“Operação Lava Jato” e Marcha do 15 de Março: Duas faces da
ofensiva para privatizar a Petrobras e criminalizar o PT
Na sequência da marcha de 15 de Março e da nova prisão de
Roberto Duque (ferindo decisão anterior do STF) assim como no curso da ofensiva
político-midiática para incriminar o tesoureiro do PT, João Vaccari, acusado de
receber propinas das empreiteiras pela via das doações legais ao partido, a
Operação “Lava Jato” completa hoje um ano de vida, fato que ganhou grande
repercussão na mídia. Não por acaso, em sintonia com estas “comemorações”, os
protestos deste domingo saudaram entusiasticamente a atuação do juiz Sérgio
Moro e do Ministério Público Federal. Mas há o que “comemorar” com os
resultados desta ação judicial sustentada amplamente pela mídia como paladina
do combate a corrupção? Definitivamente não! Na verdade a operação comandada
pela chamada “República do Paraná” visa criar as condições para a
privatização da Petrobras, a entrega das obras públicas nacionais para
empreiteiras estrangeiras, com a passagem do setor de construção naval e de
estradas para os trustes imperialistas! No curso desta tarefa venal, Moro e seu
séquito criminalizam o PT e desgastam o governo Dilma a fim de que a quadrilha
do tucanato possa voltar ao Planalto em 2018 ou mesmo antes em caso de renúncia
ou impeachment da presidenta. Esses são os verdadeiros objetivos da “Lava Jato”.
É notório que a prisão dos empreiteiros e a denúncia de políticos do PT, PMDB e
PP não está a serviço de nenhuma “moralização dos gastos públicos” na medida
que as comissões (propinas) são parte do funcionamento do Estado capitalista
desde sempre e essa dinâmica não mudará depois da Lava Jato! O que está em
curso neste momento é uma operação de sangria do PT para justamente impedir a
eleição de Lula em 2018 e transferir nos próximos anos o controle de ramos da
economia nacional que eram controladas por empresas nativas com o apoio do
limitado projeto de desenvolvimento empalmado pelo PT para grandes trustes
imperialistas. O corolário deste processo será uma ofensiva geral contra o
movimento operário e o conjunto da esquerda, como demonstram as manifestações
do dia 15, onde Moro é apresentado como herói por fascistas e seus pares
“verde-amarelos”! Desde a LBI, que denunciamos a farsa do “Mensalão” enquanto
os revisionistas do PSTU, CST e LER saudavam a prisão do dirigentes históricos
do PT como Dirceu e Genoíno, declaramos novamente que o “Petrolão” não passa de
uma manobra para emplacar os interesses do imperialismo em nosso país. Não
temos dúvidas que Vaccari, Dirceu e Lula fizeram várias negociatas em torno das
obras da Petrobras e de todas as estatais, mas sabemos que o PT foi o partido
que recebeu as menores comissões desde o advento da “Nova República”, não se
comparando a bagatela que FHC, Aécio, Serra, Alckmin, Richa e os plumados
tucanos receberam com as privatizações das estatais (Telebras, Vale...) e nas
transações do Metro e do Banestado. Portanto não se trata lutar por “ética na
política” como defendem os revisionistas por trás da genérica reivindicação
de “cadeia para os corruptos”, uma bandeira tão simpática aos acólitos do 15M,
mas de opor-se a política de recolonização nacional desferida pela "Operação
Lava Jato", combate que o movimento de massas deve encabeçar para depois acertar
suas contas com o PT pela via da superação da política de colaboração de
classe da Frente Popular e não pelas mãos de “falsos” mocinhos a serviços do
grande capital!
O mais tragicômico é que enquanto Moro segue em sua cruzada
contra o PT e a Petrobras, os escândalo envolvendo as contas bilionárias do
HSBC na Suíça não é investigado porque além dos barões da mídia estarem
envolvidos, operadores dos tucanos que levaram a frente as privatizações a
partir da década de 90 tem seus nomes envolvidos. Qual a relação destas contas com o processo
de privatização na era FHC? Sabe-se que envolvidos no Trensalão abriram contas
secretas no HSBC. Se o Juiz Sérgio Moro e a “Operação Lava Jato” sinceramente
pretendesse apurar a remessa de dólares para o exterior (fruto das “comissões”
generalizadas) começaria pelo escândalo do Banestado, que evadiu do país nada
menos do que a soma de $20 bilhões de Dólares. Mas é claro que onde as digitais
da tucanalha estejam presentes, neste caso de caciques como Álvaro Dias e Beto
Richa, não haverá nenhuma investigação. Nem pensar é óbvio procurar saber onde
FHC, Serra e sua gang enfiaram as “comissões” da privataria, as maiores
recebidas desde a chegada de Cabral a costa brasileira. Para Moro a corrupção
estatal foi uma “invenção genuína” do PT e o que é pior aplicada atualmente no
âmbito exclusivo da Petrobras.
