terça-feira, 24 de março de 2015


DIREITA ORGANIZADA (MBL/VR) MARCA NOVOS ATOS PARA O 12A, APESAR DA GRANDE AJUDA DO GOVERNO COM SEU "AJUSTE" A ESQUERDA CLASSISTA DEVE LUTAR PARA IMPEDIR ESTAS MANIFESTAÇÕES REACIONÁRIAS

A TV do Tucanato, o canal Cultura de São Paulo em rede nacional, serviu na noite de segunda-feira (23/03) como porta voz dos movimentos da direita organizada,"Vem pra Rua" e "Movimento Brasil Livre". Foi no programa "Roda Viva" onde o protagonista da noite era o dirigente do reacionário "Vem pra Rua", o mauricinho Rogerio Chequer. Com uma bancada de entrevistadores muito "seleta" organizada para um verdadeiro "show", tendo a presença do diretor geral do DATAFOLHA e jornalistas do "Estadão", Chequer aproveitou o "palco" eletrônico para anunciar que o seu VR tinha acabado de aderir a convocatória do fascistizante MBL para novas manifestações contra o governo Dilma marcadas para o próximo dia 12 de abril. O eixo político apresentado pelo VR e MBL para o 12A continua a descartar a alternativa do impeachment, embora o MBL preferisse adotar o "Fora Dilma". Com o novo slogan "Eles não entenderam nada!" o VR segue fielmente a política do PSDB, de "sangrar" o governo até que se complete todo o ciclo do ajuste neoliberal contra a classe trabalhadora e a população mais oprimida. Diante das câmaras Chequer prometeu dobrar o contingente dos atos do último dia 15, apoiando-se na inação do governo da Frente Popular em impulsionar uma resposta minimamente progressista diante do crescimento das forças da direita. Porém Dilma parece até estimular a reação fascista, anunciando sua inabalável convicção em prosseguir com a "receita" de austeridade ditada pelo capital financeiro internacional. Ao que tudo indica a quarta gerência estatal petista sofreu uma "intervenção" branca dos rentistas, que nomearam Levy como representante dos interesses de Washington em Brasília. Para Dilma não importa se tornar refém da máfia parlamentar do PMDB e afins para manter um mínimo de estabilidade no curso da atual crise, o que lhe interessa mesmo é demonstrar capacidade de implementar as "contra-reformas", como debilitar a Petrobras e abolir as reservas nacionais de mercado em favor dos trustes imperialistas. Ao lado do VR e do MBL marcharão bandos neonazistas sedentos por uma saída política mais "enérgica" contra Dilma, como uma intervenção militar gorila no formato de 64, Cherquer tem plena noção da presença cada vez maior destas hordas em seus "protestos" mas é evidente que a utiliza como uma ameaça à esquerda em geral: "permaneçam fora de nossa trincheira". Parece até surreal de tanto oportunismo concentrado, mas existem correntes revisionistas que "flertam" com as mobilizações da classe média abastada, dirigidas pela direita tucana enrustida. Um destes grupos cretinos da esquerda revisionista chegou ao delírio de propor que o PSTU se colocasse na cabeça das próximas manifestações do "Vem pra Rua". O Morenismo "oficial" não chegou a tanta estupidez embora tenha ficado "tentado" a participar dos atos multitudinais da reação, para quem sabe amealhar alguns votos nas próximas eleições municipais. Os Marxistas Revolucionários devem seguir dizendo a verdade para as massas, por mais que a conjuntura se apresente adversa. Os atos do 15M ganharam grande dimensão social no país, o que em nada mudou seu caráter conservador justamente pelo seu escopo programático. Tampouco Dilma se assemelha com Jango e as manifestações atuais convergem com a plataforma do "ajuste" neoliberal, defendido tanto pelo PT como pela oposição Demo-Tucana. Porém no bojo deste processo de "revolta" da média elite brasileira existe um nódulo fascista que deve ser defenestrado pela esquerda classista e movimentos sociais combativos. Não podemos esperar que o arco da esquerda "chapa branca" seja capaz de lutar dignamente contra o ascenso da extrema direita. É tarefa das forças da esquerda mais consequente e de seus aliados genuinamente democráticos impedir que as manifestações reacionárias galvanizem setores da população mais castigados pela política neomonetarista do governo. Se impõe a construção de uma mobilização operária e popular, que pela via da ação direta das massas esmague o germe do fascismo e derrote seus cúmplices oficiais.

Para aqueles que pensam que as orientações gerais do VR estão muito distantes do governo, basta ver as principais "críticas" de Chequer, onde o yuppie acusa Dilma de ter se afastado do "tripé econômico" proposto pela própria equipe de ministros palacianos do PT. Manter a inflação no "centro da meta", assegurar a "flutuação do câmbio" e garantir a política de "responsabilidade fiscal" são bandeiras abraçadas pelo VR que Chequer parece ter copiado da política pétrea de Levy e seus acólitos do BC. Os trabalhadores do serviço público federal sabem muito bem na prática o que significa a política neoliberal de "austeridade", estão há mais de dez anos sem um único centavo de reajuste salarial. A direita tucana tem pleno acordo com o PT sobre temas centrais da gestão estatal, inclusive sobre a chamada política de "inclusão social" iniciada pela "primeira dama" Ruth Cardoso, o que não há consenso é sobre o controle dos "generosos" empréstimos do BNDES. Com a "caneta" no bolso do maior banco de fomento econômico da América Latina, o governo do PT criou uma sólida rede de apoio no interior da burguesia, isto a tucanalha não consegue "engolir". Porém a "classe média alta" ficou de fora da "festa" do BNDES e demais bancos estatais, que priorizaram crédito para as oligarquias regionais, empreiteiros e pequenos "empreendedores" comerciais sem muita tradição nas rodas dos "socialites".

É bastante provável que os furiosos protestos da classe média se ampliem nacionalmente diante da rápida deterioração do quadro econômico. A escória social ganhou muita confiança política após conseguir catalizar a simpatia de uma ampla camada da população que obviamente não pode seguir legitimando um governo traidor e cínico diante da aflição do desemprego e arrocho salarial. Obras paradas, projetos abandonados a céu aberto, demissão em massa e tarifaço generalizado este é o legado de apenas três meses do novo governo, um verdadeiro golpe político descarregado nas costas do proletariado.

Com este "caldo de cultura" não nos estranha que os vermes fascistas se desloquem para as saias da direita tucana (incluindo seus apêndices "suprapartidários" como o VR) para tentar tirar proveito político da delicada situação nacional. Mas não podemos perder a referência de classe e apontar no equivocado rumo do apoio "crítico" ao governo da Frente Popular, chegando mesmo a divulgar a realização de um "Primeiro de Maio com Dilma contra o golpe", como acaba de fazer o PCO. Se impõe reafirmar nossa total independência de classe frente ao governo burguês e o bando capitalista que o sustenta, ao mesmo tempo em que combatemos vigorosamente a latente marcha do fascismo com ações práticas e concretas do movimento de massas.