisão do ativista Kim Ki-Jong, como dizia Trotsky “toda nossa simpatia estão
com os sacrificados vingadores” apesar de nossa discordância com o método
utilizado por ele. Consideramos que o verdadeiro responsável pelas tensões na
região é o imperialismo ianque, gerando o justo ódio popular contra seus atos
provocativos e ele deve pagar por isso. Como genuínos revolucionários jamais
nos somamos à sórdida e criminosa campanha da Casa Branca que sataniza o regime
político da Coreia do Norte para debilitar o Estado operário. Ao contrário,
defendemos incondicionalmente suas conquistas sociais revolucionárias e
reivindicamos o legítimo direito de defesa da Coreia do Norte, inclusive
utilizando seu arsenal bélico nuclear, para responder às provocações
imperialistas. Para tanto, é preciso o proletariado norte-coreano se opor ao
processo de restauração capitalista, seja pelas mãos da China ou dos EUA, pela
via de uma revolução política para colocar à frente do Estado operário um
autêntico partido comunista como alternativa proletária à empedernida
burocracia stalinista!
Nos últimos quinze anos a tensão entre as duas Coreias tem
se elevado bastante, principalmente após o governo Bush incluir o Estado
operário norte-coreano como um país “terrorista e membro do eixo do mal”. A
imprensa pró-imperialista faz todo um alarde acerca dos testes nucleares
promovidos pela Coreia do Norte, afirmando serem uma “ameaça à humanidade”.
Oculta, criminosamente, que só na Coreia do Sul, um enclave criado e
militarizado pelos EUA, há um contingente militar acima de 40 mil soldados,
mais de mil ogivas nucleares apontadas para o Norte. Como explicar que a Coreia
do Norte não pode lançar um satélite ou inclusive testar um míssil de longo
alcance, se quem a condena, os EUA, têm 439 satélites em órbita, sendo 98 deles
para uso especificamente militar? O desenvolvimento dos programas de energia
nuclear e comunicação na Coreia do Norte é uma necessidade de obtenção de uma
alternativa de fonte energética e de monitoramento climático-militar diante do
brutal bloqueio a que o país está submetido, tecnologia fundamental para
possibilitar que Estado possa desenvolver projetos nesse setor com condições de
enfrentar os períodos de adversidade climática, marcado também por secas e
inundações. Nesse sentido, esta estrutura de energia atômica legitimamente
desenvolvida também pode e deve ser utilizada pelo Estado operário
norte-coreano para se defender das ameaças do imperialismo norte-americano
através de seu enclave, a Coreia do Sul e o Japão, onde os EUA mantém bases militares
desde o final da Segunda Guerra Mundial.
A República Democrática e Popular da Coreia (norte) foi
fundada em 1948 após a derrota militar do Japão (país que ocupava o território
coreano desde 1910) na Segunda Guerra Mundial. Seguindo a política do Stalinismo
de dividir o mundo em zonas de influência, a península coreana foi dividida
entre o “norte socialista” e o Sul capitalista. Em 1950, guerrilheiros
norte-coreanos iniciam uma ofensiva militar para reunificar o país, uma guerra
é deflagrada e mais uma vez a URSS intervém para conter a iniciativa popular
coreana, costurando um acordo internacional com os EUA de reconhecimento
“definitivo” das duas Coreias em 1953. Com o crescimento da influência política
e militar da China no final dos anos 60, a Coreia Popular passa a intensificar
suas relações econômicas com a república mandarim, o que persistia até os dias
de hoje, mas sob uma intensa pressão da burocracia chinesa para que os coreanos
sigam o mesmo caminho restauracionista dos ex-Maoistas convertidos agora a
“gerentes capitalistas”. É exatamente esta a questão central que explica o
aumento da “temperatura” na região, abrindo a possibilidade concreta de uma
guerra nuclear, entre um Estado operário ultradeformado e uma nação
imperialista e seu gendarme sulista.
As ameaças do jovem e inexperiente Kim Jong (neto do
fundador da República popular Kim Il Sung) sobre um ataque à costa americana do
Pacífico carecem de fundamento bélico, os mísseis balísticos norte-coreanos não
possuem esta capacidade tecnológica, mas podem atingir facilmente o enclave do
Sul e muito provavelmente o Japão, outro protetorado militar ianque. Um
conflito destas proporções obrigaria os EUA a deslocar um enorme contingente de
forças para a região, levando a China para uma posição de completo
“desconforto” em seu próprio “quintal”. Com um leque de opções nada atraente
para a burocracia restauracionista chinesa, em caso de uma guerra, Pyongyang
continua a receber a “contragosto” ajuda econômica de Pequim “alimentando”
assim as relações socializadas de produção (planificação central em oposição ao
“livre” mercado do Sul) da Coreia Popular que ainda se mantém como um Estado
operário, produto histórico da revolução popular que derrotou a ocupação do
imperialismo japonês em seu território.
Como marxistas revolucionários, não podemos assumir diante
da iminência de uma guerra de proporções nucleares a “posição de avestruz” da
maioria das correntes revisionistas, por isto declaramos em “alto e bom som”
nosso apoio incondicional a Coreia Popular, apesar da infame burocracia
dinástica que a governa. Devemos mobilizar amplos setores do proletariado e da
juventude para repudiar as provocações militares do império ianque contra a
Coreia e apontar o governo Obama como o único responsável em caso de guerra.
Não devemos nutrir a menor confiança política na capacidade de resistência da
burocracia stalinista coreana, pronta para capitular a qualquer momento em
troca de sua própria sobrevivência enquanto uma casta social privilegiada. A
tarefa que se impõe no momento é o chamado ao conjunto do proletariado asiático
que se unifique na bandeira da derrota do imperialismo ianque e seus
protetorados militares da região, em particular convocando a classe operária do
Sul para cerrar fileiras na luta pela reunificação socialista do país. Para os
marxistas leninistas a tarefa da unificação socialista da Coreia se mantém tão
vigente como na década de 50, mas sabemos muito bem que o primeiro passo para
concretizar este objetivo passa pela derrota política e militar do imperialismo
ianque, obstinado em liquidar as conquistas operárias ainda existentes na RDPC.
Convocar o proletariado mundial, em particular a poderosa classe operária
sul-coreana a defender incondicionalmente a Coreia do Norte, o que não
significa em hipótese alguma depositar a menor confiança política no regime
stalinista, como nos ensinou o “velho” Trotsky, “lutamos lado a lado de Stalin
contra os inimigos da revolução, para depois acertarmos nossas próprias
contas”. Como genuínos revolucionários, jamais nos somamos à sórdida e
criminosa campanha da Casa Branca que sataniza o regime político da Coreia do
Norte para debilitar o Estado operário; ao contrário, defendemos
incondicionalmente suas conquistas sociais revolucionárias.