Não por acaso o alvo de Moro é o PT. A esposa do chefe da
Operação Lava Jato é assessora do PSDB. Rosângela Wolff de Quadros Moro é
assessora jurídica de Flávio José Arns, vice-governador do Paraná, eleito na
chapa encabeça por Beto Richa (PSDB). Ela faz parte do escritório de Advocacia
Zucolotto Associados em Maringá que defende várias empresas privadas do ramo do
Petróleo, como: INGRAX com sede no Rio de Janeiro, Helix da Shell Oil Company,
subsidiária nos Estados Unidos da Royal Dutch Shell, uma multinacional
petrolífera de origem anglo-holandesa, que está entre as maiores empresas
petrolíferas do mundo ávidas. Todas essas empresas desejam que a Petrobras seja
esquartejada e privatizada, objetivo final da “Lava Jato”. Não bastasse isso, o
primo do juiz, Cesar Moro Tozetto, financiou a campanha eleitoral de Richa com
doações milionárias. Cesar Moro é proprietário da maior rede de Supermercados
do Paraná, à Tozetto Supermercados e também é Presidente da Associação
Paranaense de Supermercados. Como se observa, trata-se de uma ampla rede tucana
que atua tanto para atacar as conquistas dos trabalhadores, como para abrir
caminho para uma ofensiva da direita a nível nacional via a “Lava Jato”, tendo
como base a destruição da Petrobras e a criminalização dos movimentos sociais.
Neste longo elo de ligação está também o atual Secretário de Segurança do
Paraná, o deputado federal tucano Fernando Francischini, que é delegado da PF e
faz a ponte direta entre Moro e Richa. Francischini é conhecido no Paraná, como
o “Rei dos Vazamentos”, fornecendo para a Veja, Folha e Globo, as informações
sobre as “delações premiadas” (em tese em segredo de justiça) que tem como alvo
o PT. A mando de Richa e em conluio com Moro, o tucano com fortes vínculos com
a PF no estado é o principal responsável pelo “vazoduto” que tem
instrumentalizado as manchetes de jornais, capas de revistas e longas
reportagens nas TVs, que visam desgastar o governo Dilma, a Petrobras e o PT e
encobrir os escândalos envolvendo os dirigentes do PSDB, como o do Banestado.
Como se observa, a ofensiva de Richa contra os professores e demais servidores
públicos é parte de uma cruzada mais ampla pela entrega da economia nacional
aos trustes estrangeiros, em que Moro atua sob a fachada de
"moralizador" mas no fundo é representante dos interesses
imperialistas em nosso país, sendo parceiro do governador tucano nesta
empreitada sinistra!
Devemos ter claro que para a “República de Curitiba” obter o
resultado a que se propõe, “desmembrar” a Petrobras a serviço da ExxonMobil, é
necessário desmoralizar o núcleo político que tenuemente pensou em alargar as
fronteiras da estatal, embora ainda muito distante de um projeto radicalmente
nacionalista. Por isso a perseguição a João Vacarri, tesoureiro do PT e a
eterna acusação contra José Dirceu, tudo para chegar a Lula! Combater o embuste
da “Operação Lava Jato” representa neste momento unificar na mesma pauta
programática a luta contra a ofensiva neoliberal que pretende subtrair nossos
direitos sociais e políticos pelas mão do ajuste de Levy e Dilma. Sem abrir mão
do nosso programa estratégico da revolução socialista, os marxistas sabem
diferenciar o embuste da reação imperialista e o campo político da Frente
Popular. Sabemos bem que este governo é covarde e cúmplice diante da ofensiva
direitista, entregando o comando da economia do país a um representante direto
do capital financeiro internacional. Por isso mesmo é incapaz de esboçar sequer
uma defesa mínima da Petrobras no curso deste ataque predatório da “Lava Jato”.
Porém nossa trincheira é inflexível e nunca estabeleceremos nenhum “bloco
político” com o imperialismo em nome do combate a corrupção estatal, setor que
se expressou majoritariamente na marcha deste 15 de Março ao mesmo tempo que
lutamos por enfrentar o ajuste neoliberal de Dilma e Levy por meio da ação
direta dos trabalhadores e não subordinados ao fantasma do "golpe
iminente" como faz a esquerda "chapa branca" e seus satélites.